UMA EXPERIÊNCIA DE ISOLAMENTO SOCIAL, LITERALMENTE, SEM NADA A VER COM COVID

A princípio, pode-se pensar que a atitude da alpinista espanhola Beatriz Flamini (permanecer 500 dias sem nenhum contato humano ou tecnológico numa caverna) seria algo de uma pessoa anormal, neurótica, desiludida etc. No entanto, em sã consciência, como foi "monitorada" e "assessorada" de alguma forma à distância, a sua opção por esta experiência de vida até que fez sentido e a curiosidade que fica neste ínterim de "isolamento voluntário" será saber a sua rotina e percepção do mundo após a sua saída. Se o que escreveu fará sentido ou sucesso só o tempo dirá. Vamos aguardar. Que a sua estadia solitária numa caverna foi diferente daqueles mineiros que ficaram soterrados em no interior de uma mina no Chile há alguns anos, isso ninguém terá a menor dúvida. Naquela ocasião, aqueles mineiros "lutavam" contra o tempo e para alguns voltar à superfície era sempre uma incerteza, além da depressão e angústia. No caso desta desportista não teve nenhum destes sintomas. Além de ser servida através do "intercâmbio", (local onde ocorria permuta de algo material) tinha ao seu dispor um botão do pânico, o que não foi necessário usar, ainda bem. Compará-la a um Amyr Klink ou até o Santiago, protagonista de O VELHO E O MAR, apesar de ambientes díspares, a solidão dos três personagens em questão seria a única faceta em comum. Parodiando Tolstói no seu brilhante ANA KARENINA : As pessoas que vivem em sociedade são todas parecidas entre si; as que preferem a solidão vivem cada uma à sua maneira.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 16/04/2023
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