A INTERDISCIPLINARIDADE POÉTICA COMO FORMA DE ENTENDER A GEOGRAFIZAÇÃO DO MUNDO ATUAL
A educação formal necessita da Filosofia, Geografia para justamente desenvolver suas atividades enquanto ciência, enquanto pensamento, enquanto diretrizes maiores. Pode se afirmar então que educação formal sem Geografia e Filosofia Critica não existe. Todo o pensar educacional passa pelo pensar filosófico e análise geográfica. Aliás, deveria passar, pois a educação no Brasil parece estar um tanto quanto antiquada no que diz respeito ao pensar.
Os cursos de graduação que formam médicos, engenheiros, arquitetos, economistas, entre outros, são presenciais e têm laboratórios equipados para que seus formandos façam ótimos estágios e sejam profissionais de qualidade. Ainda assim temos tido uma qualidade cada vez mais baixa. Imaginem vocês, o que pode acontecer com os cursos tele presenciais onde os “monitores” fazem vista grossa para as famosas colas e os futuros profissionais nem leiam as apostilas distribuídas para o semestre letivo. Eles não precisam ler, pois outros colegas que já fizeram o curso lhes dão a colinha e eles passam quatro anos numa “faculdade” sem aprenderem nada.
Se nem o conteúdo específico do curso esse futuro educador estuda, imaginem a Filosofia e a própria Geografia. Assim cada vez mais se aprende menos e a educação se torna lugar aonde ninguém quer ir. Filosofia cada vez mais se torna “coisa de louco” onde poucos a estudam de fato e quase ninguém os ouve e eles acabam elaborando um pensar introspectivo. Fecha-se em seu mundo e não vê nada ao seu redor e também ninguém o percebe como ser “normal”.
No caso brasileiro tivemos um agravante terrível que foi a Ditadura Militar de 1964 a 1985 que tirou a liberdade do povo pensar, principalmente após excluir Filosofia e Sociologia da “Grade Curricular” e ter diminuído drasticamente a carga horária de Geografia e História. Todo esse jogo dos militares tinha cartas marcadas para ceifar o conhecimento crítico que a população poderia ter se a ela fosse dada a oportunidade de pensar por meio das Ciências Humanas e Sociais.
Se hoje a juventude está “com preguiça de pensar”, como afirma Gabriel O Pensador em uma de suas músicas, grande parte dessa indolência pela sapiência se dá, indiscutivelmente em função dessa História Educacional Brasileira. Temos tido um conjunto de fatores que amarra toda a Educação ao imobilismo social e político porque passamos nos últimos tempos e mais as “facilidades” que o próprio mercado vende. Quando afirmamos “facilidades” que o mercado vende, queremos dizer dos cursos à Distância ou mesmo, os on-line que pouco ajuda na formação do cidadão, mas lhe possibilita um grau instrucional que dá direito de ser “professor”.
Com um mundo cada vez mais veloz. Tudo é efêmero e instantâneo e ninguém tem tempo para mais nada. O capitalismo é camaleônico e sabe muito bem driblar seus adversários e fazer o gol que lhe dá a vitória. Dessa forma, possibilitar aos “cidadãos” uma formação universitária sem que eles aprendam quase nada é ótimo para quem está diplomando ou mesmo para que a manipulação ideológica desses futuros educadores seja bem mais fácil do que se eles fossem de fato instruídos em Instituições de Ensino mais sérias.
*Aires José Pereira é graduado e especialista em Geografia pela UFMT, mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Dr. em Geografia pela UFU. É escritor com 18 livros publicados. É professor Associado I no curso de Geografia na UFR. É coautor do Hino Oficial de Rondonópolis. É membro efetivo da Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense.