COMO APLICAR A DIDÁTICA SOB A ÓTICA DA PSICOLOGIA GENÉTICA

(Texto introdutório de projeto desenvolvido com alunos do Ensino Básico em escola pública)

Um certo número de avaliações somativas foi efetuado em diversos países. Todas elas convergem à declaração de que o saber memorizado é pouco elaborado. De maneira geral, porém, admite-se implicitamente que o sucesso no exame final certifica que o estudante apresenta um conjunto de garantias, tanto no nível dos conhecimentos quanto no plano das competências e aptidões. A possibilidade de se planejar e praticar dinâmicas diferenciadas direcionadas ao aprendizado mais interessante e mais, a integrar o processo de avaliação ao processo cognitivo associados à mudança na prática de construção dos saberes propiciará o ingresso da educação no século vinte e um.

Nem sempre o saber é transmissível, existem muitas lacunas já detectadas, outros conhecimentos, no entanto, parecem adquiridos, apesar de tudo. Ainda assim, certos discursos, proferidos não deixam de apresentar problemas. Qual é o saber que podemos transmitir? Por outro lado, será que alguns fatos, considerados como evidentes há vários séculos, passaram realmente para a cultura popular?

O saber transmite-se dificilmente, não só quando emana da base, mas também quando têm uma boa base social. O saber não garante um papel integrador e não é reinvestível.

O tipo de avaliação que empreendemos pode trazer-nos mais ensinamentos. Observa-se que, às vezes porque o divulgador ou o professor foi interessante ou porque se exigiu uma aprendizagem “de cor”, os aprendentes retêm certos elementos; às vezes, são capazes de memorizar certas informações. Infelizmente, ao analisarmos mais proximamente essas aquisições, tomamos consciência de que, os alunos integraram apenas palavras, fórmulas ocas, isto é não tiraram o sentido; o resultado é que esse saber não é nem operatório, nem pode ser reinvestido.

Basicamente a teoria da aprendizagem social refere-se à aprendizagem que ocorre em conseqüência da observação de comportamentos emitidos por modelos: pessoas, descrições escritas ou orais, filmes, vídeos tapes, entre outros. A maioria dos teóricos emprega, freqüentemente, o termo modelagem para referir-se aos mecanismos da aprendizagem observacional. Outros autores, no entanto, dão preferência ao termo imitação. O termo modelagem tem efeitos psicológicos muito mais amplos que as simples respostas imitativas implicadas no termo imitação (GIORDAN & DE VECCHI, 1996).

A aplicação da teoria de aprendizagem social tem demonstrado que na aquisição de comportamentos complexos, particularmente os afetivos, os modelos simbólicos são tão eficientes quanto os reais e a aprendizagem pode ocorrer numa situação típica em que os alunos permanecem relativamente passivos.

Tipos de comportamentos afetivos e cognitivos têm sido tratados em experiências relacionadas com a teoria de aprendizagem social. Uma delas é como ensinar a professores iniciantes, técnicas de ensino através de vídeo tape, aso quais o modelo desempenha um papel particular de ensino.

Fontes de informação devem apresentar elementos que incentivem os discentes e mobilizem sua atenção. A fonte (professor ou meio auxiliar) deve promover a compreensão, conhecendo-se as características psicológicas e sociais dos alunos, para aumentar a probabilidade de elaborar mensagens, devem ter aquiescência e credibilidade.

A mensagem deve auxiliar a compreensão do aluno sobre fatos e acontecimentos, evitar a agreção ao aluno, devendo ser utilizadas informações desagradáveis sutilmente, evitando críticas diretas e contundentes a respeito de características com as quais o aluno possa se identificar, porém podendo sugerir um exemplo para que o aluno reflita. Deve favorecer ao ajustamento, contribuindo para a integração dos discentes no meio em que vivem através da descrição de exemplos de pessoas adaptadas e fornecendo informações que possibilitem encontrar soluções para seus problemas. Deve ser adequada às características psicológicas da audiência, apresentar linguagem acessível e enriquecedora, precisa e objetiva. Deve ser atual ou diversificada para o discente (CEP, 1978).

A reciprocidade é importante. Se a fonte for simpática à audiência, esta tornar-se-á simpática à fonte e aceitará, com maior probabilidade a mensagem.

Segundo Paulo Freire: “Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”.

O discurso sobre a teoria deve ser seu exemplo concreto e prático. Sua encarnação. A invenção da existência envolve, necessariamente, a linguagem, a cultura, a comunicação em níveis mais profundos e complexos do que o que ocorria e o que ocorre no domínio da vida. Pessoas capazes de intervir no mundo, de comparar, de ajuizar, de decidir, de romper, de escolher, capazes de grandes ações, de dignificantes testemunhos.

O respeito à leitura de mundo do educando revela o gosto democrático, que ao escutar o educando, com ele fala, nele não deposita seus comunicados. Revela-se o trabalho individual de cada sujeito no próprio processo de assimilação da inteligência do mundo. Como ensinar sem estar aberto ao contorno geográfico e social dos educandos?

Como educadores e educadoras progressistas não apenas não podemos desconhecer a televisão, mas devemos usá-la, sobretudo discuti-la, de forma a produzir uma visão holística e integrada das várias facetas da informação adquirida.

O mundo encurta, o tempo se dilui: o ontem vira agora; o amanhã já está feito. Tudo muito rápido. Debater o que se diz e o que se mostra e como se mostra na televisão é algo cada vez mais importante (PAULO FREIRE, 1998).

Uma feira de cultura é uma forma de culminância do processo pedagógico. Cria-se a oportunidade de capacitar o educando a trabalhar as informações que auferiu durante as aulas, nas diferentes áreas de conhecimentos dando suporte ao estabelecimento de ligações entre os conteúdos estanques à luz de um tema gerador de natureza interdisciplinar.

Esse projeto objetivou a maior integração entre alunos e professores e o aperfeiçoamento dos docentes na orientação desse tipo de atividade cultural. Também foi objetivo dessa feira, angariar fundos para a caixa escolar. Renda essa que foi destinada à manutenção dos vídeos, aparelhos de som e televisores da escola, os quais se encontram em estado de sucateamento devido aos cortes de verbas para o ensino que o estado impingiu à educação.