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DESCONFIANÇA E APARÊNCIAS VIRTUAIS
 

  Vivemos em uma sociedade de aparências, de um lado muito rápida e dinâmica em tempos de interações virtuais. De outro lado, marcada por uma espécie de cansaço coletivo e pela desconfiança de todas as partes. Inverte-se aquele princípio da presunção da inocência (no qual os cidadãos são inocentes até prova em contrário), para uma impressão quase genérica de que todos seriam "suspeitos" até que provem o contrário. Ou seja, ninguém confia em mais em quase ninguém, pelo menos "a priori", como se tívessemos que provar algo o tempo inteiro, até mesmo em conversas cotidianas, sejam presenciais ou digitais.

  O efeito disso é uma espécie de névoa social de cansaço e de falta de comunicação efetiva, ao mesmo tempo distorcida pela velocidade de muitas informações superficiais, como se estivéssemos naquela brincadeira de "telefone sem fio", no qual a mensagem dita no início tende a ser completamente mudada ao final. Por isso, muitas vezes, ficamos com receio de falar até coisas simples, pois nunca sabemos como seremos interpretados ou se nossa ideia será entendida, quando não, distorcida.

  Desse modo, vivemos um período de interações digitais, marcadas pela rapidez do mundo atual, mas também constantemente embaçadas por distorções ou ruídos de comunicação, pelo medo, pela insegurança, pela desconfiança generalizada e por uma espécie de cansaço crônico que advém desses e de outros fatores ambivalentes. Por isso, tendemos a permanecer correndo numa espécie de ciclo solitário de incertezas e de cansaço. 


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  Nesse ciclo nublado de incertezas, pode-se condenar pessoas inofensivas com base em aparências e pressuposições equivocadas. De outro lado, indivíduos cínicos que cometem graves delitos costumam distorcer muito bem os fatos, passando impunes, pois psicopatas sabem manipular as aparências com maestria, sendo que esse fator contribui bastante para nossa desconfiança generalizada, pois, no fundo, nunca sabemos bem com quem estamos falando.

 

  O problema é que os muros que construímos para nos defender dos outros também são os mesmos que dificultam a edificação de relações humanas significativas, com pessoas que realmente poderiam nos agregar, ensejando que nosso medo e insegurança também nos deixem solitários. Talvez seja preciso construir mais pontes, ouvir mais, ler melhor nas entrelinhas. Muitas vezes, julgamos um livro pela capa, perdendo a oportunidade de ler uma grande obra ou de nos surpreender com as flores entre as páginas do tempo. 

 Por um lado, é sempre bom ter cuidado, com equilíbrio e discernimento. De outro, julgamentos precipitados dos outros com base em aparências e impressões imediatas podem redundar em injustiças, muitas vezes tumultuadas com distorções, vieses inconscientes, falácias e desproporção entre os fatos e as críticas. Ou seja, tende-se a julgar muito rapidamente o livro pela capa, quando muitas vezes nem sequer o abrimos, nem nos dispomos a ler as primeiras frases, além do imediatismo das aparências e das imagens. 

 

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Fonte das imagens - Pinterest: https://br.pinterest.com/pin/405957353895522203

 
 

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