Meus pensamentos sobre a história/trajetória da inteligência humana

Não está claro se houve um aumento significativo da inteligência de nossa espécie desde a antiguidade. Sinceramente, não acho que os antigos gregos e romanos eram muito menos inteligentes que britânicos e americanos de hoje. Parece-me que a trajetória da inteligência humana, especialmente nas sociedades complexas, tem sido marcada por ondulações: processos intercalados de estagnação, aumento e declínio, percebidos pela ascensão e queda das civilizações.

Um rápido resumo do que eu entendo e hipotetizo sobre este tópico:

O aumento da inteligência humana, ocorrido durante a pré-história, resultou na sedentarização (invenção da agricultura ou domesticação/escravização de outras espécies) e posterior surgimento de sociedades complexas (onde esse aumento foi mais sustentável) que resultou no aprofundamento do processo de diversificação cognitiva (graças ao crescimento demográfico/relaxamento da seleção natural e aumento de mutações) e, então, no aumento das desigualdades cognitivas, parcialmente refletidas pelas desigualdades sociais (como ainda acontece hoje), especialmente pela seleção positiva de tipos mais domesticados, constituindo uma classe servil, associada com a predominância cultural da religião (adestramento para humanos), o que talvez explique a relativa redução do tamanho do cérebro durante a transição para o neolítico, se em outras espécies a domesticação está causalmente relacionada com uma menor encefalização.

Não há melhor registro histórico, embora imperfeito, da inteligência humana em seu nível mais alto já alcançado do que pelo impacto de uma civilização em termos de alteração do meio natural (construções arquitetônicas, por exemplo) e sua própria perpetuação.

A África Subsaariana é, de longe, um dos continentes menos alterados e foi um dos menos povoados durante grande parte da história humana.

Além da novidade de um ambiente em si exigir uma readaptação, ambientes com poucos recursos, como os mais frios, exigiram que humanos, esses primatas de cabeça grande e fisicamente mais fracos, criassem seus próprios “ambientes” no sentido de “barreiras de segurança” contra a inospitalidade deste meio, pela confecção de roupas que isolam o corpo do frio e a construção de casas com o mesmo objetivo. Mas isso também depende do grau de liberdade ou desafio que pode oferecer. Pois, ambientes polares são muito difíceis de se adaptar, especialmente por causa do frio e da relativa escassez de recursos vitais. Mas eles também são bastante estáveis ou previsíveis, enquanto que os ambientes de clima temperado são mais desafiadores. Isso não significa que ambientes quentes sejam mais fáceis de se adaptar. Na verdade, acredito que ambientes intertropicais, como os de clima equatorial e ocupados por florestas densas, são tão difíceis de se adaptar quanto os mais frios, especialmente para os primeiros humanos. Isso explicaria porque pequenas comunidades de caçadores-coletores têm predominado nesses dois ambientes. Isso também vale para ambientes desérticos ou de savana.

Ambientes muito difíceis de adaptação são prejudiciais à criatividade/experimentação contínua e, portanto, ao florescimento da civilização em suas dimensões caracteristicamente superlativas, como sociedades complexas.

Como conclusão, a dificuldade de adaptação de um ambiente não é determinada pelo seu clima porque é relativa à falta de familiaridade ou conhecimento do mesmo.

De qualquer forma, seja o clima ou a novidade (que pode estar na própria África ou em outra região de clima quente), são fatores que podem explicar o aumento da inteligência humana na pré-história, durante a formação das culturas humanas e não necessariamente depois disso.

A cultura humana possibilitou que os seres humanos pudessem se transferir de um ambiente para outro sem ter que se adaptar de forma absolutamente visceral.

A cultura humana fez de nós uma espécie generalista, se a cultura tende a ser como um “manual variavelmente prático de adaptação”.

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 06/01/2023
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