A EXPANSÃO URBANA DE ARAGUAÍNA-TO E SEUS DESDOBRAMENTOS SOCIO ESPACIAIS: UMA ANALISE CRÍTICA

Thayssllorranny Batista Reinaldo é Doutoranda na Universidade Federal do Ceará

Aires José Pereira é professor Associado I no curso de Geografia da Universidade Federal de Rondonópolis

Introdução

Destaca-se através deste estudo primeiramente alguns conceitos de fundamental importância, como o de cidade onde CARLOS diz que esta, é um conjunto de relações que se concretiza no espaço, outro é o de urbanização que segundo LEFEBVRE é um complexo de relações e fatores tanto bons como ruins, como, festas, cultura, lazer, indústrias e em contra partida, os conflitos o crescimento das periferias devido o acumulo de pessoas pobres que migram em busca de emprego e por não encontrarem o que lhes resta são esses locais.

Buscaremos compreender também o espaço urbano como discorre CORRÊA quando afirma que esse espaço nas cidades capitalistas é desigual e fragmentado. Outro assunto que aqui se destaca é a organização espacial e seus promotores, os agentes que modelam o espaço urbano como imobiliários, os proprietários dos meios de produção, o estado entre outros. A intervenção do estado na produção do espaço urbano, seja através das leis, implantação de instituições, cobrança de impostos etc. Tudo isto acaba interferindo direta ou indiretamente na formação espacial da cidade.

A urbanização do Tocantins em seu início, apenas Araguaína tinha um médio porte, outras oito cidades eram pequenas, até mesmo palmas e as demais estavam em processo de transição. A cidade de Araguaína é de fato o nosso objeto de estudo na qual se objetiva compreender um breve histórico, o seu processo de urbanização, o crescimento a formação de alguns setores a renovação do urbano que afasta as periferias, e a especulação imobiliária que aproveita a implantação de certas políticas públicas para ganhar lucro com o alto preço dos lotes ou aluguel de imóveis.

Discutiremos também a questão da arborização na cidade de Araguaína. Como se encontra e a opinião das pessoas em relação ao problema, qual a importância de se ter uma cidade bem arborizada. Temas outros que não se pode esquecer é como se encontra a situação dos portadores de necessidade especiais ao andar nas ruas esburacadas sendo este um outro enfoque deste trabalho e por fim as fossas rudimentares um problema, pois essa cidade não dispõe de rede de esgotos.

1. Definição de cidade

Para Carlos, a cidade é um conjunto de fatores sociais, culturais e as relações nela existentes, como por exemplo, ruas, casas, carros, pessoas, comércio, industrias, instituições de ensino, unidades de saúde, bancos, e a própria paisagem da cidade como, árvores, sons, poluição, eventos, conflitos entre outros. Pois observa-se que na cidade ocorre uma gama de relações tanto boas como ruins, que configuram e transformam o espaço urbano.

a cidade tem sido analisada como concentração de produção, instrumento de produção, atividades de serviço, infraestrutura, reserva de mão-de-obra, trabalhadores, sobre tudo, mercadorias […] ruas, prédios, carros, gente etc. (CARLOS, 2007.p. 70)

A autora coloca, que a cidade não é somente um modo de viver e pensar, mas existe outras relações como interesses de consumo, lazer e principalmente interesses econômicos e políticos. A cidade também é um palco de lutas de classes, movimentos sociais e reivindicações, onde as pessoas buscam uma melhoria de vida, e uma garantia dos seus direitos. Observa-se que na cidade existe uma apropriação do território, onde as pessoas utilizam o solo para morar e viver, onde estas constroem suas casas. É neste local que há extração da mais-valia, pois a cidade representa um trabalho materializado, ao mesmo tempo em que esta representa uma determinada forma de produção e reprodução de um sistema especifico.

A cidade é um modo de pensar, mas também sentir. O modo de vida urbano produz ideias, comportamentos, valores, conhecimentos, formas de lazer, e também uma cultura. […]. A cidade aparece como materialidade, produto do processo de trabalhado, de sua divisão técnica, mas também da divisão social. É materialização de relações da história dos homens, normatizadas por ideologias; é forma de pensar, sentir, consumir, é modo de vida, de uma vida contraditória. (CARLOS, 2007. p. 26).

Na concepção de Sousa, a cidade representa um complexo de vários fatores e não existe uma definição e uma compreensão rígida do que esta seja. Ele coloca que a cidade tem várias maneiras e definições, onde cada autor tem à sua maneira de compreender o que venha ser uma cidade. Para ele “A cidade é um objeto muito complexo e, por isso mesmo, muito difícil de se definir”. (SOUSA, 2008. p.24).

