A Igreja Católica e o Comunismo

Há 177 anos, em de 09 de Novembro de 1846 no pontificado de Pio IX, foi promulgada a encíclica Qui pluribus onde a Igreja Católica chamava a atenção de seus Patriarcas, Primazes, Arcebispos e Bispos para um mal que já ameaçava a instituição e a Sociedade, o Comunismo.

A encíclica afirma que: “Nenhum de vós ignora, Veneráveis Irmãos, quão amarga e terrível guerra foi travada contra a Igreja Católica em nosso tempo por homens unidos em união ímpia, adversários da sã doutrina, desdenhosos da verdade, empenhados em arrancar das trevas todo monstro da opiniões, e com todas as suas forças para acumular, disseminar e disseminar erros entre o povo.”.

Ressalto a expressão “desdenhosos da verdade”.

Prossegue: “as nocivas artes e ciladas com que esses odiadores da verdade e da luz, habilidosos fraudadores, se esforçam para extinguir todo amor à justiça e à honestidade nas mentes dos homens; corromper a moral; perturbar os direitos humanos e divinos; para abalar e, mesmo que pudessem, derrubar os fundamentos da religião católica e da sociedade civil.”.

Mesmo os ateus não ideológicos e os cristãos que não têm simpatia pela fé católica vão reparar que a encíclica se refere não só a Igreja mas também aos “direitos humanos” e a “sociedade civil”, portanto não se tratava de um comportamento egoísta de autoproteção.

Prossegue: “… acusam a doutrina da Igreja Católica de contradizer o bem e as vantagens da sociedade humana; nem temem negar a divindade do próprio Cristo. E para poderem mais facilmente seduzir os povos e enganar os incautos e inexperientes, gabam-se de que SÓ ELES CONHECEM OS CAMINHOS DA PROSPERIDADE HUMANA (grifo meu);”.

A seguir: “… nem duvidam de que se arrogam o nome de filósofos, quase como se a filosofia, que gira inteiramente em torno da investigação das verdades naturais, tivesse de rejeitar aquelas que o próprio supremo e clemente autor da natureza, Deus, por um benefício singular e a misericórdia se dignou a manifestar-se aos homens, para que possam alcançar a verdadeira felicidade e salvação.”.

Novamente aqui os ateus devem notar que, se as “verdades naturais” não são manifestações divinas, muito menos são dos filósofos. A Filosofia é uma ciência da investigação e não da criação de verdades.

Ainda: “Mas quantos argumentos maravilhosos e esplêndidos existem para convencer a razão humana de que a Religião de Cristo é divina … portanto, da nossa fé nada é mais certo, mais seguro, mais santo e construído sobre fundamentos mais sólidos!  Esta fé, mestra da vida, guia da salvação, libertadora de todos os vícios, mãe fecunda e nutridora das virtudes, foi selada com o nascimento, vida, morte, ressurreição, sabedoria, maravilhas, predições de seu autor e consumador Jesus Cristo.”.

Não importa se Cristo não existiu como ser divino e sim como um homem comum. Se a fé depositada nele liberta pessoas de vícios, nutre virtudes e mantêm valores morais sólidos, ela é muito mais valiosa do que uma ideologia que prega o hedonismo, a destruição de valores seculares e transforma os indivíduos em meros componentes de um rebanho destinado ao abate espiritual.

Não podemos examinar o passado com olhos do presente sob pena de tirarmos conclusões erradas sobre eventos históricos, mas nesse caso fica claro que em sua essência o método de ação do Comunismo, mesmo sem incorporar as ideias absurdas de Karl Marx, não mudou até hoje e que a Igreja Católica se sentia ameaçada e por isso era radicalmente contra ele, posição esta reforçada em outras oportunidades como na encíclica Divinis redemptoris promulgada pelo Papa Pio XI em 1937, inteiramente dedicada a crítica ao Comunismo. Nesta encíclica a palavra “Comunismo” aparece quarenta vezes.

No entanto, a partir do Concílio Vaticano II, o qual o Papa João XXIII pretendeu que fosse ecumênico, foram abertas as portas da Igreja para a entrada do Comunismo, inclusive com a permissão para que um grupo de bispos presentes no concílio formulasse, paralelamente ao evento, as bases para a criação da Teologia da Libertação.

A posição outrora firme da Igreja contra o maior mal já enfrentado pela Humanidade culminou nos dias atuais com um Papa que adotou a posição de “convivência pacífica” com governos totalitários de Esquerda.

Com isso, a Igreja selou seu destino de desaparecer como força que “liberta pessoas de vícios, nutre virtudes e mantêm valores morais sólidos” e num futuro próximo se tornar mais um instrumento do Mal e a Sociedade está perdendo um dos mais valiosos aliados na luta contra os emissários das Trevas.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 24/05/2023
Código do texto: T7795948
Classificação de conteúdo: seguro