Larissa
Sei que para vocês tudo é apenas fofoca de celebridades, mas a discussão do momento não é sobre esse caso específico, mas sobre a sacralização da figura dos pais e, mais especificamente, da mãe.
Há muito "defensor da família" que deveria ser o primeiro a bradar contra situações de abuso, violência física e psicológica em famílias, pois claramente desvirtuam o propósito "divino" previsto para elas.
E, no entanto, esses defensores da família admitem o abuso e a violência em nome das formalidades, porque "é preciso honrar pai e mãe", e com esse mandamento tudo se torna permitido aos pais.
Há quem diga que isso deveria ser tratado na esfera privada, como há os que acham que ninguém deve se meter em briga de marido e mulher, e com isso grandes crimes permanecem sempre ocultos.
O que virou público é pouca coisa diante de tudo o que deve ter acontecido, e só não estourou há muitos anos, com maior violência, porque a filha ainda insiste em honrar pais que não merecem.
Usa-se o argumento da "gratidão", que, como o mandamento, é uma autorização para que os pais façam o que quiserem para sempre, condenando os filhos de pais ruins a um prolongado martírio.
É bom, é excelente que as famílias se prolonguem em harmonia. Como os casamentos, porém, às vezes a dissolução é a única saída possível. A família não é "sagrada" por si só - apenas o amor é.
E, se não se encontra o amor nem dentro da própria família, que se vá procurar em outra parte, que se quebre a cara muitas vezes, se preciso for - mas que não se aceite viver uma vida longe dele.