Urbano

Para LEFEBVRE o urbano é um complexo de todos os conteúdos desde pessoas, animais, árvores, ruas, praças as relações entre todos, os processos de industrialização a inclusão e exclusão de seres, os movimentos de trânsitos, os serviços de saúde educação, comércios com os seus variados produtos desde frutas até produtos super industrializados de variadas marcas e preços, também os veículos de comunicação. Baladas lugares de eventos, as festas, e outros seja coisas boas ou não, seja natural ou artificial, mas que estão juntos formando o urbano então essas relações, entre esses conteúdos e que se concretiza o urbano, mas para o entrevistado professor Aires da UFT, o urbano é todos esses conteúdos e também uma boa infraestrutura e que nem toda cidade é urbano e nem todo urbano é cidade, pois cidade tem de ser emancipada e muitas não possuem qualquer estrutura urbana.

(...)o urbano é cumulativo de todos os conteúdos, seres da natureza, resultados da indústria, técnicas e riquezas, obras da cultura, aí compreendidos maneiras de viver, situações, modulações ou rupturas do cotidiano. (...) no entanto, se o urbano é, assim, sociológico, ele não constitui um sistema. Não existe sistema do urbano, nem isenção do urbano nem sistema unitário de formas em razão da independência (relativa) entre formas e conteúdos. Isso impede definir o fenômeno urbano. (LEFEBVRE. 1999. p. 110.)

Dessa forma o urbano se configura pela concretização das relações entre os conteúdos, passado de geração em geração até o presente, esse processo acumulativo historicamente, desde social, cultural ou econômico, seja a socialização dos grandes capitalistas, os médios comerciantes, mas também os pobres que vivem nas periferias, empregados ou não, rico e pobre tudo isso são características que formam o urbano.

Espaço Urbano

O espaço urbano conforme CORRÊA, é constituído por diversas áreas, área industrial, comercial, residencial, e outras, mas que todas elas se relacionam umas com as outras mesmo que de maneira diferenciada, essas relações ocorrem de variadas formas, desde pessoas ao ir as compras ou ao trabalho e até mesmo as áreas de lazer e as visitas aos parentes esses deslocamentos são característica do espaço urbano. Temos ainda as relações menos visíveis a do capital envolvendo a circulações de decisões e investimento do capital, mais valia salário lucro juros essas são praticas sociais da própria sociedade.

No dizer de CARLOS o espaço urbano é uma junção e acumulo histórico, é o movimento de produção em suas várias detenções presa a uma totalidade ampla, o capital que amplia o espaço através de suas indústrias e seus desdobramentos, a instituições, as favelas, as pessoas em todo espaço. A autora fala que a pratica urbana ganha sentido na produção e reprodução das relações sociais, onde esta é mutável, e se transforma periodicamente, isso ocorre principalmente com os interesses da acumulação, crescimento cada vez maior do capital. Sobre isso discorre CORRÊA o espaço urbano capitalista.

Dois pontos agora devem ser indicados primeiramente por ser reflexo social e fragmentado o espaço urbano especialmente o da cidade capitalista é profundamente desigual a desigualdade constitui-se em características própria do espaço urbano capitalista. Em segundo lugar, por ser reflexo social e porque a sociedade tem a sua dinâmica, o espaço urbano é também mutável dispondo de uma mutabilidade que é complexa, com ritmos e natureza diferenciados. (CORRÊA.1989 p. 8.

Dessa forma tanto para CARLOS como para CORRÊA o espaço urbano é mutável e se modifica constantemente. O segundo autor diz que o espaço urbano é desigual e é também fragmentado e devido isso ocorre no espaço urbano os conflitos as lutas de classes e as reivindicações onde as pessoas buscam o direito de ser cidadão plenos, e objetivam assim uma igualdade para todos, este autor fala ainda das condições de produção e reprodução viabilizada pelo fato de se ter vários comércios, indústria e outro juntos comprando e vendendo isso constitui a produção das condições de produção.

Organização Espacial e seus promotores

Segundo CORRÊA a organização do espaço urbano se da através das ações dos agentes sociais concretos, e não um mercado metafisico ou processo aleatório agindo sobre um espaço abstrato. A ação desses agentes é complexa, derivando da mutação de acumulação de capital, este produz e reproduz o espaço na busca de expansão e ampliação, das necessidades mutáveis de reprodução das relações de produção e assim aumentando também as periferias a violência e os conflitos de classes que dela emerge.

