CANUDOS; OS PARVAROS E A ROUPA DO REI.
Todos conhecem a fábula da roupa do rei. Aquela em que dois vigaristas enganam todo um reino com uma única e astuciosa mentira. A roupa do rei só poderia ser vista por pessoas inteligentes... Como a hipocrisia e a mediocridade muitas vezes levam as pessoas ao extremo do ridículo, todos os ministros, conselheiros e súditos do reino se maravilharam com a beleza da “roupa” do rei. O encanto esvaiu-se quando uma criança em sua santa inocência disse: Mamãe!!!O rei está nu!!!
Assim como na fabula, na comemoração pelos 110 anos da guerra de canudos, uma horda de pseudos-filosofos e intelectuais se maravilharam com a “releitura” da guerra, encenada pelo senhor José Celso Martinez que, dementemente, banalizou nossa historia com uma apresentação digna de “Calígula” O filme.
No palco o que vimos foi uma série de cenas de nudismo e sexo explicito que segundo o digníssimo diretor teatral representava o livro “Os sertões” perpassando as três partes que subdividem o livro que são: Aterra,o homem e a guerra.
Quem viu a peça teatral sem a aura dos filósofos e intelectuais e sim pelo prisma da criança da fábula do rei, saiu dali horrorizado com tamanha falta de senso e rigor artístico. Nada que ali se encenou tem a ver com a triste guerra fratricida ocorrida no sertão baiano. O que ali se apresentou foi de uma falta de bom senso há muito visto no cenário artístico e cultural brasileiro.
O diretor teatral não levou em conta o contexto histórico em que ocorreram os fatos que culminaria na sangrenta guerra. O fim da monarquia, a recente libertação dos escravos, a pior seca já ocorrida na região que ceifou milhares de vidas inocentes, o fanatismo religioso, o coronelismo, a opressão, a fome e a miséria reinante, a ideologia oligarca da igreja além do advento na republica.
A Petrobras, por intermédio do ministro da cultura, o senhor Gilberto Gil, ao invés de investir milhares de reais nessa peça teatral que só veio denegrir nossa história, deveria ter gasto esse montante em projetos que viabilizassem emprego e renda para esse povo tão carente do sertão de canudos, como fazendas de peixe no açude local, na melhora da estrutura viária dentre tantas outras necessidades que urgem naquela pobre região.
Estamos cansados dessas sanguessugas que usam a guerra de canudos para beneficio próprio, com suas teses mirabolantes, livros e trabalhos acadêmicos que em nada engrandecem a produção cientifica e cultural de nosso país. Alguém conhece uma leira de coentro ou congênere feita em canudos por esses (as) doutos (as) senhores (as)???Não!!!Fortunas são gastas á anos na região e o povo sempre na mesma miséria secular.
Mas esses (as) mesmos (as) doutos (as) senhores (as) lá estavam tecendo loas a tão magnânima roupa real. Como séquitos reais, desdobravam-se em ver quem mais agradava ao ilustre diretor e ao excelentíssimo ministro da cultura, com o único intuito de apresentarem seus “projetos” para, mais uma vez, locupletarem-se de verbas públicas e assim, com suas gigantescas incompetências, produzirem coisas que só mesmo as pessoas que vêem a roupa do rei lêem e que nada acrescenta ao povo brasileiro.
Quero dizer á essa pseuda-elite-intelectual que aqui, mesmo distante desses meandros culturais tupiniquins,ainda existem pessoas que não precisam vender-se para verem publicados seus livros que ninguém lê,teses sem serventia social, palestras com temas que ninguém suporta mais ouvir e peças teatrais néscias e sem sentido (A não ser para aqueles que vêem a roupa do rei) Pois temos plena convicção que o rei está nu.
LEILSON LEÃO