1ª PESSOA DO PLURAL

Por muitas vezes nos vemos em situações diversas a conjugar verbos intransitivos. Dentre tantas, as mais variadas são aquelas os quais não se pede complemento, ou seja, quando entendemos que nossas ações não nos exigem compartilhar com o outro o que só compete a cada um.

Todavia, como já se sabe, por sermos um ser gregário, a necessidade de se estar com o semelhante, não necessariamente perde-se as características individuais.

Em família, somos uma grei, mesmo com pontos de vistas antagônicos que recorrentemente, por esse motivo, nos distanciamos, criamos arestas que nos repelem, quando fazemos por valer o brilho mais eloquente do verniz da personalidade mais firme.

Quando um ser se aproxima do outro, muita vez, isso se faz pelas inúmeras afinidades que as aproximam, e assim é, e fomos criados, até pelo instinto da preservação que herdamos sabe lá de onde; talvez Darwin possa explicar isso. Do contrário, as espécies tenderiam a se espalhar, e a se perderem, tornando-se presas fáceis para os seus predadores vorazes.

Porém essas individualidades contumazes, transportam consigo uma insistência em seus propósitos que dificilmente se deixam levar por quaisquer considerações contrárias as suas.

Obstinados, são capazes de arrancar a orelha dos seus opositores em um único golpe, tão somente para se fazer valer das suas crenças. Mais adiante, em outro episódio, um outro por pensar que está certo em seus propósitos, é capaz de conduzir uma falange de perseguidores àqueles que não comungam com os seus ideais.

Quando nos propomos a visualizar pelo retrovisor do tempo e traçar um comparativo com as lentes da contemporaneidade, notamos o quanto permanecemos um tanto quanto os mesmos.

QUANDO ESTOU ERRADO, DOU A MÃO PARA BATER, MAS QUANDO ME ACHO CERTO... ÀS VEZES ME PERCO, E PERCO TUDO, ATÉ AS DUAS.

MAS O QUE SE FAZ COM A RAZÃO... SÓ SE DÁ A QUEM NÃO TEM?

E O QUE DIZER AO CORAÇÃO... ISSO É A MÃO DO ALÉM?

ALÉM DO MAIS, ALÉM DO MAR... O QUE HÁ DE MAIS?

MAS, HÁ DE HAVER SEMPRE UM MAS...

E PRAS COISAS QUE DEUS CRIOU, RECRIAR BASTA SER CAPAZ.

(Petrus, recanto das letras, 06/09/2010)

Ser singular é para o mundo, algo extraordinário e também objeto de destaque. Quando se observa a peculiaridade de alguém, ali por certo há de se notar a perseverança que o consagrou e o fez ser reconhecido ao meio da multidão. As virtudes que desenvolvemos e que nos consagram, são as ferramentas que nos habilitarão para melhor desempenhar nossos papeis no terreno competitivo que fomos cultivados numa cultura ocidental que sofre por ser plural e não consegue enxergar o sujeito simples com poucos predicados.

Ao iniciarmos esse texto, buscamos na leitura do artigo da professora Margarita Mooney (ago/2018) – gazeta do povo 18/06/23. Bases para desenvolver argumentações a respeito do personalismo.

Ainda nas letras de Belchior, quando ele diz, “Eu sou pessoa, a palavra pessoa, hoje não soa bem, pouco me importa”, também serviram para fundamentar as ideias e ideais que transporto aqui dentro.

As estradas da vida estão infestadas pela poeira do cada um por si e que Deus seja por todos, se Ele o quiser. Assim, em um meio tão verboso que caminhamos, a expressão daqueles sem voz, passa ser um grito uníssono de um silêncio ensurdecedor.

Em qualquer instante, em qualquer lugar que estejamos, há de se perceber àqueles que conjugam suas relações através da primeira pessoa do singular, numa repetição do POSSO NÃO ESTAR FREQUENTEMENTE CERTO, PORÉM NUNCA ESTOU ERRADO, A ÚNICA VEZ QUE ERREI, FOI QUANDO PENSEI QUE HAVIA ME ENGANADO.

Ouvir a fala dos mudos é por bem algo engrandecedor, a despeito que ouvir a queixa daquele que não concorda com o que congrego é por outro lado inclusive a oportunidade de buscar entender o que antes não se pensara. E ainda assim se chegarmos a conclusão que aquela opinião é totalmente transgressora, sem dúvidas que isso fará com que nos consolidemos ainda mais com o que se crer.

Eu, tu e ele, ou ela, eu e tu, são pronomes que juntos podem causar nós, mas qual de nós é capaz de se ver com a razão, quando o nó da questão é querer ser feliz?

Ser a primeira pessoa do PLURAL, é ser essencialmente SINGULAR, onde o amor não pede complemento.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

18/06/23

Petrus
Enviado por Petrus em 18/06/2023
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