Conto de fadas macabro
O conto de fadas moderno Hollywoodiano "Uma linda mulher", filme água com açúcar Sessão da Tarde, que, confesso, já vi trocentas vezes, na sua ideia original era bem pesado. Vivian, a prostituta, era usada, sofria abusos e seu final seria obscuro, infeliz. O nome do filme seria 3000 ("Originalmente destinado a ser um conto de advertência sobre a obscura classe de prostituição em Los Angeles, com o nome de "$ 3.000" -uma referência aos US$ 3.000 que Vivian cobra para passar a semana com Edward - Fonte Wikipédia"). Julia Roberts aceitou o papel para a versão original do filme, mas o estúdio fechou. A própria atriz se disse surpresa quando a Disney comprou a estória e a transformou num conto de fadas açucarado.
Fiquei pensando cá com meus botões desajustados, uma estória escura, mas próxima à realidade de muitas prostitutas, vira conto de fadas com uma repaginada. A prostituição ganha o ar leve e romântico, com final feliz, através da Disney. Não muito diferente da açucarada que a prostituição ganhou com o termo "Sugar Baby" (é metafórico, porém sugestivo à pedofilia) incentivando muitas garotas a se prostituirem, esperando a realidade conferida para apenas ínfima parcela das garotas de programa. A Globo chegou a abordar e açucarar a profissão "Sugar Baby" em uma das suas novelas recentes.
"Uma linda Mulher" - da Disney, com bela prostitua, com final feliz, que encontra um endinheirado bom e a torna digna, é uma estória bonita, romântica, só que, além de irreal à maioria das prostituas, é antípoda até a ideia original do próprio filme. Não é de se surpreender que as ex meninas da Disney, tipo a atriz que fez Hannah Montana, virem aberrações pops sexualizadas ao extremo. É tênue a linha que separa os mundos nesse mundo da Disney.
Daí a gente vê o número de meninas iludidas e atraídas por Jeffrey Epstein, consensualmente, por anos servindo de prostitutas, e acha algo absurdo como ficaram em silêncio. Eis que, no plano imaginário, fica sempre a ideia de glamour e conto de fadas para além do expediente.