Negócios para você!

Você já cavou poço com agulha?

Recentemente fui honrado com o convite para prestação de serviços de treinamento e consultoria, por uma importante clínica de depilação à laser.

Fiquei admirado com a convicção com que falavam seus colaboradores. A certeza ao articular cada palavra, demonstrava o uso na prática, do composto: CHA – Conhecimento, Habilidade a Atitude.

Trata-se de pessoas treinadas e interessadas em continuar a absorver outros conhecimentos. Sua dona, disse que no Irã, nascem os melhores vendedores do mundo. Ela fez curso de vendas nesse país. Aliás esse mês ela está justamente lá. “Teerá” ido fazer uma reciclagem na Pérsia? Isso é coisa para colocar no programa do “Xô”, no “Sarcástico” ou na revista “Fuças”! O que você acha?

Você não precisa ser PHD em negócios, para inferir que no mínimo, a jovem empresária tem razão. Inclusive as regras de incentivo às vendas foram originalmente criadas por Hamurabi e Nabudonosor, habitantes das cercanias de Teerã.

Quer saber onde está o berço da venda? Procure a origem da Civilização e certamente terá dirimido esta dúvida.

Orhan Pamuk, o maior escritor da Turquia, quando foi receber o Prêmio Nobel de Literatura, pela edição de seu livro “Neve”, discursou com uma fala intitulada “A Maleta do Meu Pai”.

É uma obra tão bem escrita, que enquanto dava uma olhada na livraria, sem que percebesse, achava-me na última página. O conteúdo da Maleta é um caderno com informações de viagens e anotações em geral do pai do escritor. O fundamental, é que Pamuk gera uma expectativa do leitor, demorando a abrir a maleta, falando enquanto isso, dos seus outros livros. Vai vendendo todos os seus produtos através desse mais recente.

Como você viu, o homem transformou o discurso de posse em um portfólio de produtos e no mais novo sucesso literário. Não sei por que não existe o Prêmio Nobel de Vendas. Você sabe onde é a Turquia? Dá uma olhada no mapa e vê se não fica colada no Irã. Olha a empresária depilada, com razão ai, minha gente!

Há uma citação lá de Istambul chamada “cavar poço com uma agulha”. Ela foi aplicada aqui no Brasil, por Gervásio, quer saber da história?

Analfabeto, apedeuta legítimo. Ler e escrever, nem pensar. Boieiro por profissão, tinha um forte desejo e passou cinco anos lutando com todas as influências e “networking” que sua simpatia era capaz de conquistar e continuou frustrado em seu objetivo de trabalhar na rádio da cidade do interior da Paraíba, onde morava.

-- Tibúrcio. Vim trabalhar em sua rádio. Começo agora! – disse Gervásio, falando mais decidido do que um general vencedor de sua mais recente batalha.

-- Gosto muito de você, mas não posso contratar um analfabeto. Ou você tem alguma justificativa que mude meu ponto de vista? – disse o radialista.

-- Fechei negócio com 15 firmas. Passei cinco anos negociando com elas, para anunciar em meu programa. Querem saber quando entrarei no ar.

-- Gervásio. O que você tem anotado nesse caderno?

-- Eu não sei ler. Então desenhei, farmácia, armazém, padaria, fazenda... para não esquecer de nada. Não gosto de desorganização.

O programa de rádio está no ar há dois anos. Atinge uma pequena parte do estado da Paraíba. Gervásio ficou tão famoso na localidade, que já se tornou compositor de música sertaneja.

Uns viajam para o Irã, outros recorrem à Maleta do Papai. Há ainda os Gervásios, que ralam, cavando poço com agulha.

Concorda que todos são autores de histórias de sucesso? Espero que uma delas inspire Negócios para Você!

Gilberto Landim
Enviado por Gilberto Landim em 14/12/2007
Código do texto: T777687