A complexidade da ação dos agentes inclui práticas que levam a um constante processo de reorganização espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano, densificação do uso do solo, deterioração de certas áreas, renovação urbana, relocação diferenciada da infraestrutura e mudança, seletiva ou não, do conteúdo social e econômico de determinada área da cidade. (CORRÊA. 1989. p. 11.)

O autor levanta algumas problemáticas em relação aos agentes ou promotores que atua na organização do espaço urbano, ele questiona quem são esses agentes que fazem e refazem a cidade? Que estratégias e ações concretas desempenham num processo de fazer e refazer a cidade? Em resposta as essas problemáticas, Corrêa coloca os seguintes agentes a) os proprietários dos meios de produção. Sobre tudo os grandes industriais. b) os proprietários fundiários. c) os promotores imobiliários, d) o estado, e) os grupos sociais excluídos entre outros. Esses são os agentes que modela cria e recria, amplia transforma o espaço urbano.

A Intervenção do Estado na produção do espaço urbano

Corrêa descreve que o Estado também atua na organização espacial da cidade. Sua atuação tem sido complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte. O Estado atua em três níveis políticos administrativos e sociais; Federal, Estadual e Municipal, cada um desses nível sua atuação muda. É o Estado que promove os serviços públicos, como saúde, educação, pois as pessoas pagam os impostos, ou seja, paga para que o poder público administre a cidade e providencie esses serviços para a população.

No entanto é através da implantação de serviços públicos como sistema viário, calçamento, água, esgoto, iluminação, parques coleta de lixo, etc. Interessante tanto para as empresas como para a população em geral (...). A elaboração de leis, é normas vinculadas ao uso do solo, entre outro. As normas do Zoneamento e o código de obras, constitui outro atributo do Estado no que se referre o espaço urbano. (CORRÊA. 1989. p. 24.)

Sendo assim o Estado é que tem a obrigação de tomar medidas para organizar o espaço urbano, desde aberturas de novas ruas, saneamento básico, criação de praças e outros fatores e políticas públicas para atender a população, que paga seus impostos, mas segundo CORRÊA em cidades capitalistas como as da América, quem acaba ganhando são os grandes proprietários de terras e comerciantes e a população pobre fica apenas com as periferias, onde essas em muitos casso com a renovação do urbano que favorece o rico e a ampliação do capital, acaba afastando os menos favorecidos para mais distante.

Como exemplo disso temos a própria UFNT (Universidade Federal Norte do Tocantins) que “ganhou” um pedaço de terra para se instalar no Setor Cimba atendendo o interesse dos proprietários que visavam a valorização de seus terrenos. Inclusive, foram vários órgãos públicos para esta área elevando indiscutivelmente seus valores imobiliários. É interessante frisar também que a área da UFNT (unidade Cimba) é muito pequena para comportar o número de cursos e estudantes. A instituição se parece mais com uma escola secundária. Referimo-nos ao espaço físico da UFNT (unidade Cimba), pois a mesma deveria ter sido construída na EMVZ (fazenda). Lá na unidade EMVZ há muito espaço a ser construído, mas, de acordo com a ciranda especulativa do espaço urbano, alguns grupos econômicos do ramo imobiliário precisavam auferir lucros maiores com sua instalação no Setor Cimba.

Urbanização no Tocantins

Segundo o livro do IBGE 1996 o Tocantins é mais novo estado da Região Norte e no seu inicio este era formado por 79 municípios e apenas oito possui população urbana superior a 20 mil Habitantes, sendo na qual as maiores cidades era Araguaína, Gurupi e Palmas, mas destas a que se destacava era apenas Araguaína, com uma população de 105 mil habitantes. O Tocantins é uma exceção dentro desta região Brasileira citada acima, possui uma rede urbana consolidada dentro do próprio Estado, e Palmas capital está situada em uma localidade que favorece todos os tipos de relações seja econômica, social ou políticas internas.

Segundo a classificação proposta pelo IBGE, apenas um município Araguaína, figura como município urbano de média dimensão demográfica e oito são considerados municípios urbanos de pequenas dimensões demográficas, inclusive Palmas a capital do estado; 24 estão entre os municípios em fase de transição e os demais aparecem como municípios rurais de pequenas dimensões demográficas. (IBGE. p. 68.)

