LIVROS

Olhei para minha pequena estante e percebi que está começando a ficar pequena novamente porque os livros adquiridos e mais os vários livros ganhos - ganhei vários livros em inglês, aos poucos vou devorar -já estão sem lugar adequado para eles, e uma coisa que eu prezo, faço questão é de deixar os livros sempre dispostos de uma maneira que eu possa manusea-los, toca-los, acaricia-los e folha-los, esporadicamente, lá de quando em vez e ler, de forma aleatória algo que tenha para me dizer, mesmo aqueles que ainda não li, mas gosto de curtir com olhar ou com o toque e sorve-lo, degusta-lo como se fosse um vinho daqueles que não se bebe, se degusta, se sorve lentamente identificando as nuances que eles têm para me oferecer. Dá pra perceber o quanto eu curto, o quanto eu sou apaixonado pelos livros, agora até que nem tanto, por isso não condeno e nem critico as pessoas mais jovens que não gostam de ler, porque não foram acostumadas a essa prática maravilhosa de viajar num universo infinito onde tu podes imaginar o que tu quiseres, mesmo sabendo que é uma imagem, é uma descrição, uma narrativa de outra pessoa, no caso o autor do livro, mas aí que está a graça, tu entrares na estória contada e montares teus personagens conforme a descrição, criar teu cenário conforme o teu entendimento do que estás lendo. Eu mergulhava, e ainda mergulho, num mar imenso de imaginação ao ler um livro. Quando digo livro é livro mesmo, físico, de tocar, sentir as folhas, tocar no cantinho da folha com avidez para mudar, para poder continuar a leitura que está do outro lado, me esperando para ampliar minha imaginação, inserido na narrativa ou que tipo fosse ou seja. Os livros sempre me acompanharam desde os dez anos quando lí o primeiro livro que minha tia que era professora e já tinha percebido o quanto iria gostar de ler, e me trouxe o pequeno livro OS TRÊS PORQUINHOS, e eu lembro de começar a ler aquele livro com tanta felicidade que logo terminei e fiquei imaginando o por quê cada um deles tinha construído casas diferentes se todos poderiam ter feito o mesmo tipo de casa. Depois outros livros vieram e assim começou minha maratona de leitura que vivo até hoje. Aos quinze anos comecei a trabalhar e então uma boa parte do meu salário era investida, sim, investida, porque pra mim era uma preciosidade comprar, adquirir para saborear aqueles incríveis livros. Alguém, que não lembro quem, infelizmente, porque gostaria muito de lembrar e agradecer novamente por ter me apresentado um mundo maravilhoso dos livros e me indicou para me associar no CIRCULO DO LIVRO, e quem se associava se comprometia a comprar trimestralmente no mínimo um livro, e eu, claro, comprava mensalmente três (3) livros. Eram livros com capa dura, letras de um tamanho ideal para não cansar os olhos, autores variados. Eu ficava enlouquecido lendo a revista que eles enviavam pelo correio. preenchia a ficha com os escolhidos e enviava imediatamente. Alguns dias depois chegava o pacote que abria como sendo o melhor presente. Inclusive, nos amigos secretos de escola e empresas sempre me davam livros, pois sabiam o quanto era louco por eles. e não sou de escolher autor e estórias, gosto de ler de tudo. Claro que com o tempo fui refinando meu paladar e avançando nas leituras mais complexas. O livro mais dificil de ler foi ULISSES de James Joyce, um clássico da literatura universal, mas eu li. Comprei ele do Circulo do Livro, eram 681 páginas, que eu lia aos poucos, entre tantos outros. Era livro muito grande de carregar então deixava em casa, e levava outros dois, sempre dois, porque dependia do momento e local para ler, no ônibus, banheiro, escadas, onde desse uma brecha, lá estava eu grudado num livro. Nas férias do trabalho então, comprava bem mais porque era praticamente um por dia, e assim ficava viajando, não para praia, para serra, para outro estado, para outro país, nem mesmo para festa alguma, pois os livros me sustentavam, me alimentavam da minha fome por palavras, minha fome por estórias de diversos autores e assim viajava naquelas magníficas estórias que eu lia e deixava a imaginação viajar, criar cenários, criar personagens, simplesmente criar. Minha família até me criticava, riam de mim, queriam que eu saísse um pouco de casa para aliviar a cabeça de tanta leitura; algumas vezes até cedia à insistência deles, mas meu pensamento estava fissurado naquele livro que estava lendo. Na folga do trabalho, intervalo e até mesmo qualquer oportunidade que tinha, eu pegava um livro para ler e ali me deleitava. Minha biblioteca foi ampliando, e quando casei, levei tudo comigo, mas eles eram os rivais, mas nunca os abandonei, até que de tantas mudanças, e eles me acompanhando, e sendo um incômodo, não pra mim, claro, foram queimados. Centenas de estórias queimadas, mas a grande maioria eu já tinha lido e relido, então ficaram apenas na minha memória, que aos poucos vai se esvaindo pela idade, mas a paixão por eles jamais vai morrer. Muitos dos livros queimados eu nem tinha lido, apenas folhado, todos, porque, por serem meus, deixava para depois enquanto dava preferência aos emprestados. Muitos e muitos livros que emprestei nunca mais os vi, mas se continuavam sendo lidos, tudo bem, isso que importa. Hoje o pessoal lê no tablet, no computador, no celular. Não acho graça alguma, só li um livro no celular que uma amiga me enviou de um filosofo atual dissertando sobre Nietzsche. Foram 193 páginas lidas de sofreguidão, com dificuldade porque não é nada agradável. Se fosse em formato de livro mesmo, daí sim, eu o aproveitaria melhor. Ah, tinha e tenho o costume, de quando o livro é meu, sublinhar o que achei importante e interessante, e até comentava algo no rodapé, ou ao lado, e lá na contracapa colocava o numero das páginas que tinha algo para reler, e assim , anos depois eu me reportava para aquelas páginas. O que eu mais gostava e gosto é de perceber que aquilo, muitas das observações de anos atrás, eu relia e me perguntava o por quê de eu ter salientado, daí me vinha à memória e entendia. Essa diferença de momentos chama-se maturidade, amadurecimento. Deus me deu o privilégio de uma memória especial, de lembrar de pessoas, de situações, de tudo que foi importante pra mim, ficarem registradas, basta eu vasculhar que lá vem ela. Não consigo parar de escrever, mas vou parar por aqui mesmo tendo tanta coisa para dizer sobre livros. Em outra ocasião eu falo novamente, se quiserem. A leitura amplia os horizontes porque te faz pensar, te faz imaginar e isso não tem preço, é algo...