Entrei de gaiato nesse rio
O inusitado às vezes acontece. Na última terça-feira foi encontrada, a 100 km de Santarém, no Pará, uma baleia minke encalhada em um banco de areia no Rio Tapajós, em pleno coração da Foresta Amazônica. O animal - de cinco metros e meio e doze toneladas - nadou mil e quinhentos quilômetros na água doce. Desencalhada na quinta-feira por biólogos, veterinários e ribeirinhos, num esforço conjunto do IBAMA e Instituto da Baleia Jubarte ( IBJ), a baleia foi novamente vista no sábado nas redondezas de Santarém, ainda muito distante do seu lar oceano.
O cetáceo pode estar em água doce há dois meses. Debilitada e sofrendo com o calor, a baleia apresenta ressecamento da pele, devido às altas temperaturas da água. De acordo com os biólogos, teria entrado no estuário do Rio Amazonas pela Ilha de Marajó. Pode ter se perdido do seu grupo e errado a rota, provavelmente por estar doente ou ter sido atingida por uma embarcação. Desviou-se para o Rio Tapajós, afluente do Amazonas, de águas profundas e transparentes.
As baleias minke são as menores baleias do mundo. Vivem em pequenos grupos para alimentação e passam o restante do tempo sozinhas. São vistas em toda a costa brasileira nesta época do ano. Todo ano, equipes do IBJ, especializadas em desencalhe, percorrem 600 km entre Regência, no norte do Espírito Santo e Nova Cabrália, no sul da Bahia, procurando baleias encalhadas. Neste ano, encontraram quinze. Nenhuma sobreviveu.
Não se tem notícia de caso semelhante na região amazônica. Infelizmente, o prognóstico não é muito favorável : as chances de sobrevivência são mínimas, segundo o IBJ. Ainda assim, nova operação de resgate foi montada. Torçamos para que ela seja bem sucedida e que, diferente do Melô do Marinheiro, música dos Paralamas parodiada no título deste artigo, a baleia minke não entre pelo cano.