O FILÓSOFO DIÓGENES

 

Neste tempo de consumismo intenso, de capitalismo dominante e de anseio pelo possuir, pensemos por um instante em Diógenes, o filosofo que aderiu ao cinismo e tornou-se o maior propagador deste estilo de vida na filosofia. Segundo o conhecimento filosófico, o cinismo é o fato de considerar que a riqueza do homem não está nos bens materiais, mas único e exclusivamente no seu conhecimento, em sua intelectualidade. Para os cínicos da filosofia, os bens materiais são banais, o homem não deve prender-se, nem se apaixonar e muito menos corromper-se por coisas inúteis, a natureza é necessária e suficiente para suprir as necessidades do homem. Diógenes viveu nos dias de Alexandre Magno, andava pelas ruas em plena luz do dia com uma lamparina acesa procurando por um homem de verdade. Diógenes morava dentro de um barril, e por renunciar aos bens materiais, tornou-se mundialmente conhecido. Certa vez em uma de suas caminhadas, Diógenes viu um menino bebendo água de uma fonte usando as mãos em forma de concha, ao ver esta cena, Diógenes concluiu que ainda possuía coisas supérfluas e jogou fora a cuia que ele possuía para beber água. Assim foi Diógenes com seu desapego às coisas materiais. Conta-se que certa manhã, Diógenes tomava sol sentado ao lado de seu barril. Alexandre o grande, andava por aquelas terras e de tanto ouvir falar no homem que morava dentro de um barril quis conhecê-lo. Informado de onde se encontrava o filosofo, Alexandre montado em seu Bucéfalo, pôs-se frente a frente com Diógenes e com este, teve o mais memorável de seus diálogos. Desta forma apresentou-se o general: — “Sou Alexandre o grande, diante de mim, prostram-se os reinos, eu sou possuidor de muitas riquezas”. Diógenes sem esboçar sinal algum de surpresa, unicamente respondeu ao general: — “Eu sou Diógenes, e isto me basta”. Alexandre, pasmo com a reação indiferente de Diógenes frente a sua imponência, ainda tentou persuadi-lo, com o pretexto de fazer o filosofo segui-lo: — “Ouvi muito sobre sua sabedoria, e te ofereço metade de minhas riquezas se quiser acompanhar-me”. Diógenes para a surpresa de Alexandre e de todos que assistiram, prontamente respondeu: — “De você não desejo nada, quero apenas que saia da frente do meu sol, pois estás me fazendo sombra”. Os soldados do temível general ainda quiseram zombar de Diógenes, mas foram censurados por Alexandre que lhes repreendeu desta maneira: — “Não zombem deste homem, pois se eu não fosse Alexandre Magno, eu queria ser Diógenes. Alexandre então se retirou, deixando em paz o filósofo sem nunca esquecer o exemplo de Diógenes, tendo também a certeza de que estivera diante do mais diferente homem de seu tempo. Hoje nós, consumistas de primeira grandeza, vivemos nos dias do conforto tecnológico e do apego ao vil metal. Cientes do que pregou o cinismo de Diógenes, conseguiríamos sobreviver apenas do que nos oferece a natureza? Aceitaríamos que ter conhecimento e a busca pelo mesmo é a maior de todas as riquezas? Pensemos nos animais irracionais, eles sobrevivem da natureza, ela os nutre e os abastece. Porém, os homens, seres providos de raciocínio, já não são capazes de sobreviver unicamente da natureza como assim deveria ser. A natureza segundo o cinismo, seria fonte essencial de subsídio para todos os animais, independentes de terem ou não raciocínio, hoje mais do que nunca, os bípedes implumes se tornaram escravos do consumo, seduzidos por coisas supérfluas inventadas pelo próprio homem para fazer do homem um prisioneiro. O mundo está carente de pessoas com o raciocínio de Diógenes.