MÚSICA

Tomando um chopp bem gelado com uma amiga, num ambiente com música ao vivo, ao som de um violão, até bem tocado porém com o amplificador muito alto que escondia uma voz não muito clara, tanto pelo alto som do violão, quanto pela correta dicção do cantor, que percebia-se estar fazendo sua apresentação com total dedicação e cantando músicas muito legais, conhecidas, arriscando-se na diversificação - daí um ponto positivo pois mostrava como ele tinha algum recurso vocal, o que falta é um retoque nas pronúncias, principalmente das palavras em inglês, que deixavam muito a desejar pela falta de finalização quanto a pronúncia - e começamos a falar exatamente do que percebemos da apresentação e foram esses alguns dos comentários que observamos, mas estava, de modo geral, agradável, mas como todo lugar que tem música ao vivo, a dificuldade para conversar é grande, temos que forçar o tom de voz, temos que cantar tão alto quanto o cantor para superar o alto som da música e sermos escutados, o que nem sempre acontece, e ficamos apenas no sorriso, no balancear de cabeças confirmando o que nem se sabe, olhando nos olhos dizendo não escutei nada, mas o fluir da música e a descontração momentânea proporcionada pelo ambiente, pelo chopp e pela total falta de necessidade de se escutar e muito menos entender qualquer coisa que seja séria - assim acontece em todos os lugares, com todas as pessoas e quem disser que não acontece consigo está mentindo - e ela então sugeriu que eu poderia escrever sobre música visto que ainda não havia escrito. Aceitei a sugestão, assim como faço com todas as sugestões, logo escrevo e mostro o que penso, o meu ponto de vista, porque a música está sempre presente em todos os momentos de nossas vidas, de todas as pessoas, seja ela qual for, a música faz parte de todos os momentos nos remetendo a lembranças nostálgicas, saudosas e quase sempre, e me arrisco a dizer sempre boas recordações, boas histórias e estórias. A música se faz presente em todos os acontecimentos de nossas vidas, desde que começamos a nos dar conta de que um som vindo de algum instrumento de corda ou percussão nos faz bem aos ouvidos conforme a maneira como são tocados, por isso se diz tocar instrumento, porque ao tocá-los podemos tirar sons diferentes, que são as tais notas musicais - Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. O mais intrigante, pra mim é, como apenas algumas cordas de um violão, violino, violoncelo conseguem emitir sons completamente diferentes com melodias ímpares. Alguém pode estar tocando um violão e te pedir para tocar a mesma música, os mesmos acordes e vai sair diferente. A emissão é diferente porque cada pessoa toca, movimenta seus dedos de maneira diferente, em intensidade, em rapidez, e a sensibilidade faz a diferença. Não sei se estou dizendo alguma asneira, mas é como eu sinto a música, é como eu sinto a melodia, é como eu sinto o instrumento sendo tocado, sendo alisado, sendo enaltecido - quem toca é porque gosta, quem gosta enaltece -, sendo alisado e trocando sentimentos um com o outro - o instrumento e o instrumentista, o musicista, o tocador -. A música nos faz expandir nossos sentimentos, aflorando pensamentos diversos e inesperados por nos remeter a uma lembrança remota, quase esquecida, adormecida e lacrada por vários motivos que a vida faz com que seja assim, mas do nada um toque, uma nota que escutamos em um rádio de um vizinho, vindo distante, não importando de onde, mas aquela nota imediatamente nos faz tilintar um sininho que nos conduz como se estivéssemos flutuando nas nuvens e numa total apostasia que nada consegue interferir, estragar aquele êxtase a qual estamos acometidos. O instrumento que mais me eleva a patamares de total êxtase viajando nos pensamentos é o piano. Sou apaixonado por piano, por música que tenha piano. Aquele som é de uma delicadeza impressionante e extremamente contagiante, me invadindo a alma, o espirito, o meu ser. Admiro quem sabe tocar algum instrumento, porque eu não sei nenhum. Tentei tocar violão, mas por ser canhoto a dificuldade foi imensa ao ponto de desistir mesmo com toda a paciência e insistência de uma pessoa talentosa para tocar e ensinar que é minha amada nora, mas desisti porque até no pegar o instrumento era estranho e desengonçado. Desisti não por falta de vontade e motivação, pois iria usá-lo nas palestras para melhorar meu desempenho, mas realmente não deu, e olha que não sou de desistir de algo que quero realmente. Mas uma coisa que devemos saber é o que cabe e não cabe a nós fazermos e tocar instrumento não cabe a mim, bem como cantar, não tenho voz, não tenho sonoridade alguma, embora a voz tenha sido o meu maior instrumento de trabalho para dar aulas e palestras, e foram muitas; às vezes até me arriscava a cantarolar alguma música, mas logo parava porque os auditórios poderiam ficar vazios. Sempre usei a música para acalmar as crianças que passaram na minha vida, e foram várias, da família e fora da familia, e sempre conseguia, logo elas se acalmavam e dormiam. Brinco com essa situação dizendo que elas, as crianças, preferiam dormir do que me escutar cantando, mas sei que na verdade era o meu carinho, o meu amor que sempre senti por essas crianças e a maneira como as acalentava nos meus braços que as acalmava. A música nos mostra a direção. Uma cena de um filme não é nada se não houver a música. Conforme a trilha sonora já sabemos que tipo de filme, quais cenas vamos assistir porque as notas emitidas nos remetem a algo que inexplicavelmente já estamos condicionados. Eu escuto rádio, na Continental o dia todo quase todos os dias, as músicas se repetem muito, mas como são músicas que gosto de ouvir então não me incomodo e assim fico o dia todo cantando, dançando, relembrando conforme a música e imaginando algum acontecimento que aquela música me remete e isso dá uma sensação tão agradável, de conforto, de saudade, de uma vida que foi vivida e passou mas que vale a pena ser lembrada. A música nos faz rir, chorar, nos faz dançar, cantar e nos alivia a alma, e o coração se enche de regozijo e graça. Cante sempre, mesmo que sua voz não seja muito agradável e o dom do canto não esteja contigo, mas cante alto, bem alto sempre que quiseres e puderes, não importa onde e com quem estejas, use a música para aquilo que ela foi criada: aliviar as tensões e deixar nossas vidas mais leves e mais felizes.

JOSÉ FERNANDO MENDES
Enviado por JOSÉ FERNANDO MENDES em 23/08/2023
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