E a morte?
A morte sempre foi e, cada vez mais é, um debate filosófico. Mesmo os mais antigos, antes mesmo da filosofia clássica (VII a.C e VI d.C.), também se debruçaram sobre o assunto, fato que podemos ver nas figuras rupestres, em achados arqueológicos etc. Nas civilizações egípcias, as múmias são outro exemplo de como a morte era questão de ordem dos povos antigos. Os nobres quando enterrados “levavam consigo” seus principais objetos de valores e estima, cuja obcecação eram tê-los no pós-morte-vida. A busca do desconhecido, do metafísico é um latente questionamento do homem no sentido de explicar a realidade física e espiritual. Certamente, é esse racionalismo que funda as bases das religiões, culturas e valores das sociedades. No início da sociedade grega, o homem tentou explicar a vida a partir de uma visão cosmológico, na qual a sociedade devia se guiar. Para o povo grego, a morte simbolizava uma passagem, e, portanto, não terminava ali. Existia um ritual, algo semelhante ao que ainda temos hoje, no sentido de garantir a tranquilidade e paz espiritual. Para o filósofo Platão (348/347 a.C.), na verdade, a vida real é a vida espiritual, pois a “real física” é apenas uma cópia imperfeita da realidade espiritual, aquela que o filósofo chama de mundo das Ideais. Para Sócrates, a alma é imortal e nós, seres vivos, somos espírito encarnado, cuja missão é conhecer a nós mesmo, em sentido de crescimento espiritual. Seguindo Platão, Sócrates diz que a alma vivia numa dimensão eterna, numa realidade eterna e praticando o bem e o belo. Assim, processo de encarnar e reencarnar, a morte seria uma depuração da alma Numa adaptação platônica, Santo Agostinho (354- 430, d.C.), em seu livro “A Cidade de Deus”, (Dei Civitate Dei) diz exatamente que a vida das almas é a vida real, dimensão a qual é o destino das almas e da vida eterna. Sabemos que isso é debate incomensurável e infinito, afinal nada se concluiu deste debate milenar. Independentemente desta busca incessante da vida pós-matéria, a morte é evento infalível e natural. Acreditamos que precisamos buscar entender e aceitar essa condição da natureza. Há o espírito que pensa, que pelos sentidos sente a vida, que é pedagógico; com seu fim, há o resíduo da alma, que fica nos sentidos das pessoas com as quais convivemos e fica no espírito para a posteridade.