Sonhei com Você!

A felicidade não é um ideal da razão mas da imaginação. (Immanuel Kant).

Ludujero é uma pessoa interessante. Homem rústico, e de alma tão nobre, que conseguiu tornar extremamente agradável, sua esposa, a mulher mais encrenqueira da pequena cidade, onde morava, no interior do Rio Grande do Norte.

Um papagaio por ano, era o presente que Matraquita, recebia de seu marido para que ela ensinasse a falar. Ludujero disse que ela era uma mulher sábia e era preciso refletir antes de abrir a boca. Entregou-lhe uma lista de pensamentos filosóficos e salmos bíblicos, para que fosse aos poucos ensinando às aves. Assim evitava que as emplumadas criaturas, falassem abobrinhas como todas as demais.

Cansado de fabricar artesanalmente cerca de mil tijolos por dia, Ludugero foi chamado por um primo para aprender a instalar antena parabólica. Seu primo disse que na nova atividade seria possível estudar e preparar um futuro mais motivador.

-- Primo, porque você não vende a reconfiguração das antenas? – perguntou Ludujero, após sua primeira semana de trabalho.

-- Qual é sua idéia?

-- Olhei na Internet e descobri que existem vários canais que não precisa pagar a assinatura, sendo apenas necessário fazer a antena apontar para eles. Imaginei o seguinte plano:

-- Semanalmente outros canais são colocados no ar. Isso não é noticiado para o público. Esperamos acumular e mensalmente oferecemos novos, cobrando uma pequena taxa para redirecionar a antena nos clientes.

-- Primaço. Considere aprovadíssima a nova idéia. Nesse novo serviço, vou lhe pagar 20 por cento de comissão, sobre o faturamento da empresa. Daqui a seis meses, quando você começar a instalar as antenas, a percentagem será aumentada para 50.

Um ano depois Ludujero procurou o primo dizendo:

-- Sócio, posso colocar energia solar na nossa loja?

-- Sim, Ludão e não esqueça de pegar aquela antena escangalhada que seu Jeca, ia jogar no lixo e transformá-la em entrada de ar para refrescar nossa loja.

Quando chegava em casa, Aristóteles o Papagaio mais velho exibia seus conhecimentos e Matraquita, de peito empinado estalava um "beijaço" para o esposo, que na rapidez de um comprimido efervescente transformava o cansaço de um dia de trabalho, em revigorantes e alegres momentos de extraordinário prazer.

Matraquita estava querendo fazer faculdade de filosofia. Antes de conseguir que Ludujero arcasse com o ônus falou:

-- Um filhote de baleia estava encalhado na praia e você Ludinho, olhou para mim dizendo: Simpática, pega por favor o cabo da vassoura e trás o algodão.

-- Você fez um imenso "cotonete", limpou o ouvido da "baleinha" e imediatamente ela foi embora. Sem escutar direito, não podia ouvir o chamado da mãe.

Para agregar valor ao sonho, continuei de olhos fechados na cama, imaginando a loja que você vai abrir na capital e...

Eu, Matraquita, a mais nova filósofa de Natal, chegava em casa, fitava meus seis lindos papagaios pensadores. Os intermináveis beijos de meu marido, me banhavam na maior de todas as felicidades. O que acha?

-- Sonhei com Você!

Gilberto Landim
Enviado por Gilberto Landim em 30/11/2007
Código do texto: T758807