Divagando sobre o fanatismo. Por Meraldo Zisman.

A polarização leva ao fanatismo que, creio, é a doença do momento. O aumento do fanatismo, na maioria das vezes, brota da infantilidade de darmos respostas simples aos desafios complexos da vida.

Politics Icon Png #297012 - Free Icons Library

Opiniões opostas não são necessariamente antagônicas, permitindo diversas sinonímias tais como: contrárias, divergentes, discrepantes, discordantes, discordes, destoantes, adversas, incompatíveis, contraditórias, desencontradas, inversas, muito embora as gradações devam ser consideradas, com denominar alguém de genocida ou palavra análoga, somente por isso estar na moda.

A polarização leva ao fanatismo que, creio, é a doença do momento. O aumento do fanatismo, na maioria das vezes, brota da infantilidade de darmos respostas simples aos desafios complexos da vida.

O fanático pré-julga, diante de uma situação que avalia maligna, que ela deva ser extinta até mesmo pelo aniquilamento do outro que discorda.

O fanático é uma pessoa altruística, que não é egoísta, julga-se filantrópico e caridoso. Ser altruísta é o antípoda do egoísmo.

Ser altruísta é tender a ajudar o próximo, ou seja, sermos solidários com as emoções e sentimentos alheios, dando o máximo de apoio para que outras pessoas consigam superar seus obstáculos e serem felizes. Sem interesse pessoal, procurando agir de forma natural e expressar nossos verdadeiros pensamentos e sentimentos, transmitindo confiança e autenticidade, o que pode ser atraente para pessoas com ideias diferentes das nossas. Nunca tentar agradar ou impressionar outra pessoa de forma sofisticada, ou artificial. E, advirto, desconheço alguém que seja dono ou senhor de seus próprios sentimentos, ou emoções.

Para finalizar este palavrório, passeando pela palestra do escritor israelense Amós Oz (1939 -2018), em uma de suas conferências intituladas: Em louvor às penínsulas do livro: Como Cuidar de Um Fanático (ed. Companhia das Letras, tradução de Paulo Geiger), tomo a liberdade de parafraseá-lo:

“Creio que a síndrome de nossa época é a luta universal entre fanáticos, todos os tipos de fanáticos, e o resto de nós. Entre os que creem que seus fins justificam os meios, todos os meios, e o resto de nós ou de quem julga ser A Vida Humana um fim em si”.

O Homem é um fim em si e por isso não pode ser tratado como objeto nem ser usado como meio de obtenção de qualquer objetivo, sobretudo para fins ideológicos, sejam quais forem, de direita, de esquerda ou do meio.

Esta talvez seja a verdadeira e mais perigosa pandemia que ainda temos de enfrentar.