II “ELES SE FORAM NA POEIRA DO TEMPO, MAIS AINDA SÃO LEMBRADOS... “RESSURREIÇÃO”.
No sábado, as duas filhas Nice-Hellen, e Marylene, vieram fazer o almoço dos velhinhos, e almoçamos, juntos. Comentei do texto, quando a Nice-Hellene, nos passou via Whats App, o texto abaixo, que decidimos compartilhar com nossos presados leitores(as), o genro Luiz nos deu uma força, para transcrevê-lo para colocar no Recanto. O texto é de autoria da jornalista Aline Reis. Alguns itens, já abordamos no primeiro texto, mas achamos por bem transcrevê-lo na íntegra...
“Para evitar o fim de um negócio que faz parte da história da música no Brasil, Alanderson encarou o desafio de repensar como vender os instrumentos musicais que levam o sobrenome de sua família. Assim, décadas depois de decretar falência, em pleno século 21, Curitiba viu ressurgir uma de suas empresas mais importantes de todos os tempos: a fabricante de pianos Essenfelder.
A história começa no fim do século 19, com o patriarca Florian Essenfelder, que aprendeu a fazer pianos na fábrica C. Bechstein, na Alemanha. Ele abriu a Essenfelder na Argentina, em 1890. Depois da morte da esposa, ele decidiu se mudar para o Brasil. Mais especificamente para Curitiba. Assim, a Essenfelder Ltda. abriu as portas na avenida João Gualberto, em 1920.”
Madeira de araucária
“A empresa da família cresceu. Os pianos eram fabricados com matéria-prima de primeira qualidade – incluindo madeira de araucária – e os instrumentos eram vendidos até para fora do país.
Na década de 1930, com a popularização do rádio, a Essenfelder enfrentou sua primeira grande crise. “O rádio fornecia música e entretenimento por um valor muito mais baixo”, diz Alanderson, bisneto de Florian.
Apesar da era do rádio, a fábrica seguiu com as atividades e aprendeu conviver bem com a concorrência.
Mais tarde, entre os anos 1970 e 1980, a empresa chegava a vender 200 pianos por mês. O mercado mudou muito de lá para cá. Para se ter uma ideia, hoje, cerca de 100 pianos novos são vendidos por mês, somando o movimento de lojas no Brasil inteiro.”
Essenfelder, 100 anos
“Em 1990, quando a empresa completou 100 anos, um concerto com obras de Mozart marcou a data. O evento reuniu três pianistas. Uma delas foi Analaura de Souza Pinto, da Orquestra Sinfônica do Paraná. Analaura conta que tem uma relação afetiva com a marca.
“O meu primeiro piano ganhei aos 6 anos, da Pianos Brasil. Mas foi na adolescência, aos 15 ou 16, que ganhei um Essenfelder novinho. Nossa, ele tem uma sonoridade muito bonita, muito gostoso de tocar”, diz Analaura.
Pouco tempo depois do concerto que celebrou os 100 anos da marca, desacordos familiares e preocupações ambientais ligadas ao fornecimento de madeira causaram fissuras irremediáveis. Esses percalços culminaram na decretação da falência em 1996.
“Foi uma notícia terrível. Lamentei profundamente o fechamento da fábrica”, diz Analaura.”
Ressurreição
“A massa falida da empresa tentou leiloar a marca Essenfelder em 1999 para custear dívidas trabalhistas. Não houve interessados. Nesse meio tempo, uma empresa de Santa Catarina registrou junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o nome Essenfelder.
“Como é um sobrenome, eles precisavam de autorização da pessoa mais velha viva da família, que é meu pai. A empresa não tinha esse registro e por isso o INPI suspendeu o registro. Quando isso aconteceu, pensei que a gente não podia deixar o legado do meu bisavô morrer. Porque, aos poucos, a história está sendo apagada”, diz Alanderson.
Em 2015, o engenheiro civil herdou a marca e criou um novo negócio unindo a tradição da família com um modelo mais moderno e lucrativo.
A concorrência com o mercado internacional era uma questão a se pensar. Por isso Alanderson recorreu à China. Ele visitou diversos fabricantes de piano, trouxe exemplares para Curitiba e pediu para que pianistas daqui testassem os instrumentos. Até encontrar o modelo ideal.
A sede da Essenfelder fica no bairro Boa Vista, em Curitiba | Fotos: Tami Taketani/Plural.
Com investimento inicial de R$ 700 mil, a nova Essenfelder iniciou a produção na China. Em vez de concorrer com a modernidade, “Alanderson fez dela uma aliada e assim os pianos digitais – rechaçados no passado – passaram a integrar o catálogo.
Além disso, o novo negócio expandiu a atuação para a área educacional. Atualmente, há o credenciamento de escolas de música que usam a metodologia da Essenfelder para ensinar piano – um novo nicho que faz bem aos negócios. Em Curitiba, estão credenciadas as escolas Dream Concert e JAM Music.”
Elitista
“A Essenfelder educacional vai ao encontro da estratégia da empresa de popularizar o piano. Para Alanderson, as próprias empresas reforçam a imagem do piano como algo elitizado. “Não tem um programa social ensinando crianças a tocar piano”, diz Alanderson. “E, apesar de ser um instrumento cujo custo de produção é caro, os [pianos] digitais estão abrindo esse caminho junto com as escolas de música.”
Rentáveis
“Os pianos acústicos não são os mais rentáveis para a empresa. Em termos financeiros, 70% do lucro da empresa vem dos pianos digitais, cujos compradores são pessoas que estão aprendendo a tocar, ou que não dispõem de R$ 25 mil – valor do piano mais barato – para comprar um acústico.
A estratégia de unir a tradição da Essenfelder com novas aspirações durante a criação da nova empresa deu resultado. O faturamento anual é R$ 2 milhões desde o início das atividades, em 2015.”
Além de vender o instrumento, agora a empresa também tem uma área educacional | Fotos: Tami Taketani/Plural.
Pianos Essenfelder
“As vendas dos pianos Essenfelder são feitas diretamente no site da empresa ou por meio de representantes. O cliente pode parcelar a compra ou usar o PIX – que garante desconto de 10% para pianos digitais. Também é possível visitar a loja, que fica na rua dos Alfeneiros, no bairro Boa Vista, em Curitiba.”
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Curitiba, 13 de março de 2023 – Reflexões do Cotidiano – Saul
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