Experiência de bordo. Uma breve reflexão!  

(Avisos aos viajantes) 

Por Marco Bittar. 

 

Bem, ao ler sobre a situação dos amigos que viajam de carro e tem dúvidas sobre o que levar, lá venho eu com as minhas histórias. Durante muitos anos viajei e pesquei em diversos lugares, desde regiões de mar aberto até o interior da região amazônica subindo por Mato Grosso. Por ter sido diretor em um Clube de Caçadores do Rio de Janeiro, fundado em 1934. Vi muitas fotos e ouvi muitas histórias, até o advento das famosas “Super 8” pequenas câmeras filmadoras dos anos 70. Bem nesse clube havia muita gente com grana, mesmo que não fossem muito espertos, pois lembro de um sócio que caçava na África e levava o Sinca dele para lá pois não queria andar em carros duros. Quando ficou mais velho levava um Santana. Mas isso é uma outra história, lá eu conheci os Land Rovers nome de um carro que era dividido por séries I, II, IIA e III. Depois que foi vendida para a BMW criou-se o Defender com o desenho semelhante e depois vendida para a Ford, caiu de qualidade e acabou sendo comprada pela TATA Indiana, que computadorizou totalmente todos os modelos do que chamamos hoje de Land Rover e que não tem nada a ver com os que eu via nos filmes em Super 8 que o povo endinheirado trazia da África. Foi assistindo um desses filmes que fiquei um bocado impressionado ao ver um carro quebrar a bengala traseira, e, consequentemente perder a roda inteira com o semieixo. A solução que eles encontraram foi, retirar o eixo cardã traseiro, bloquear o diferencial central, apoiar em um tronco de árvore com uns 50cm bem amarrados no eixo do carro e continuarem a viagem. Bem para alguém ainda jovem era algo surreal, pois eu só conhecia carros de passeios ou os Jeeps Willis, que eram bons, mas viviam próximos a locais que vendiam peças, diferentes desse da África. Então eu comecei a aprender o que deveria ter no carro.

 

Vamos lá, a primeira coisa é um manual do proprietário, a segunda o manual de manutenção do carro (o das concessionárias). Conhecer mecânica automotiva e saber quais peças se trocam a quantos KM ou quais podem quebrar com mais facilidade e carregar as mesmas como sobressalentes. Claro para isso temos de aprender mecânica e frequentarmos alguma oficina para por em prática tal conhecimento.  Bem isso tudo que narrei era útil até o final dos anos 90 e nos Land Rover, Jeep Willis, Fusca e outros ícones da indústria de automóveis mecânicos.

 

Entretanto, com a virada do milênio, a primeira década tornou-se ambígua, pois as pessoas queriam veículos que pudessem ser Off-road, mas não tinham a mínima experiência de manutenção e custos de tais “brinquedos”.

 

Começaram a surgir então os “Celulares com rodas” invento típico de satanás. Ao abrir o capô dessas coisas criadas no Autocad por um engenheiro, no ar-condicionado, para ser montado por robôs e manutenido por firmas com suportes para carrocerias, onde para trocar uma simples correia dentada é necessário remover a carroceria do Chassi (Discovery 3 e 4), descobrimos que há uma carenagem que impede totalmente o acesso a um simples filtro.

 

Se for mexer em algo tem de avisar ao computador que trocou uma lâmpada ou ele vai acender uma luz no painel que há uma pane mortal, quando é apenas uma lâmpada que foi trocada e não computadorizada.

 

Bem sendo assim, o proprietário de um “Celular com Rodas”, só precisa de uma ferramenta no carro... i) Um excelente jogo de celulares de diversas operadoras e um bom celular por satélite para acionar o Seguro ou o Reboque do mesmo. Mas ainda sobraram alguns itens que podemos fazer tipo trocar um pneu. Acho que o computador não deve implicar com isso. Então para isso nada melhor que ter as chaves de roda e dois macacos com um bom toco de madeira para calçar a roda oposta a que será trocada.  ii) Aconselho o uso também de uma maquina de trocar parafusos de rodas elétricas (ligam no isqueiro do carro) facilitam muito em caso de machucados onde não podemos usar as duas mãos com a mesma força. iii) Extintor de incêndio e estojo de fitas reflexivas, iv) e uma ou mais lanternas que ligam na bateria do carro. 

Agora para uso pessoal, recomendo a capa de chuva com adesivos reflexivos, mudas de roupas, dinheiro em espécie, comida para uma emergência, tipo biscoitos e barras de cereal e outros alimentos que não estraguem. Água mineral pelo menos 2l por pessoa. O Canivete é importante no uso pessoal conforme a necessidade de cada um. Agora é importante saber o caminho, então o mapa em papel e o em GPS ajudam muito. Dependendo do tipo de estradas que se passa as coisas mudam radicalmente. Eu mesmo como tenho um carro totalmente mecânico, sem nenhum elemento eletrônico e de elétrico só setas, faróis, lanternas e buzina, levo uma pequena caixa de ferramentas e as correias e mangueiras que podem dar problemas. Óleos e fluidos diversos. Um alternador e uma bomba d’água, e duas cruzetas do cardã.

 

Claro com vários lubrificantes, 3 pás, 2 serrotes, 2 facões, Bombona de Diesel, correntes de tração, Cintas de tração, cordas para até 6t. mais 60m de cabo de aço solto fora o guincho. Dois macacos sendo um de óleo e um Hi-Lift, duas chaves de rodas mecânicas e uma elétrica. Macarrão para conserto nos pneus sem ter de tirá-los do lugar, Barra de ferro para servir de alavanca. Colas e fitas diversas. Toco e tora de madeira para servir de escora para roda e base de macaco na lama. Maleta de roupas para mecânica. Tralha de pesca que não sai do carro. Mas isso por que só uso carro para pegar estradas fora do caminho convencional, que me levem a bons pesqueiros.

Quanto aos itens de uso mais corporal, entram o i) Workchamp com o Ganzo 720, ii) pilhas para aparelho auditivo, iii) um segundo par de óculos, iv) uma maleta de remédios e material para primeiros socorros, v) isqueiros e fósforos. Lanternas diversas e pilhas para reserva. Basicamente é isso que eu levo. Claro que atualmente não faço mais isso sozinho como fazia ainda há vinte e dois anos atrás. Mas sempre vou acompanhado com amigos mais jovens e fortes, pois há horas que apesar da experiencia um pouco de força física pode fazer toda a diferença. Bem! Essa é a ideia de quem viaja fora de estrada com um veículo, para isso, à moda antiga. Mas para quem tem um celular com rodas, mesmo que tenha o maior apelo off-road, não aconselho confiar em coisas eletrônicas com água, lama e oscilações de temperaturas muito grande.

 

Bem essa é a minha modesta contribuição!

 

Autor:  Marco Bittar. 

Rio de Janeiro, Brasil.  

Texto postado originalmente no grupo (telegram) Demanda do Santo Graal  em 16/06/2022

 

 

Marcos Bittar, Rio de Janeiro e 16 de Junho de 2022
Enviado por Taciano Minervino em 16/06/2022
Reeditado em 28/06/2022
Código do texto: T7539059
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.