ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA E SINDICATO DOS JORNALISTAS NA HISTÓRIA DO JORNALISMO CEARENSE
ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA E SINDICATO DOS JORNALISTAS NA HISTÓRIA DO JORNALISMO CEARENSE
Os acontecimentos, as ocorrências de conotações importantes irão fazer parte da história. O acervo de qualquer repartição, entidade, organização serão inseridos na biblioteca cultural das instituições. Todos os povos têm suas tradições culturais. Estamos nos referindo à comunicação e seus meios no tempo e na história. O que poderíamos sinonimizar como sendo comunicação? As comunicações são o centro gravitacional de todas as atividades humanas. Literalmente nada acontece sem que haja prévia comunicação. Um grande número de problemas pode ser ligado à falta de comunicação - saber qual é o problema já é ter meia solução. Comunicar bem não é só transmitir ou só receber bem. Comunicação é troca de entendimento, e ninguém entende ninguém sem considerar além das palavras, as emoções e a situação em que fazemos a tentativa de tornar comuns conhecimentos, idéias, instruções ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal, escrita ou corporal. Essa idéia nos traz o sentido mais simples sobre comunicação. Toda comunicação tem bases ou regras que devem ser obedecidas para se ter um “feedback”. Saber ouvir; examine o ponto criticado; evite termos técnicos; esclareça suas idéias; expresse o seu interesse; ações versus Informações. Suas ações apóiam o que você diz; procure ser objetivo; mensagem que quer transmitir; a quem vou me dirigir. Prepare-se: consulte outras pessoas; como transmitir; verifique se foi entendido; suas ações; entendimento; compartilhe; “opinião" – que é o retorno de informações importantes para manter seus parceiros atualizados nos processos e atividades de interesse comum, sempre retorne a informação, mostre os resultados e ações conseqüentes de informação recebida anteriormente. Com o passar do tempo e o avanço da tecnologia surgia à imprensa com Gutemberg.
O nosso Estado conhecia o jornal desde os idos de 1824, antes mesmo das províncias de Goiás, Santa Catarina, Espírito Santo, Sergipe, Amazonas, Paraná, Alagoas, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Teve o privilégio de se sobrepor ao Rio Grande do Sul e a São Paulo, onde as primeiras folhas impressas datam de 1827. Aqui queremos relatar a importância da ACI ( Associação Cearense de Imprensa) e do Sindicato dos jornalistas do Ceará no desenvolvimento do jornalismo no Estado. A Associação Cearense de Imprensa é hoje uma das instituições mais importantes do Estado. A ACI foi fundada pela iniciativa de aventureiros de jornais, repórteres, auxiliares de redação, jornalistas praticantes ou avulsos, que não eram jornalistas de nomeada, mas dinâmicos e persistentes. A ACI foi fundada em 14 de Julho de 1925, no Governo de Matos Peixoto, por seis pessoas em destaque: César Magalhães, Gilberto Câmara, Juarez Castelo Branco, Joaquim de Almeida Genu, Teodoro Vieira e Francisco Serra Azul. Dentro de poucos anos de existência a ACI já possuía lugar de destaque, nas lutas e movimentos sociais do Estado e do País. Começaram então a realização de comícios, representações e recepções a políticos e pessoas de evidência que visitavam ou chegavam ao Ceará e assim foi repercutindo e atraindo atenções. A partir de 1949, os Estatutos da ACI dispunham que um dos objetivos precípuos da entidade era tomar a defesa de; combater, pelejar, lutar; discutir acaloradamente; altercar; lutar, esforçar-se pela existência de uma Escola de Jornalismo em nosso Estado. Muitos entendimentos foram feitos, mas o objetivo não era concretizado. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais faz campanha e lança os cursos para principiantes e o curso livre de jornalismo.
Nesse tempo estava à frente da ACI, Antonio Carlos Campos de Oliveira. A luta tem rounds ou períodos. No segundo é criado em 1965, o Curso de Jornalismo, posteriormente chamado de Curso de Comunicação Social, funcionando em 1966. Para se formar profissionais para lecionar era uma missão árdua, pois o pessoal ligado ao jornalismo fazia parte da velha guarda os que se formaram na escola prática, isto é, no batente do cotidiano. Foi necessário um corpo de professores próprios, admitidos por concursos de títulos. O Reitor na época era o professor Fernando Leite. O curso foi departamentalizado sendo o primeiro chefe do Departamento de Comunicação Social, professor Heitor Faria Guilherme, cuja missão era implantar o órgão. O curso de métodos e técnicas de ensino foi dado para os professores, além de um laboratório de cinefoto, sala de redação, gabinetes e uma revista semestral. Regime de 12 horas de trabalho, exceção do Chefe do Departamento que ficou com a carga horária de 24 horas. Existia pobreza de meios e recursos humanos, não era restrito somente a aulas, aconteciam também, conferências, simpósios, seminários, cursos. Na Imprensa Universitária, um jornal do corpo discente ( Comunicação), circulou em duas ou três ocasiões. A imprensa dava oportunidades e espaços à colaboração dos alunos. O Correio do Ceará, através de Felizardo Mont’alverne patrocinava as publicações. Em 1970 foi à vez de o jornal O Povo contribuir, muitas autoridades foram ouvidas e as entrevistas publicadas no jornal. O II Congresso da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa da Comunicação(Abepec), em julho de 1974. O primeiro conclave foi em Belo Horizonte, tendo participado Adísia Sá, que trouxe o segundo para a cidade de Fortaleza. A Revista de Comunicação Social firmava o novo Departamento. O primeiro estágio dos alunos do Departamento foi organizado por J. C. Alencar Araripe e Flávio Ponte.
O estágio no Ceará desde 1971 era remunerado. Em 1972 houve um convênio com a Universidade Federal do Ceará. Em 1973 era assinado convênio entre a Universidade e a Associação Brasileira de Agências de Propaganda. O Curso de Comunicação Social teve seu reconhecimento pelo Egrégio Conselho Federal de Educação, sendo reitor o professor Walter Cantídio. O Curso de Comunicação na Faculdade de Ciências Sociais e Filosofia. Com empenho de Paulo Elpídio de Menezes Neto e Faria Guilherme, o curso mudava-se para o edifício da antiga Escola de Engenharia. Os concludentes do I curso de Jornalismo para principiantes foi concluído em 1964, o segundo em 1965. Muitas nuanças ocorreram quanto a currículo, carga horária, resoluções, disciplinas profissionalizantes. O Jornalismo Impresso e Relações Públicas foram os primeiros a absorverem as disciplinas profissionalizantes atendendo o que dispunha o parágrafo 1º. Do art. 5º. Da Resolução nº. 11 de 10 de outubro de 1969. A criação do Curso Superior de Jornalismo no Ceará teve uma participação expressiva da professora Adísia Sá. Era uma faz de tudo.
A Associação Brasileira de Imprensa ( ABI) lidera o movimento e aquilo que pode ser chamado de uma filosofia do ensino de jornalismo no Brasil é elaborado no 1º. Congresso de Jornalismo, em 1918. A ABI não criou a sua “Escola”, coube a Anísio Teixeira, a iniciativa de criar o primeiro curso superior de jornalismo no Brasil, na então Universidade do Distrito Federal, em 1935. A primeira alusão a criação de um curso de jornalismo no Ceará ocorreu na sessão do dia 12 de janeiro de 1937 na ACI. Muito trabalho da ACI, do Sindicato e da própria UFC, para a fundação do primeiro curso superior de jornalismo no Ceará. O primeiro Curso Livre, promovido em 1965. O Centro Acadêmico Tristão de Ataíde, também colaborou nessa luta, bem como vários professores, Luis Sucupira, Carlos Campos de Oliveira e outros. Em 10 de março de 1975 a ACI recebe do então governador César Cals de Oliveira Filho, a Medalha da Abolição. Os cursinhos: I Curso de Jornalismo para Principiantes com cobertura da ACI e Sindicato começou a 15 de janeiro de 1964, com aulas ministradas no 5º. Andar dom Edifício Perboyre e Silva (ACI). Teria e prática eram os pontos fortes. Nessa turma concluíram o curso Francisco Felix e Marcos de Holanda, além de outros. Depois veio o segundo em 11 de janeiro de 1965. Lecionaram: Adísia Sá, Geraldo S. Nobre, Maria da Graça Andrade, Antonio Carlos Campos de Oliveira, Paulo Lopes Filho, José Arabá Matos, Luís Campos, Lúcio Brasileiro, Frota Neto, Cid Carvalho, Teobaldo Landim, Rangel Cavalcante, Antônio Fernandes, Faria Guilherme, Wellington Mesquita e Polion Lemos.
A próxima etapa em busca do curso superior de Jornalismo seria a do Curso Livre, que recebeu o nome de Perboyre e Silva, com concludentes nos anos de 1973 e 1974. Com a Comunicação Social o chamado jornalismo boêmio da fase heróica estava com os dias contados, novas maquinarias foram adquiridas e a profissão só viesse a ser regulamentada em 1969. Muitos congressos, muitas reuniões aconteceram até que o curso passava definitivamente a responsabilidade da UFC. O Curso de Jornalismo funcionou por três anos como Curso Isolado, mudando a denominação somente em 10 de outubro de 1969 para Curso de Comunicação Social pela resolução nº. 11. Em 1975 forma-se o sétimo grupo de concludentes. O Curso também teve o nome de Departamento de comunicação Social e Biblioteconomia. Marchas e contramarchas marcaram o período. Diretor pedindo exoneração, insatisfação de alunos, mudanças de locais foi uma luta titânica e ainda um aperfeiçoamento de carga horária, formação de professores, participações em congressos, reuniões ficaram marcados na história, Através do Decreto nº. 71332, de 8 de novembro de 1972 é concedido o reconhecimento ao Curso de Comunicação Social( habilitação Polivalente), da Universidade Federal do Ceará. Com nossas pesquisas chegamos a um livro importante que conta toda a trajetória do Ensino de Jornalismo no Ceará, de autoria da jornalista Adísia Sá, publicado em Fortaleza no ano de 1979, saliente-se que nessa data aconteceu a colação de grau da primeira turma de bacharéis do Curso de Comunicação Social. Composto e impresso na Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará, Avenida da Universidade, 2932, nesta capital. Fico por dentro do Ensino de Jornalismo no Ceará com essa magnífica obra.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE