Chamado à maternidade

Chamado à maternidade

Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio. A irmã do menino ficou de longe, para observar o que lhe haveria de suceder. Desceu a filha de Faraó para se banhar no rio, e as suas donzelas passeavam pela beira do rio; vendo ela o cesto no carriçal, enviou a sua criada e o tomou. Abrindo-o, viu a criança; e eis que o menino chorava. Teve compaixão dele e disse: Este é menino dos hebreus. Então, disse sua irmã à filha de Faraó: Queres que eu vá chamar uma das hebreias que sirva de ama e te crie a criança? Respondeu-lhe a filha de Faraó: Vai. Saiu, pois, a moça e chamou a mãe do menino. Então, lhe disse a filha de Faraó: Leva este menino e cria-mo; pagar-te-ei o teu salário. A mulher tomou o menino e o criou.

Êxodo 2:1-9

A passagem bíblica suscitada acima refere-se a um período de perseguição do povo egípcio contra o povo de Deus. Vê-se Joquebede agir contra as políticas e a cultura de sua época para salvar o seu filho, o qual viria a ser usado por Deus para livrar o seu povo do cativeiro, estabelecer os mandamentos, instituir a Páscoa e realizar grandes milagres e feitos. Moisés, nome dado pela filha de faraó, recebeu de sua mãe a instrução do Senhor, por isso, não suportou ver a opressão sob a qual padecia seus irmãos hebreus, logo, foi instrumento de Deus para a libertação. Assim como a mãe de Moisés teve um papel essencial no cuidado e na formação de seu filho, fazendo-o reconhecer a cultura e a fé dos hebreus como também sua, todas as mães têm a árdua missão de cuidar, alimentar, proteger, ensinar e formar um indivíduo, o seu filho. Haveria algum trabalho mais importante que esse?

“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem cuja aljava está cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal”. Salmos 127:3-5

A Palavra nos instrui que os filhos são heranças do Senhor. Quem desprezaria, abandonaria, recusaria uma herança de Deus? Daria Deus alguma herança ruim aos seus filhos? Deus não poupou nem mesmo o seu Filho por amor a nós. Enviou Cristo para sacrifício vicário. Jesus foi lançado como flecha das mãos de Deus Pai guerreiro para o mundo e assim salvá-lo. Cada filho é um presente que Deus nos concede, e, assim, como Joquebede, recebecemos a missão de zelar por eles. Sabendo que pertencem a Deus. Nós mães devemos prepará-los, instrui-los no amor e no conhecimento do Senhor para serem lançados ao mundo com a finalidade de transformá-lo.

E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.

Lucas 2:52

Todos nós ansiamos por viver numa sociedade mais justa e livre, mas temos menosprezado o papel de formar os indivíduos que agirão sobre à sociedade. As pessoas têm depositado esperança de um mundo melhor numa fé na capacidade inexistente de o homem se auto educar em valores nobres sem que esses lhes sejam transmitidos. Todavia, à mãe, justamente, compete acompanhar o crescimento físico, social, mental e espiritual de seu filho. Observar as falhas e corrigi-las e acima de tudo, evangelizá-los continuamente. Devemos mostrar aos infantes que neles há pecados, devemos revelá-los a verdade sobre a graça e semear para que “possam pela rica misericórdia ser guardados dos caminhos do destruidor, e crescer no aprisco de Cristo, primeiro como cordeiros de seu rebanho, e depois como ovelhas de sua mão” (SPURGEON).

Em A mística feminina, Betty Frienda propagou a ideia de que mulher é frustrada por cuidar do âmbito privado, ou seja, da casa e da educação dos filhos. Divulgou-se e tomou-se como verdadeira a tese de que a maternidade é uma imposição que frustra as mulheres e as impedem de atuarem diretamente para o desenvolvimento da sociedade. As mulheres estariam livres ao se desprenderem do papel da maternidade. Ouvidam-se, todavia, que a liberdade só poderá ser exercida respeitando a naturalidade. Um peixe não será livre se sair de seu habitat; uma ave não exercerá sua liberdade se lhe for imposta viver como um peixe. A mulher exerce sua liberdade ao tornar-se mãe.

A mulher será salva dando à luz filhos — se elas permanecerem na fé, no amor e na santidade, com bom senso. 1 Timóteo 2:15

Maria não abriu mão de seus planos, ou sonhos, para cumprir o propósito de Deus. Cumprir os propósitos de Deus era o sonho de Maria. Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra (Lucas 1:38). As mulheres têm sido instruídas a verem os ofícios masculinos como mais prestigiosos. Esses ofícios garantem sucesso e dinheiro, logo, devem ser perseguidos; assim, as mulheres têm abandonado a sua mais alta dignidade e esperança por coisas menores e passageiras. Não há dúvidas de que as mulheres podem exercer muitos dos ofícios masculinos (ainda que a um alto custo), mas a maternidade é exclusividade feminina. Ninguém além da mulher pode desempenhar tal função. C.S. Lewis tornou famosa a frase “os filhos não são a distração que nos impedem de fazer o trabalho importante. Os filhos são o trabalho importante”.

Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar.

