ESTÁ EM FALTA!
ESTÁ EM FALTA!
Carlos Roberto Martins de Souza
O menino chega da escola com um bilhete do professor e mostra para o paizão: “Seu filho roubou uma caneta de um colega”. O pai fica furioso e, para servir de lição, põe o filho de castigo. Por fim, depois de ver que tinha uma saída, alivia a barra: “Se você precisava de uma caneta, por que não me disse? Você sabe que eu trago quantas canetas quiser do trabalho, lá tem com sobra”. A lição de pai para filho é que, sutilmente, a honestidade não vale nada. Qual será o prazer de um canalha quando ele é desonesto? Que tipo de sentimento domina uma pessoa que usa desta pratica para tocar a vida? Qual o objetivo? Seria apenas esconder suas fraquezas, suas frustrações e sua falta de racionalidade. Seria!
Quando você vai comprar alguma coisa, no balcão e o funcionário diz: “Está em falta”, você fica se perguntando qual o motivo de não ter o produto. As vezes a perplexidade fica estampada na cara, não há como disfarçar. Deveria ser assim nas regras de conduta, o mesmo espanto e a mesma surpresa deveriam nortear a nossa posição em relação ao fato. E há um produto que desapareceu das prateleiras do mercado da vida, a HONESTIDADE. Sumiu! Ser honesto é cafona, fora de moda e não agrega nada, a honestidade está em falta no mercado das relações entre pessoas. Na igreja, na escola, no trabalho, na política, na família, na mídia... Na policia. Falta Honestidade! Até dos balcões da justiça ela desapareceu! O desonesto fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é normal. Agredir também. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso desonesto, é tudo coisa de maricas, de bobão. O desonesto não veste roupas, ele usa obras da arte da ignorância, se fantasia de “dono do mundo", e ai de quem o questionar. A cabeça do desonesto é oca, uma caverna habitada por ideias desprovidas de nobreza, um lugar inóspito e perigoso.
Uma das características marcante do desonesto é fazer propaganda de honestidade, ele tenta se passar por alguém que venera a honestidade. Não sei se é o egoismo que alimenta a desonestidade ou a desonestidade que alimenta o egoísmo. É provável que seja uma coisa e outra, num ciclo realmente perverso. O cara faz gato na luz, na água, na TV a cabo, fura fila, estaciona em local proibido, ocupa vaga de idoso, não respeita as leis de trânsito, não paga impostos e muito mais, e ainda bate no peito se dizendo o mais honesto do mundo. E vai cobrar dele, ele vai te ameaçar e até te agredir física ou verbalmente.
Mas é bom que você saiba, a honestidade é um valor humano, uma ação que mostra que você possui confiança em si mesmo e naqueles que convivem contigo. Não é uma peça ou um utensílio fabricado em oficinas. A honestidade faz com que a pessoa aja com base na verdade e na justiça, e a retribuição tende a ser na mesma medida. No plano da honestidade se você der a verdade, receberá de volta a verdade. Ela é um valor humano, uma ação que mostra que você possui confiança em si mesmo e naqueles que convivem contigo. O desonesto é, por natureza, um eficiente mentiroso. Desonestidade e mentira, são parceiras inseparáveis desde a criação do mundo. O oposto da honestidade é o engano, ou a mentira. Quando você mente, você se ilude acreditando no que está dizendo.
A honestidade é elogiada por todos, inclusive por você, mas morre de frio abandonada nas esquinas da vida, pois agasalha-la é muito trabalhoso, exige um série de comportamentos avessos aos cidadãos, e abrir mão de alguma coisa não atrai um desonesto. Num país onde a desonestidade é culturalmente associada á inteligência, a corrupção sempre será um câncer protagonista!
Relatam os admiradores do folclore político que Getúlio Vargas nomeou um amigo para cuidar da Alfândega Carioca e o avisou: “Quando quiserem corromper você, me avise”. Meses depois, ele recebeu uma carta: “Presidente, por favor, me demita urgentemente, os homens estão chegando no meu preço, tá difícil aguentar a tentação". É de embrulhar o estômago. Talvez seja porque eu veja isso mais vezes do que a maioria, é que me assusta a direção que nossa sociedade está tomando. Presto atenção em tudo, nos mínimos detalhes, sei quando há desonestidade em qualquer negócio.
Infelizmente estamos em uma época que a desonestidade virou qualidade.
O cidadão que age de forma correta, com princípios, ética e retidão fica marginalizado diante de uma maioria esmagadora de aproveitadores, enganadores e bandidos.
Levei o carro para lavar, quando retirei e cheguei em casa, percebi que alguns produtos tinha ficado dentro do carro. Poderia fazer de conta, dizer que não vi, mas manobrei, voltei e devolvi. O dono do lava-jato me disse que ninguém faria o que eu fiz, que já perdeu muita coisa. Mas conheço um jeito fácil de reverter a tendência: basta ser honesto desde o começo. Isso resolve muitos problemas da vida e permite a você aproveitar mais, seja qual forem suas metas. O certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo, e o errado é errado, mesmo que todo mundo esteja fazendo.
Quando ligo televisão nas baixarias chamadas de “Programas Evangélicos” onde a desonestidade é exercitada deliberadamente na sua plenitude, fico imaginando como agem os telespectadores que se alimentam daquelas porcarias, é tanta enganação, tanta safadeza, tanta desonestidade que até o capeta duvida.
Ao final, diante do quadro de desonestidade que se instalou no Brasil, como temos 1 de abril consagrado como “Dia da Mentira”, que tal criarmos um “Dia da Verdade”? Por um só dia veríamos o povo sendo honesto, o que seria um bom começo. Já criaram o “Dia do Desonesto" ou “Dia do Evangélico", numa homenagem aos maiores enganadores dos últimos tempos, então vamos, nós que primamos pela coisa correta, cobrar, não de políticos, pois eles são o suprassumo da desonestidade, mas de outros setores para que tenhamos o dia Da “VERDADE”, que é parceira da honestidade.