Assim se configura a urbanização do estado onde há oito pequenas cidade outras em processo de transição e apenas uma de médio porte no caso Araguaína e também por ser maior do estado em termo de população e devido possuir mais serviços públicos e de uma razoável qualidade, caracteriza como um polo regional, como coloca o entrevistado, professor Francisco, concesso da católica, este município abrange, não só o norte do estado mas consegue chegar a ultrapassar fronteira para atender outros estados vizinhos como Sul do Pará e Maranhão, outro fator que privilegia esta cidade é sua posição geográfica em relação aos outros municípios, círculos vizinhos.

Um fator que fortalece muito os vínculos internos do Tocantins são algumas cidades centros bastantes importantes próximas, como Goiânia-GO e triangulo mineiro MG, cidades polo de negócios e serviços. Outra grande vantagem é a sua posição geográfica permitindo este se relacionar com diversas regiões do Brasil, através da BR153 e algumas TOs.

Expansão e urbanização de Araguaína

Após termos compreendido alguns conceitos muito importantes sobre cidade, urbano, espaço urbano, Organização Espacial e seus promotores, A Intervenção do Estado na produção do espaço urbano, urbanização do Brasil, urbanização do estado do Tocantins, faz-se necessário entender um pouco mais sobre á história, expansão sócio-espacial e urbanização do município de Araguaína-TO. Segundo Nascimento esta surgiu com a vinda da família de Sr. João Batista da Silva provenientes da cidade Paranaguá-PI, que acamparam às margens direita do rio Lontra, na qual denominaram “Livre nos Deus”, pois os mesmos tinham medo dos ataques indígenas e dos animais selvagens. Posteriormente vieram mais moradores para este acampamento onde este passou a ser denominado Lontra, na qual mais tarde se tornaria um município que se chamaria Araguaína, onde no dia 14 de novembro de 1958 esta foi emancipada.

[…] a região da cidade mencionada era habitada por índios da tribo Carajás. Somente por volta de 1876, tem se o inicio do desbravamento com a família de João Batista da Silva, proveniente da cidade de Paranaguá, no estado do Piauí. A família estabeleceu-se ás margens do rio Lontra e denominaram o local de “livre nos Deus” devido aos ataques indígenas. Depois, com a vinda de outros moradores o povoado ganhou o nome de Lontra e mais tarde, Araguaína. Pela lei municipal N°. 86 de 30 de setembro de 1953, foi transformado em distrito e chamado de Araguaína, em função do Rio Araguaia. Somente em 14 de novembro de 1958, foi emancipado a condição de município, tendo sido instalado oficialmente, em 1 de janeiro de 1959. (NASCIMENTO, 2005. P. 18-19).

Nesse período o município de Araguaína, dependia economicamente e comercialmente dos municípios de Babaçulândia e Filadélfia. Pois aqui segundo um entrevistado o Sr. Milton Vieira dos Santos, o único supermercado que havia na época era o do seu Osvaldo Cardoso, onde se vendia principalmente bananas, suas prateleiras eram feitas de babaçu, pois essa era umas das matéria-prima mais fácil de ser encontrada na região e era de onde muitas famílias tiravam seu sustento. Nesse mesmo período as águas dos rios não eram poluídas e podiam ser consumidas normalmente, chovia-se durante a maior parte do ano, e não havia energia elétrica.

Nessa época a principal forma de escoamento dos produtos, eram por meios de navegação, devido a ausência de rodovias, situação esta que se configurou devido a construção da BR-153 nas décadas de 50 e 60. Na qual esta contribui significativamente para o desenvolvimento socioespacial deste município, o que ocasionou o estancamento da influência dos municípios acima mencionados sobre a cidade Araguaína - TO.

Araguaína por estar num entroncamento de rodovias que interligam os estados do Pará e Maranhão e sendo cortada pela rodovia BR-153, consequentemente transformou-se num “polo” regional que atende o norte do Estado e sul do Pará e sul do Maranhão […]. (SILVA, 2006.p.15)

Então pode-se perceber que a partir de 1960 Araguaína começa a se modificar de acordo com as necessidades existentes, outros estabelecimentos começam a surgir na cidade relacionadas com as ofertas de bens e serviços. Nesse período o fenômeno urbano já estava tendo um crescimento bastante significativo, mas, no entanto, esse crescimento só veio a se desenvolver com a construção da Rodovia Belém Brasília. Com esta construção, Araguaína ganha novos rumos para se desenvolver com esses novos estabelecimentos comerciais, surgindo a abertura de novas ruas ganhando novas características de espaço urbano.

