O TEXTO ESCRITO
“Ah, como é triste ter tantas idéias e nada saber ao certo sobre a natureza dessas idéias”.
(Voltaire)
Escrever sem planejar é perigoso.
Ao se iniciar a produção de um texto escrito, o autor já passou pela fase de concepção desse texto. Uma vez concebido no mundo das nossas idéias, o texto atravessará desse mundo para o mundo real _ o do papel, da tela do micro ou qualquer outro espaço. Para viajar de uma realidade para outra, o texto precisará de um piloto seguro, tranqüilo e corajoso. Muitas vezes o vôo fracassa em virtude, principalmente, do excesso de autocrítica e temor gramatical.
A maioria das pessoas acredita ser a linguagem padrão a única maneira de expressão do pensamento, das idéias. Isto as afasta da leitura e da escrita. Há, entretanto, diversas maneiras de expressar-se, seja usando a forma oficial da língua imposta socialmente, seja usando a forma popular, descontraída. Ambas são igualmente válidas.
Se alguém deseja escrever uma cartinha amorosa ou um bilhete, terá mais liberdade quanto às exigências da linguagem padrão. A não ser que seu amor seja um (a) professor (a) de Gramática. Neste caso, a avaliação pesará sobre o sentimento.
Se o texto a ser escrito for uma correspondência oficial, um trabalho acadêmico e outros modelos formais, agora, então, é indispensável obedecer rigorosamente aos ditames da linguagem padrão e da linguagem técnica de cada área. Não adianta reclamar.
A estudiosa Ângela Kleiman diz em seu livro Texto e leitor (1997, p. 29) que “A procura de coerência seria um princípio que rege a atividade de leitura e outras atividades humanas”.
O aperfeiçoamento do texto escrito se consegue através do infindável questionamento /diálogo do autor com sua produção _assim como o fez Michelângelo com sua obra Moisés. Ao vê-la pronta, o artista exclamou admirado: “Parla!”.