Em busca da Verdade

 

Quando a mente humana mantém seu foco no entorno da essência das coisas, torna-se difícil cometer erros, pois os erros são decorrentes de uma visão distorcida da realidade, que se perde na periferia ilusória do processo civilizatório materializante. O afastamento do ser humano de sua verdadeira natureza torna-o inconsciente e, portanto, carente dos referenciais primordiais que o Universo apresenta a quem se aproxima de sua essência.

 

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Olhar o mundo e o Universo com olhos céticos, com olhos que desconfiam de quanto da Verdade nossos sentidos, nossa razão lógica, as religiões, a ciência, a propaganda e a mídia podem nos revelar. Este desafio me acompanha desde jovem, quando já era inconformado com a cultura de superfície imposta pela economia, pela religião, pela política, pela ciência ortodoxa, todas voltadas a si mesmas e ao corporativismo separatista como via de aquisição de poder e riqueza, sem qualquer consideração autêntica ao ser humano.

 

A necessidade de encontrar a essência das coisas, onde reside sua verdade intrínseca, foi o que sempre me induziu a perquirir a natureza dos fenômenos humanos, sociais e universais, não quanto ao seu enredo, mas quanto à sua substância. Não me é possível sustentar o interesse no que não se mostra de forma transparente, em seus bastidores e em sua essência.

 

Mas o que é a Verdade? Verdade, como eu entendo, é qualquer partícula de informação compatível com os Atributos do Espírito: O Amor, a Sabedoria e a Vontade ou Força Criativa. A Verdade última da vida e do Universo está longe de ser desvendada pela limitada consciência humana que se cobriu com o véu da matéria, cuja função foi corrompida pela identificação absoluta do ser com a forma e com os sentidos.

 

Antes da “Queda” - o processo de materialização da consciência - ocorrer, o ser humano era consciente de sua Origem na Unidade e do significado de sua manifestação na matéria. Portanto, o caminho da evolução é o caminho da lembrança de uma Verdade da qual já tivemos consciência e que nunca deixou de estar presente no “DNA” de nossa alma.

 

Por isso, partículas da Verdade podem, aos poucos, ser atingidas, pelo compromisso absoluto, permanente e espontâneo de conquistá-La. Como num quebra-cabeça, as partículas da Verdade vão formando figuras, ainda muito parciais, que emergem na mente em convicções muitas vezes inefáveis, e que se mostram como certeza quando confrontadas com o êxtase produzido no coração que as acolhe... que as reconhece! 

 

Para mim, a Verdade é uma redescoberta que me apazigua a alma, que eu consigo usar como pista para continuar decifrando o grande enigma da existência: quem sou, de onde vim, para onde vou... Portanto, o conhecimento da Verdade é resultante do processo de autoconhecimento, melhor ainda, de auto reconhecimento, pois como seres feitos da essência do Criador, abrigamos em nosso interior a Sabedoria Universal.

 

Não é necessário que a Verdade seja reconhecida, chancelada, publicada ou aceita pela ciência, pelas religiões ou pela sociedade. O critério para se reconhecer qualquer aspecto da Verdade é a convicção autêntica, despojada de qualquer adesão a convenções ou princípios alardeados por pessoas ou instituições; isenta de qualquer interesse egoísta ou de qualquer paradigma formatado na convivência familiar, social ou mundana.

 

Aliás, o reconhecimento da Verdade é o insight que induz o cientista à pesquisa, a fim de comprová-la através dos métodos aceitos pelas instituições oficiais, ineficazes quando se trata da Verdade além dos sentidos e da razão.

 

Na construção deste imensurável quebra-cabeça, cada buscador, pinçando partículas diferentes da Verdade, vai formando suas próprias figuras, que embora pertençam à mesma Tela da Grande Obra do Arquiteto do Universo, raramente se encaixam com outras figuras formadas por outros buscadores, cujas partículas da Verdade são pinçadas em áreas distantes, na mesma Tela.

 

Mas quando confrontadas, estas figuras, embora pareçam nada ter em comum, exalam a aura da Verdade nelas reconhecida, um elo de ligação, de identificação, de afinidade entre os que se dispõe a revelar seus fragmentos de Verdade, seja na expressão de suas palavras, de suas ações ou de seus exemplos. E, a convergência dessas figuras, por afinidade, expande progressivamente a visão do Quadro Sagrado a que pertencem, acelerando sinergicamente a evolução da Humanidade.

 

Quanto à fonte da Verdade, é possível encontrá-la na expressão direta ou indireta dos Mestres, de seres multidimensionais e de pensadores intuitivos, bem como na observação da Natureza e do Universo. Mas, a intuição própria, a ligação direta ou intermediada com o interior mais profundo que em qualquer ser humano reflete a Mente Cósmica, enseja a maior confiabilidade.

 

Não é privilégio ter acesso à Fonte, pois todos os seres humanos têm este potencial. Para realizá-lo, basta girar o foco da atenção, de fora para dentro. Fora, à parte as maravilhas da Natureza, está a criação do Homem que, quando não induzida pelos Atributos da Fonte - o Amor, a Sabedoria e a Vontade, são reflexo de sua insanidade. Dentro, está a própria essência de Deus.

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Meu trabalho na área da espiritualidade, que assumi como missão desde há muitos anos, visa expor o meu fragmento da Verdade, na medida e na forma como ela tem se mostrado para mim, ao longo de muitos anos de indagação, de busca e de reflexão intuitiva sobre a Vida e sobre o Universo. Nele, procuro manifestar estas reflexões através de alegorias, parábolas, analogias, e da exposição de um processo de observação dedutiva, perscrutando matéria, tempo e espaço, os protagonistas da criação, no limite de sua perceptibilidade, sem quaisquer formulações científicas, mas com uma acuidade de observação que, para entendê-los, deve-se, muitas vezes, ir além dos sentidos e da razão humana.