Chegamos novamente ao final de mais um ano. Nas ruas e casas, já podemos observar os enfeites e luzes do Natal.
Entretanto, podemos afirmar que as festas natalinas de nossa atualidade não são as mesmas de décadas passadas, isso é que os mais velhos costumam a dizer, e que podemos de certa forma concordar.
Senão vejamos, antes as casas começavam a encher-se de alegria quase um mês antes das festas, e, os presentes iam chegando, os quais se escondiam dos mais pequenos, e somente quando a árvore de natal, muitas vezes enfeitada com pinheiro verdadeiro era montada, logo no início de dezembro os presentes apareciam e costumava-se dizer que aquele presente quem deu foi uma vizinha de frente ou um parente que não poderia estar presente na noite de Natal.
Antes, na véspera de Natal, depois de assistir a missa do galo na igreja, todos se dirigiam a casa dos pais ou avós, onde tios e primos se juntavam à volta de uma mesa farta de guloseimas e pratos como o famoso bacalhau com batatas e regado a azeite da melhor qualidade.
Doces, então, era uma quantidade incontável que faziam com que os olhos, principalmente dos pequenos brilhassem como a própria Estrela do Natal.
É bem verdade que as crianças ficavam acordadas até as 22/23 horas, o que permitia que o "Papai Noel" chegasse, deixando os presentes embaixo da linda árvore de natal, e na manhã seguinte ouviam-se gritos de alegria quando os ninos encontravam os mesmos na linda árvore decorada.
Entretanto, hoje em dia o Natal incomoda muita gente. Os anúncios e os enfeites começando a surgir no início de novembro, já mostra tudo stressado, porque, ainda nem chegou o Natal e já estão falando disso.
Com o advento da TV o Natal sempre chegou mais cedo aos lares, para fazer a alegria das crianças que ficavam babando com os brinquedos...e nessa altura nunca incomodou ninguém.
Agora, é um "ai meu Deus"!
Ninguem encontra tempo para passar o verdadeiro Natal de Jesus em família, em grande número, ninguém tem mais vontade de oferecer presentes a não ser para os mais pequenos, porque o Natal é das crianças.
Não se encontra tempo para fazer os mais velhos felizes e arrancar-lhes um sorriso de um rosto muitas vezes sofrido pela vida.
As pessoas, infelizmente, estão cansadas, stressadas, desiludidas, e nem para a melhor época do ano, a altura do encontro com a família, elas encontram tempo e formas de juntos partilhar essa época com seus entes queridos.
Com isso o Espírito Natalício está longe do ideal. As pessoas já não fazem por estar presentes neste dia, e se estiverem, apenas o estão de corpo presente, mas não de alma e espírito.
Antigamente, nossos parentes e amigos distantes enviavam belos cartões de Natal com vários dias e semanas de antecedência, só para terem a certeza de que chegavam, que sabiam das notícias deles, que, ao menos, estariam presentes na lembrança quando não poderiam estarem juntos devido à distância.
Hoje em dia, com a tecnologia, enviam-se SMS e mensagens pelo Wath, ou simplesmente ligam para desejar um Feliz Natal junto dos seus, porque é mais fácil do que ver as pessoas. E os outros acabam ficando felizes, pois alguem lembrou-se dele.
E as crianças? Bem, poucas são aquelas que hoje em dia vivem ou sobrevivem num lar onde foram ensinados a acreditar em Papai Noel, aquele que vem da Lapônia no seu trenó puxado pelas renas, e que entrega os presentes exatamente às 0h do dia 25, porque ele tem o poder de parar o tempo, louco, que corre desenfreado ladeira abaixo.
Observa-se claramente que os pais da atualidade já mataram o Natal desde a infância dos filhos, quiçá desde o seu nascimento, até porque para eles mesmos o Natal é só mais uma oportunidade para a casa encher-se de lixo, enfeites parvos, e um desperdício de dinheiro, onde as famílias mais disfuncionais fazem um esforço sobrehumano para celebrar o nascimento de um Cristo Jesus em que nem eles próprios acreditam e procuram vivenciar todos os dias do ano.
Infelizmente, é esta a triste realidade do Natal de nossa atualidade, onde um consumismo absurdo, porque é mais uma desculpa para, como loucos, irem às compras, mas nada de amor, família, compaixão e ajuda ao próximo.
Acreditem, se continuarmos a assassinar o Natal desta forma, o que será das crianças no futuro?
Se não fizermos nascer estes pequenos valores aos mais pequenos, como é que poderão em algum momento serem adultos com compaixão e reconhecer que o Natal é ajuda ao próximo, amor pela família e amigos, ter enorme apreço uns pelos outros, de alegria sem fim?
Há algum tempo, foi feita uma publicidade muito interessante, com as crianças é lógico. Foi pedido que escrevessem uma carta ao Papai Noel. Então, como toda criança, pediram todo tipo de brinquedos.
Mas, depois, foi solicitado que escrevessem uma carta aos pais.
Ai, veio a surpressa. As crianças pediram aos pais mais tempo com elas, mais presença deles na vida, mais amor, mais união entre eles, enfim...pediram, quase rogando, mais pais e menos pessoas e brinquedos.
As crianças de hoje sofrem com a ausência dos pais e eles nem se dão conta por isso, porque muitas vezes sua carga horária de trabalho é muito grande para poderem estar com eles, para ouvirem, para os conhecerem e ensinar-lhes valores muito importantes, que jamais irão aprender na escola.
Por isso, neste Natal, tentemos ser como aqueles de antigamente, onde sejamos mais família, mais amor, mais compaixão e mais ajuda, mas menos consumismo, menos futilidades e menos egoísmo. Os outros, que são aqueles que estão à nossa volta, precisam de nós, muitas vezes clamando silenciosamente nossa presença.