Ah! meu poeta....se todos fossem iguais a você.....
Escrever com alma femina ninguém jamais ousou escrever, adorar e amar a mulher como Vinicius de Moraes.
Para viver um grande amor, preciso é muita
concentração e muito siso, muita seriedade
e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem
de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa!
é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso
sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro
eja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada
onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora
com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso
atenção como o "velho amigo", que porque é só vos
quer sempre consigo para iludir o grande amor.
É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que
não esteja apaixonado, pois quem não está,
está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar
se da verdade de que não existe amor sem
fidelidade, para viver um grande amor.
Pois quem trai seu amor por vanidade
é um desconhecedor da liberdade, dessa
imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel,
ser bem conhecedor de arte culinária e de judô,
para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser
apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito,
peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada
como a sua primeira namorada e sua viúva também,
amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas
no florista — muito mais, muito mais que na modista!
para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor
quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor
a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo
conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos,
camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas
para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra
cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica
e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante
viver sempre junto e até ser, se possível, um só
defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado
permanente não só com o corpo mas também com a
mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente
e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês
sem cortesia; doce e conciliador sem covardia;
saber ganhar dinheiro com poesia,
para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca
se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que-
que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva
obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada
para viver um grande amor.
(Vinicius de Moraes/Para viver um grande amor)
Obrigada poeta de todos nós que amamos,
muita LUZ
E acrescento com licença do poeta que para viver um grande
amor, mister é ter o dom de saber amar. de fazer do amor
um hino diário mesmo tendo que derrubar os limites dos
obstáculos, vivendo esse grande amor meio à dor da saudade
da distância e da arrebatadora paixão.
Escrever com alma femina ninguém jamais ousou escrever, adorar e amar a mulher como Vinicius de Moraes.
Para viver um grande amor, preciso é muita
concentração e muito siso, muita seriedade
e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem
de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa!
é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso
sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro
eja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada
onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora
com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso
atenção como o "velho amigo", que porque é só vos
quer sempre consigo para iludir o grande amor.
É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que
não esteja apaixonado, pois quem não está,
está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar
se da verdade de que não existe amor sem
fidelidade, para viver um grande amor.
Pois quem trai seu amor por vanidade
é um desconhecedor da liberdade, dessa
imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel,
ser bem conhecedor de arte culinária e de judô,
para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser
apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito,
peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada
como a sua primeira namorada e sua viúva também,
amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas
no florista — muito mais, muito mais que na modista!
para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor
quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor
a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo
conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos,
camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas
para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra
cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica
e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante
viver sempre junto e até ser, se possível, um só
defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado
permanente não só com o corpo mas também com a
mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente
e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês
sem cortesia; doce e conciliador sem covardia;
saber ganhar dinheiro com poesia,
para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca
se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que-
que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva
obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada
para viver um grande amor.
(Vinicius de Moraes/Para viver um grande amor)
Obrigada poeta de todos nós que amamos,
muita LUZ
E acrescento com licença do poeta que para viver um grande
amor, mister é ter o dom de saber amar. de fazer do amor
um hino diário mesmo tendo que derrubar os limites dos
obstáculos, vivendo esse grande amor meio à dor da saudade
da distância e da arrebatadora paixão.