No entanto, o impulsionamento ao espaço urbano só veio ocorrer com a construção da Rodovia Belém-Brasília, contribuindo maciçamente no desenvolvimento do espaço urbano de Araguaína (…). a importância dessa Rodovia para a cidade de Araguaína pode ser constatada a partir de uma nova dinâmica que se instalou, (…) a cidade passou por um processo de revitalização e expansão de sua área urbana e sobretudo, no que toca a circulação de pessoas e mercadorias. Com a construção da Rodovia Belém-Brasília Araguaína passa a ser um ponto estratégico que possibilita a implantação do “novo” do “moderno”. (SILVA, 2006, p. 13).

Nos anos de 1970 é que começa a concretizar esse desenvolvimento com instalações de instituições na área de saúde, educação, comércios, agências bancárias tornando-se um grande polo regional passando a ter influência sobre as cidades círculos-vizinhas e até mesmo sobre outros estados como sul do Pará e Maranhão. Nesse período é onde começa o maior foco imigratório ocasionando a expansão dos bairros. Com o crescimento imigratório observa-se um crescimento desordenado no município de Araguaína - TO, onde as pessoas passam a vir para a cidade em busca de melhorias de vida e, por não encontrarem emprego acabam ocupando áreas impróprias, formando-se assim as áreas periféricas, onde as pessoas muitas vezes não tem o mínimo para sua sobrevivência.

(…) essa cidade foi ganhando novos rumos e sentidos de formas aceleradas, ou seja, foi crescendo sem planejamento e sem controle urbano (…) onde as pessoas chegam aqui e começam a fazer moradias em qualquer lugar da cidade (…), mesmo que este seja um lugar onde os riscos para a sua própria vida, como em locais que ocorrem enchentes ou deslizamentos de terras. (VIANA, 2000, p. 14).

Essas ocupações dessas áreas impróprias se deram devido a falta de condições financeiras dessas pessoas, pois estas não tinham como comprar uma moradia em locais mais próximos ao centro, pois os mesmos passam a ter um valor muito alto devido a especulação imobiliária. Devido ao aumento da procura, os espaços que antes eram considerados periféricos começam a ganhar novos atrativos, assim essas áreas se tornam mais valorizadas. Como por exemplo o setor Araguaína Sul, pois o processo de urbanização é decorrente da apropriação para diferentes usos: industrial, comercial, residencial entre outros serviços.

A área do setor Araguaína Sul, especialmente a rua Aparecida, Macieira e Jatobá antes considerada como áreas de locus residencial, agora passa por constantes transformações na implantação de equipamentos urbanos, dessa maneira o espaço passa a assumir novas funções, assim os espaços residenciais (improdutivos) “dão” lugar aos espaços dos negócios (produtivos). (ALVES,2006, p.20).

Essa expansão dos negócios é a ocorrência da descentralização do capital que antes era localizado no centro onde ele circulava com mais intensidade. Mas com o crescimento populacional esses mercados vão tomando espaço e afastando cada vez mais as periferias, isso também ocorre devido as ligações com as principais ruas e avenidas da cidade. Verifica-se então, que outros setores também passaram por este processo acima mencionado, como é o caso do setor Cimba, onde podemos perceber outras relações existentes no espaço urbano, onde constatam-se a expansão e a especulação imobiliária, tendo consequentemente um significativo aumento nos preços dos lotes e moradias do setor aqui mencionado, relações estas que se intensificou a partir da construção do CAT ( Centro de Atividade do Trabalhador), casa do estudante, IFTO (Instituto Federal Tocantinense), UFNT (Universidade Federal Norte do Tocantins), entre outros estabelecimentos comerciais.

[…] notar-se que no setor Cimba, essa valorização do solo é constante por se tratar de uma área com incidências de investimentos públicos e privados que é testemunhado pelos equipamentos já instalados a exemplo do CAT, e aqueles que vem se instalando como a Universidade Federal do Tocantins, casa do estudante entre outros. (SILVA, 2006. p. 27).

