O Ataque do Régis contra o rock da Legião
O crítico de música Régis Tadeu fez um vídeo no You Tube falando sobre o primeiro disco da banda Legião Urbana, lançado em 1985 e que tem o mesmo nome da banda. Como gosto da Legião, obviamente, eu não gostei do vídeo que está em exposição no canal dele. Achei uma tentativa de desvalorização desnecessária da importância dessa banda principalmente levando em conta esse cenário atual da música atual do Brasil. No entanto, o objetivo desse texto não é reivindicar uma posição melhor para essa obra ou atacar a opinião dele gratuitamente, já passei da idade para esses arroubos, se ele não gosta do disco azar dele. Mas há dois pontos falados nesse vídeo que me incomodam e não se prendem ao fato de eu gostar ou não da banda.
O primeiro é o fato de que num dado momento ele diz que a Legião não era “punk” como se devesse ser, como se isso fosse motivo de frustração. Legião não era punk e nem queriam ser, estavam mais para um estilo new wave ou pós-punk que era comum nos anos 80, um estilo que vinha, principalmente da Inglaterra, inspirado em bandas como The Smiths e Joy Division. Punk mesmo era o Aborto Elétrico, banda anterior do vocalista Renato Russo. Sendo assim não faz sentido cobrar da Legião uma postura punk, música mais agressivas ou algo assim, o Regis deveria saber disso.
O segundo é o fato de que o Régis, ainda dentro do equivoco de considerar a Legião como punk, ataca toda a cena do rock de Brasília dos anos 80 de onde se originou essa banda. Ele confirma o fato de que quem estava por trás dessa cena eram jovens filhos de diplomata, “filhinhos de papai” querendo falar de problemas sociais… Isso é verdade? É. Não é segredo para ninguém que conhece bem aquelas bandas que essa turma era bem abastada. O problema é o Régis usar isso como argumento, caindo naquela coisa tosca que se usa muito hoje em dia na militância de esquerda: o tal do “lugar de fala”. Aliás, é bom que se diga que até uma parte da esquerda já começa a se levantar contra esse discurso. O Régis, provavelmente, nem é de esquerda. Isso nem é necessário pois a direita também tem um mecanismo parecido que é o de acusar o esquerdista mais endinheirado de “esquerda caviar”. Acho lamentável. É como se dissessem que os caras da Legião não deviam fazer música com temas sociais por serem filhos de diplomatas. É exatamente esse tipo de mentalidade que levou a música brasileira para esse “patamar” que está aí hoje.
Acompanhei muito o jornalismo musical nos anos 80 e 90 e depois deixei de lado, por me deixar de interessar pela dinâmica mundo musical e ficar só com as coisas velhas (o que é comum quando se passa dos trinta). Mas, ultimamente, com esse negócio de assistir muitos vídeos pela internet voltei acompanhar alguma coisa desse tipo, foi assim que me deparei com o video do Régis. Fiquei frustrado por perceber que o jornalismo musical ainda usa de certas práticas que usava nos anos 80 e 90 e que contribuíram muito para que a música caminhasse para esse nível que está hoje no Brasil.