Sobre o mais racional e sua pseudo-toxicidade

Por viver em uma sociedade em que opiniões e crenças irracionais são muito comuns e influentes, o indivíduo mais racional, isto é, aquele que desenvolve sua capacidade de pensar e julgar de maneira mais imparcial ou justa, acaba desenvolvendo uma forte tendência de antagonismo em suas interações sociais, que pode e costuma ser interpretada como um comportamento tóxico já que, ao invés de buscar concordar com os outros, faz o oposto e com o risco de gerar exaltações ou discussões acaloradas. Mas isso não passa de um efeito colateral e involuntário à interação entre opostos: os que mais buscam e lutam pela verdade ou justiça (uma minoria), e os que mais buscam adulterá-la para o próprio conforto ou por interesses mesquinhos, conscientes ou não (uma maioria). Portanto, trata-se de uma pseudo-toxicidade, se sua intenção, provavelmente, a mais nobre de todas, é sempre pela elucidação, esclarecimento ou compreensão e, então, pelo melhor julgamento.