Dessa forma o setor vem ganhando bastante privilégios e infraestrutura ampliando o seu espaço urbano isso se da principalmente pelas estratégias politicas como nos conta o entrevistado professor Elias da UFT que a vinda da Universidade Federal do Tocantins para este local foi interesse político pois eles queriam que a mesma foce instalada na área da MVZ (veterinária e zootecnia) onde o espaço é bem maior podendo proporcionar mais condição de ampliação para a universidade

Como esta instituição dita acima veio a se instala neste setor, e outras, como: (projeto Futuro), posto de Saúde (Projeto em votação na câmara municipal), uma área foi destinada para a construção da igreja católica. A casa de apoio do índio, chamada de FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) que presta serviço e onde da toda assistência de saúde ao índio, inclusive com alojamento e restaurante. Com essas instituições e outros fatores, vem trazendo, mais benefícios aos proprietários do setor cimba, e o aumento dos preços de lotes o que nos retrata também o entrevistado, Francisco da CATÓLICA contribui com o crescimento para essa região e também com o setor imobiliário. Sobre isso discorre Silva.

Dessa forma os promotores imobiliários vão dando novo impulso ao mercado de imóveis, abrindo novos loteamentos residenciais criando novos atrativos (...). Com o aumento da procura por imóveis na cidade, os promotores imobiliários forçam a alta dos preços em alguns setores. (SILVA, 2006, p.27-28).

Com isso as pessoas pobres acabam sendo obrigadas a se instalarem em lugares mais distante da cidade sem qualquer infraestrutura e qualidade de vida, onde muitas vezes essas pessoas não tem ao mesmo o que se alimentar todos os dias, e assim acabam por não ter qualquer perspectiva de crescer, estudar, conseguir algo, tendo assim uma vida limitada.

A importância da Avenida Cônego João Lima em Araguaína - TO

A avenida Cônego João Lima é uma das principais avenidas da cidade de Araguaína - TO, ela é paralela as avenidas 1º de janeiro e Treze de Maio. A avenida Cônego João Lima tem grande influência na economia de Araguaína, agregando boa parte dos comércios e das lojas deste município, ou seja, ela apresenta várias lojas de tecidos, hotéis, comércios de secos e molhados, bancos e farmácias entre outros. Observa-se que á um grande fluxo de pessoas e automóveis, trafegando em meio a esta. ” [...] a Avenida Cônego João Lima é uma das principais áreas de influência na dinâmica econômica da cidade[...]” (NASCIMENTO, 2005. p. 25).

Segundo os entrevistados, os professores da Universidade Federal Norte do Tocantins, Elias da Silva e Airton Sieben. A Cônego João Lima, é o coração comercial, mais não somente ela, mas também a Primeiro de Janeiro que fica próximo a esta. Onde estas agregam grande parte da área comercial da cidade, tendo varias lojas como, utensílios, varejo, calçados entre outros, que contribuem significativamente para a economia da cidade.

Falta de Arborização em Araguaína - TO

Observa-se que no município de Araguaína - TO, há uma ausência muito grande de árvores, também há praças e canteiros centrais, sendo chamados de áreas verdes do município, porém, estes são classificados de maneira inadequadas e o poder público nem se preocupa. Dessa forma se ver também outro exemplo de total descaso por parte do poder público, são as ruas esburacadas e as praças e avenidas sem qualquer tipo de árvores, pois deveria haver incentivos para as pessoas da comunidade estarem plantando, e teria de ser aplicado multas a aqueles que cortassem as já existentes, assim a cidade seria bem melhor, mais bonita e agradável de se viver.

Para os entrevistados os, professor Elias da Silva e Airton Sieben, a arborização em Araguaína é precária, e precisa urgentemente ser melhorada, pois toda a população sofre devido o problema. Para ele, tem que haver uma cooperação entre o Estado e o município, onde juntamente com igrejas, escolas, e toda população, deveria trabalhar junto em prol de uma educação ambiental, pois é desde cedo que temos que ensinar nossas crianças. E preciso que o poder público juntamente com o Estado e os bairros do município, desses incentivos para que as populações possam estar cada vez mais empenhadas neste proposito.

SOUSA, Danúbia Oliveira, coloca que a boa arborização preserva a fauna silvestre, e possibilitando se ouvir o canto dos pássaros de várias espécies. Contribui com a diminuição da temperatura, pois absorvem os raios solares e refrescam o ambiente devido a alta quantidade de água transpirada pelas folhas e melhorando a qualidade do ar.

Nota-se na cidade de Araguaína á uma grande carência de áreas verdes, e também há praças e canteiros centrais, sendo classificados como espaços verdes da cidade, porém, estes se apresentam de formas inadequadas.

Com a falta de preocupação do poder público e a vasta ocupação dos espaços e a falta de consciência das pessoas, a cidade fica cada vez mais destruída e sem espaços naturais. A arborização nos centros urbanos é de grande importância. Anos atrás acreditavam que as árvores possuíam apenas importância econômica, como na extração da madeira, mas estudos realizados comprovam que as árvores trazem muitos benefícios ambientais. Devido ao crescimento demográfico os espaços verdes vão se tornando cada vez mais espaços.

