A SAGA DE TOM E JERRY ( A GUERRA)

Desde os tempos de menino, que ao ver os episódios de desenhos animados, que retratavam as incontáveis guerras e competições entre heróis e vilões, mocinhos e bandidos, sempre me posicionei a questionar: QUEM É QUEM?

Mais tarde, certa feita ao ver, junto com os meus, na época, pequenos filhos, um seriado do HE-MAN, tentando me fazer presente e como um curioso desentendido, disparei as incoerentes questões:

- O BANDIDO desse desenho é o HE-MAN OU O ESQUELETO?

Meus filhos, inconformados pela intromissão de um cara que lhes queria roubar a atenção, apressavam-se em me dar a lógica resposta, tentando não perderem os efeitos especiais da espada poderosa que por momentos poderia atingir impiedosamente o famigerado e cruel malfeitor.

Diante da premissa, outras perguntas surgiriam a seguir, personificando na figura desse pai, o cara mais chato do mundo.

- Sendo o HE-MAN o representante do bem, por que ele atirava e matava seu rival?

- Se o coitado do ESQUELETO, teria sido eliminado irremediavelmente, por que ele reaparece num outro episódio, com tanto ou mais ódio mortal?...-EU VOLTAREIIII!!!

- Quando teríamos efetivamente o fim desses incontáveis e intermináveis conflitos?

As sessões da tarde eram repletas desses entretenimentos: personagens de um inocente passarinho e um disperso frajola; de um esperto papa léguas e um malvado lobo bobo; e ainda as intermináveis competições da turma do barulho que competiam em meio as trapaças numa louca corrida.

Essas foram as obras que influenciaram a minha geração e de muitos até hoje. As figuras do gato e do rato, do bem contra mal, ilustraram os cenários das mentes de todos nós, iludindo-nos até certo ponto, de aqui nos confundir quem são os verdadeiros mocinhos contemporâneos de uma guerra estúpida? Conflitos que se repetem tais como os antigos seriados infantis, onde aquele que se arvora como o malvado da vez, reage tal como o gato incomodado pelo rato irritante.

Não faltam aqueles que se exaltam a clamar pela paz, porém desde há muito tempo, fomos instruídos a uma cultura de intensa competição, bandeira de ponto de partida, onde o mais forte ou mais esperto é vencedor, é o campeão, em meio a esse ambiente de disputas, culturalmente enraizado na consciência coletiva de uma sociedade pragmática, cujo aquele que não comunga dos mesmos ideais, é considerado inexoravelmente o adversário a ser vencido ou o inimigo a ser destruído.

Diante do caos, mesmo em menor proporção, ao lado dos titânicos fuzis, trombetas dos anjos angelicais, mensageiros de doses homeopáticas de bom senso, por todos os lados do planeta se apressam em alardear os seguintes questionamentos:

Até onde chegaremos com o nosso perfil egocêntrico.?

Quantas guerras precisaremos travar lá fora, intensos combates, quando não suportamos aquele que nos diverge no mais simples?

Quando será que ouviremos o trilar do apito para a corrida da solidariedade, da cooperação mútua?

Os ensaios dos jogos olímpicos do autoconhecimento, ainda permanecem em inúmeros livros empoeirados nas estantes de nossas mentes, cujos conceitos, dormem como informações fortuitas, traduzidas através do nosso Mestre Maior, quando nos deixou a BOA NOVA.

Somente quando percebermos que o grande inimigo a ser vencido jaz dentro de cada um, a partir daí soará o sino da verdadeira guerra a ser combatida.

Nas tvs, percebemos que há muitas injustiças, porém quando ousarmos fazer o zoom de nossas lentes, descobriremos que não há injustiçados.

Por de trás de um teclado de um computador, ou de um celular, sei que há aqueles que não concordam com o estado de coisas que vivemos, até porque, em última instancia, são esses que sofrem as consequências de todo mal maior. Só que há também os que detém o poder de outros teclados ou de botões que de posse de suas cátedras, são capazes de regurgitar os seus traumas, suas crises, seus delírios que desde criança aprenderam que a melhor defesa é o ataque, que o melhor bandido é o bandido morto.

Esses, intitulados governadores de toda ordem, refletem o espelho daquilo que estamos, daquilo que também fomos levados a crer.

Os desastres morais que acompanhamos nos últimos tempos, ainda são o retrato do cenário belicoso que fomos acostumados a desfrutar nas telas dos jornais e nos programas de entretenimento, porém ainda creio que após todas essas tempestades que por ora enfrentamos, um novo estúdio, tipo, Hanna Barbera poderá surgir, apresentando diferentes conflitos entre o BEM, agora mais atento àquele que se mostra mais frágil, e o MAL, agora já cansado de tanto sofrer e de tanto atacar. Assim meus netos, quem sabe, saberão entender um avô questionador.

GUERRA: Preponderância do instinto animal em detrimento ao ser espiritual.

PAZ: Estado de consciência de “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS.”

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

13/03/22