Deuteronômio 6:6,7

Jonh Wesley afirmava que aprendeu mais de cristianismo com a sua mãe, que com todos os teólogos da Inglaterra. A mãe reflete a seus filhos o caráter de Deus e sua ausência pode causar danos que durarão por toda a vida. O homem precisa realizar feitos extraordinários para serem lembrados, ações no âmbito público, mas à mãe compete educar, e, assim, será lembrada por muitas gerações. Seguir o caminho de Cristo, instruir em amor e na Palavra, essa é a responsabilidade imensa que transformará muitas gerações. Vemos exemplo disso quando o apóstolo Paulo indica que Timóteo foi instruído, ainda quando criança, por sua avó e sua mãe.

Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice, e estou convencido de que também habita em você.

2 Timóteo 1:5

Na obra Pescadores de Crianças, Charles Spurgeon diz que as crianças carecem de arrependimento, devem ouvir e aprender sobre a obra da graça e que não há nelas a incapacidade para serem convertidas. A quem compete a principal responsabilidade de conduzi-las a Cristo e ensiná-las? Em provérbios 22. 6 (ARA) lemos: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”. Outra versão (NVI) diz: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles”. Quais os objetivos que você possui para seus filhos? Serem grandes em fama e dinheiro aqui na terra ou cumprirem a vocação para a qual foram criados: para a glória de Deus? Obviamente queremos filhos bem-sucedidos materialmente, mas ainda que o tenhamos e eles não conheçam a Verdade, teremos falhado como mães.

“Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” [...] (Gênesis 1:26).

O pastor Igor Miguel afirma que “educar é um ato de cooperar relacionalmente para que o ser humano corresponda ao máximo à imagem de Deus”. O homem relaciona-se com Deus (primeiro buscai o Reino e Deus), com os homens (amai a teu próximo como a ti mesmo) e com a criação (dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra"[...]). A pergunta é: a quem compete instruir o homem nesses relacionamentos a fim de serem imitadores de Cristo e viverem em comunhão com Deus? Devemos nos aproximar de Deus, conhecer sua Palavra, reconhecer nossas falhas, abandoná-las e ensinar a nossos filhos esse caminho. Alimentemos nossos filhos físico, intelectual e espiritualmente.

Quantas vezes, imbuídas de grande comoção dizemos: quero ser como Jesus? Mas também, quantas vezes já fomos pegas pensando que abrimos mãos dos nossos sonhos e planos por nossos filhos e encaramos isso como perda? Relembrem as palavras de Jesus: Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa, a encontrará. (Mateus 16:25), ou ainda mais:

Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos céus? "Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. "Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo. Mas se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. Mateus 18:1-6.

Reflitam sobre essas palavras de Cristo. Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, se cremos que ela não falha, se cremos que tudo que a Bíblia nos diz se cumprirá, deveremos tremer de temor diante dessas declarações de Cristo. Nossa missão como mãe não é ganhar holofotes, mas ganhas vidas no anonimato, é transformar a sociedade à medida que educamos nossos filhos e os lançamos, como flechas, ao mundo. Não devemos agir como alguns discípulos que inicialmente menosprezaram as crianças e tentaram impedi-las de chegarem a Cristo, mas como as mães que as levaram a Cristo, pois estavam certas de que elas necessitavam do Salvador.

Depois trouxeram crianças a Jesus, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Mas os discípulos os repreendiam. Então disse Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas".

Mateus 19:13,14

O pastor Charles Spurgeon declara que “Nosso Senhor Jesus era profundamente solidário com as crianças, e pouco se parece com Cristo quem as olha como sendo um estorvo no mundo, e quem as trata como se fossem pequenos enganadores ou tolos e simplórios”. A esperança da mulher, da igreja, do mundo está ligada à criação de filhos, firmados na fé, no amor e na santidade. Não por acaso, um dos sinais dos fins dos tempos é a desobediência dos filhos. Precisamos ensinar a nossos filhos sobre ruína, redenção e regeneração. Devemos dizer “venham” e não um simples “vão”. Devemos encontrar a linguagem apropriada e chamá-los, assim como o Senhor fez com seu povo “Escuta, oh Israel, o que diz o Senhor teu Deus”.

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:2

Compreende-se que muitas mães precisem trabalhar, que elas sigam suas carreiras, mas elas não devem se esquivar de sua principal reponsabilidade: a de cuidarem e educarem seus filhos, a de evangelizarem seus filhos. Cuidar de um ser é mesmo uma árdua tarefa, não há pausas, produz fadiga. Contudo, por que tomamos como belas as ações de sacrifício praticada por muitos mártires cristãos e não entendemos que na maternidade cumprimos o chamado de Deus para nossas vidas? Façamos como o apóstolo Paulo que se alegrou nas fraquezas:

Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.

2 Coríntios 12:10

A maternidade é a principal missão da mulher e não podemos nos amoldar ao padrão deste mundo, mas devemos transformarmos pela renovação de nossas mentes, para que sejamos capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:2).

Oremos por nossos filhos, para que tenham uma vida farta da presença de Deus, ensinemos aos nossos filhos que são pecadores e que carecem da graça de Deus, instruamos nossos filhos a viverem para a glória de Deus. No mais, ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre! Amém. Judas 1:25

Amanda Danielle Rocha
Enviado por Amanda Danielle Rocha em 09/05/2022
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