SOUSA, (2005, p. 15) Danúbia Oliveira afirma: algumas cidades criam seus planos diretores e reservam uma porção do setor urbano para proteção ambiental, esta parcela tem o nome de áreas verdes. As praças caracterizam-se como áreas verdes, mas, no entanto, são muito pobres em relação ao cultivo de árvores, pois a própria população acaba por destruírem essas vegetações tão importante na vida dos seres vivos.

A importância das árvores para a infiltração de água no solo ao comentar que cada árvore adulta com copas grandes e sistema radicular relativo ao mesmo tamanho tem a capacidade de infiltrar no solo uma grande quantidade de água. De maneira que um bom planejamento arbóreo evita alguns transtornos urbanos causados pela ação pluviométrica como desmoronamentos. ROCHA (2001)

Comenta ROCHA que arborizar os corredores entre avenidas amenizará a dispersão de poluentes às outras áreas, melhorando a qualidade do ar de motoristas e pessoas em geral que transitam pelas ruas. As árvores também servem como obstáculos sonoros, pois reduzem a intensidade de sons produzidos por autofalantes, indústrias, carros e outros. Uma praça bem arborizada torna-se um ótimo ambiente para leitura e relaxamento, devido às árvores diminuírem os sons produzidos em suas proximidades.

Destaca-se a importância da educação ambiental, para que a comunidade aprenda e se interesse pelos benefícios de uma cidade bem arborizada, que as pessoas comecem a ajudar a não destruírem estes espaços, não só conservar, mas também contribuir fazendo plantios em lugares onde não possuem qualquer tipo de arborização, e o poder publico também precisa fazer sua parte. As escolas podem conscientizar suas classes para que elas possam se envolver juntas, pois não cabe apenas ao poder público, a manutenção e conservação dessas áreas, mas principalmente da colaboração da população. Por isto a necessidade de conscientizar não só os alunos, mas a comunidade de forma geral.

As ruas esburacadas e a ausência do Estado

A situação dos buracos de Araguaína é um caso complicado, a população já não aguenta tanto descaso por parte do poder público que não se importa com a cidade, de acordo com o entrevistado André esse tipo de evento é uma vergonha para todo o município e principalmente os governantes que tem a maior parcela de culpa, e devido a grande quantidade de chuvas que ocorrem em 6 meses, e quando este período acaba o poder público municipal não haja para solucionar o caso, pelo contrário espera mais 6 meses para o problema começar novamente e usar essa desculpa de período de chuvas par não realizar as obras de tapamento dos buracos.

Para a Cristina é praticamente impossível trafegar pelas ruas de Araguaína, principalmente em dias de chuvas, muitas vezes a prefeitura tampa os buracos, mas o material é de má qualidade e logo esta do mesmo jeito, antes os buracos eram menores, mas de uns 2 anos para cá estes tem aumentados bastante, a prefeitura não se importa com a cidade.

Para o professor Elias da Silva, existe tantos buracos em Araguaína devido este não ser bem feito com uma boa qualidade, isto porque as ruas, as calçadas são malfeitas, ele fala que o asfalto tem uma camada muito fina por isto é chamado de “asfalto casca de ovo”. Para ele os buracos já se tornaram algo “cultural”, como se Araguaína, não merecesse políticas públicas voltadas para o melhoramento dessas estradas, e muitos administradores da equipe política dizem que esses buracos sempre existiram na cidade, o que demostra que estes não estão preparados para administrar este município. Para ele o que deveria ser feito era um planejamento adequado, de construção e de reconstrução das ruas, de forma correta com redes de esgoto, galeria pluvial, calçadas adequadas, ou seja, observa-se que a uma falta de planejamento local, ele acrescenta ainda que deveria ter mais cobrança por parte dos moradores diante destas questões.

A falta de acessibilidade aos portadores de necessidades especiais em suas ruas

Outro grave problema que é observado e está presente em Araguaína - TO, é a questão da acessibilidade que as pessoas com necessidades especiais não encontram em alguns locais deste município. A maioria das ruas não tem rampas nem passarelas, dificultando o direito de ir e vir das pessoas. O problema não está somente nas ruas, mas em quase todos os locais de modo geral. Como nos transportes públicos, as ruas são cheias de altos e baixos dificultando a passagem de pessoas com necessidades especiais e pedestres de modo geral. Até mesmo espaços públicos e privados como bancos, praças, escolas, supermercados, farmácia, lojas, hospitais entre outros, não dão condições para que estas pessoas se locomovam com mais facilidade.

Foram entrevistados alguns estudantes do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Tocantins onde foram perguntadas algumas questões, sobre a falta de acessibilidade aos portadores necessidades especiais em alguns locais no município de Araguaína - TO. Dentre eles o acadêmico André Pereira, onde este fala que o Estado garante o direito a todos os cidadãos logo o livre acesso deveria ser respeitado. Cristina Mendes Araújo fala que não é por que uma pessoa tenha deficiência, que esta não tenha o direito de sair pela cidade. Mas como a situação em que se encontra as ruas da cidade é precária, com tantos buracos e cheia de altos e baixos, devido também o grande trafego de carros, fica muito difícil para que as pessoas com deficiência física possam andar livremente pela cidade. Como o poder público não se importa com os deficientes como relata, André e Aparecida então o mesmo não procura melhoria

De acordo com André, os deficientes muitas vezes são esquecidos, e para Francisco estes são ignorados. Os entrevistados acreditam que a cidade deveria ser mais acessível, e o poder público deveria buscar mais recursos, para que a população araguainense possa ter uma melhor qualidade de vida. Nota-se então de acordo com os entrevistados, que á um descaso do poder público em relação a acessibilidade de pessoas com deficiência na cidade de Araguaína - TO, onde muitos locais não tem as condições devida para que estas pessoas possam estar transitando com mais facilidade e segurança.

Além da questão da falta de acessibilidade em alguns locais da cidade, pode-se notar também que em Araguaína existe outro grande problema que são as fossas, elas na maioria das vezes são feitas nas calçadas, segundo a entrevistada Cristina Mendes, fala que não é correto que essas fossas sejam feitas nas calçadas pois é por estas que as pessoas podem transitar pela cidade, e fala que é perigoso andar por elas, pois algumas calçadas são muito antigas e correm o risco de despencarem. Na concepção do André Pereira, deveria ser feito uma rede de esgoto eficiente, ou as fossas deveriam serem feitas dentro dos lotes para deixar as calçadas livres para servir de passagens para as pessoas.

Considerações finais

Observa-se então a partir deste trabalho que cidade, é um conjunto de fatores sociais, culturais e as relações nela existentes, como por ruas, casas, carros, pessoas, comércio, industrias, instituições de ensino, unidades de saúde e outros, e o urbano é um complexo de todos os conteúdos desde pessoas, animais, árvores, ruas, praças as relações entre todos, os processos de industrialização a inclusão e exclusão de seres, os movimentos de trânsitos. Dessa forma o urbano se configura pela concretização das relações entre os conteúdos.

Compreende-se também que O espaço urbano coniforme CORRÊA, é constituído por diversas áreas, área industrial, comercial, residencial, e outras, mas que todas elas se relacionam umas com as outras mesmo que de maneira diferenciada, e segundo CORRÊA a organização do espaço urbano se da através das ações dos agentes ou promotores sociais concretos, e não um mercado metafisico ou processo aleatório.

O Estado também atua na organização espacial da cidade. A elaboração de leis e normas vinculadas ao uso do solo urbano, por exemplo, é dever e obrigação do estado.

Vimos que Araguaína surge com a vinda de uma família do estado e se instala nas margens do rio lontra, tempos mais tarde vem mais gente e então forma uma vila chamada Livra nos Deus, passa a se denominar de lontra e depois Araguaína, sendo assim chamada até hoje esta cidade que antes dependia de Filadélfia e Babaçulândia, mas tem ganha uma nova ruma com a construção da BR-153, podendo escoa seus produtos através desta, e as cidade que dependia dos rios param de crescer estagnando-se.

Araguaína cresce e se urbaniza de forma desordenada, criando as periferias com a vinda de pessoas pobres em busca de melhoria de vida e como não encontram emprego então o que lhes restam são esses locais, e as evasões provocando os conflitos. Com a descentralização do capital do centro para as outras áreas, assim ocorre a renovação dos bairros onde este se valoriza e afasta as periferias para locais ainda mais distantes,

Referências

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SOUZA, Marcelo Lopes de. ABC do desenvolvimento urbano. ed. 4 Rio de Janeiro, Bertrand Brasil 2008.

Aires José Pereira e Thayssllorranny Batista Reinaldo
Enviado por Aires José Pereira em 19/06/2022
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