Uma Reflexão Sobre as Drogas.

Ultimamente, tenho dado a observar algumas situações que temos presenciado em relação as drogas, especialmente, quanto ao tratamento e as relações do dependente químico e o uso de drogas.

Durante certo tempo tenho acompanhado alguns recuperandos que através de nossos trabalhos deixaram as drogas. Alguns vivem a abstinência total, outros porém vivem uma redução de danos também, segundo meu pensamento.

Eu particularmente, tenho um conceito mais amplo em redução de danos, isto é, todo dependente químico que muda seu habito, visando reduzir os efeitos, as conseqüências praticam uma redução de danos, que não só beneficiam a si próprio, mas como todos que o rodeiam.

A redução de danos pode ser consciente e inconsciente, também está relacionada ao instinto humano, a própria sobrevivência, que pode ser aprimorada de acordo que a pessoa recebe mais informações, respeito, seriedade e acolhimento.

Acredito como muitos afirmam, que uma pessoa que encontra-se totalmente dependente somente conseguirá supera-la se estiver realmente com vontade de parar. O que temos cansado de observar é que a maioria delas não querem, e nós de maneira ingênua acreditamos que elas não estão conseguindo. Acabam de certa forma nos manipulando e nos levando a pensar na complexidade que é uma pessoa vencer as drogas.

Não estou aqui minimizando a doença, mas também querendo dizer que de repente precisamos parar de, a partir de uma realidade complicada, torna-la ainda mais difícil. Agindo desta forma ingenuamente, acabamos por protelar uma situação e transformar o dependente químico numa vitima ainda maior que possa ser.

O tratamento que se deva dar alguém que se encontra dependente é mostrar-lhe a verdadeira realidade que se encontra em termos clínicos biológico e psicológico; ajudar-lhe a elevar a auto estima que certamente cai de forma significativa; fomentar a dimensão espiritual; proporcionar o dependente que através de experiências mutua com outros que vivem o mesmo problema e que tem os mesmo objetivos que é vencer as drogas dividindo experiências.

O tratamento na verdade baseia-se nisto. Alguém que passe por este processo certamente estará bem informado, tendo todos os subsídios necessários para lidar com a dependência.

Tenho visto que para deixar as drogas, muitos buscam varias motivações. Porem, é importante frisar que estas motivações são secundarias, a primaria é manter um desejo pleno que não mais usar drogas. Para que isto ocorra, cada um busca a seu modo, seu jeito. Uns aprofundam na espiritualidade, outros nas atividades sociais, outros na família, outros no trabalho. Enfim, cada um do seu jeito busca meios para motivar, estimular e assim. substituir o desejo pelas drogas. Desta forma, a droga passa a não fazer parte mais de sua vida.

É importante frisar também que tudo isto muitas vezes ocorre inconscientemente, isto é, como o desejo é não usar mais drogas, o recuperando nem percebe que está cada vez mais longe dela ( que a droga já não é mais o centro ) e que mudou o comportamento e a relação interpessoal com as drogas.

Finalizando, vejo de suma importância um tratamento onde a pessoas que adquiriu a dependência possam ter a oportunidade de trabalhar estes aspectos acima mencionados, pois assim terá uma grande oportunidade de reflexão. Não que este tipo de abordagem vai lhe garantir a cura, ou que a partir deste tratamento vai parar com o uso de drogas permanentemente. O que digo é que este tipo de abordagem, dá plena informação, ajuda na concientização, proporcionando aquele que dela recorre condições necessária para lidar com sua dependência. O restante está no desejo de querer ou não parar com as drogas a partir de todo este processo concientização,

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 26/11/2005
Reeditado em 27/11/2005
Código do texto: T76826