A necessidade da compreensão da organização espacial
Lêdiana Costa Souza
Aires José Pereira
O desemprego, a favelização, a violência urbana, o aumento da desigualdade social, são um dos contrapontos da urbanização e industrialização.
Com o avanço das grandes corporações no final do século XX, estas passaram a criar de modo mais sistemático uma organização social própria. Por isso, faz-se tão necessário um entendimento de como o espaço se organiza e (re) organiza no decorrer dos tempos.
A compreensão da organização espacial, bem como de sua evolução só se torna possível mediante a acurada interpretação do processo dialético entre forma, estrutura e funções através do tempo. A forma é o aspecto visível de uma coisa, a função sugere uma tarefa ou atividade esperada de uma forma, já estrutura implica a inter-relação de todas as partes de um todo, e processo pode ser definido como uma ação contínua, desenvolvendo-se em direção a um resultado qualquer. (SANTOS, 1992).
Neste fragmento, Santos deixa claro que para haver uma compreensão de como o espaço se organiza como também ocorre sua evolução no decorrer dos tempos, se faz necessário um estudo de cunho dialético, analisando assim, o que primeiramente é visível dentro de toda a conjuntura espacial, observando seus aspectos e características de fácil percepção, ou seja, a forma.
Em seguida tomamos como base de estudo a função, a qual também está ligada a forma, pois, ela expressa o funcionamento da mesma, o que ela tem a oferecer, qual sua tarefa a desempenhar.
Já a estrutura, diz respeito a todas as outras partes já citadas que estão inter-relacionadas para a organização do espaço, é tudo que o envolve para que possa ocorrer sua formação.
Portanto, todo esse processo levará a uma resposta, a um resultado que nutrirá todas as ações continuadas no espaço.
Quando se estuda a organização espacial, estes conceitos são necessários para explicar como o espaço social está estruturado, os homens organizam sua sociedade no espaço, e não se pode analisá-lo através de um só conceito... (SANTOS 1992).
A compreensão do espaço social está atrelada ao estudo de todo o conjunto, envolvendo forma, função, e estrutura, como se tratasse desses conceitos unicamente, pois apesar de cada um ter características próprias e delineadas, somente através da combinação de todos, é possível se chegar a um denominador comum.
A formação socioeconômica é o conceito mais adequado ao estudo da sociedade e do espaço, por expressar a totalidade espacial em seu movimento, como uma potencialidade e uma realidade. Todavia, se no estudo da realidade espacial a abstração é um procedimento necessário e legítimo, a própria fragilidade do intelecto humano impossibilita o estudo da totalidade da realidade social, enquanto totalidade apenas. (SANTOS, 1992)
No tocante, a partir do momento que se passa a ter conhecimento do grau econômico que está inserida determinada sociedade de uma região, pode-se obter uma clareza mais abrangente de qual é situação do espaço estudado. Através da visão socioeconômica, é possível ver a realidade, concordando que a sociedade é regida pelo seu estado econômico e que através dele suas condições serão demonstradas, fica evidente então, que para que a sociedade possa desfrutar de certos benefícios, ela terá ao mesmo tempo também possuir valores monetários de condições no mínimo estáveis, pois caso o contrário, a sociedade que se mantêm em más condições financeiras, refletirá por consequência em desprovimento de estrutura, ou seja, sua realidade econômica é expressa no espaço.
O movimento da totalidade social acarreta mudanças no equilíbrio entre as diferentes instâncias ou componentes da sociedade, modificando os processos, exigindo novas funções e atribuindo diferentes valores às formas geográficas. O espaço responde às alterações na sociedade por meio de sua própria alteração. (SANTOS, 1996).
Como a sociedade está constantemente passando por transformações, querem sejam elas boas ou ruins consequentemente isto influenciará na forma espacial, pois o espaço por si só, não se modifica, são necessárias primeiramente modificações de cunho social, e assim então, a resposta virá sobre ele, portanto, o mesmo não está em um estado de estagnação, ao contrário dessa situação, o mesmo constantemente está passando por metamorfose, numa interação social contínua.
Lêdiana Costa Souza é graduada e especialista em Geografia pela UFT.
Aires José Pereira é professor Dr. do curso de Geografia da UFR.