Tudo em nossas vidas são dores?
Dói tanto tudo o que vejo, tudo o que penso, toco, ouço e sinto, E meu coração suplica por um pouco de paz e alegria para a Vida, mas só há caos, tormentos e excessividades metafísicas dentro de mim, e lá fora também.
Quando todos esses enigmas vão cessar? Por que tudo é tão sem sentido? Achas que sou a corporificação da melancolia e da dor? Tu não me entendes, então pare de me julgar! Ninguém sabe nada. Um silêncio enlouquecedor esmurra minha consciência, e um cheiro repulsivo de Morte se exala de todos os corpos e seres.
Sinto-me tão cansado e exausto de tudo: de mim, dessa hipócrita sociedade, dessa competividade capitalista, dessa burguesia encarcerada por hábitos e rotinas, estou cansado de tudo... Não quero nunca mais pensar, mas o único prazer que ainda me resta nesta vida é pensar, é criar coisas através de minhas dores e vivências e observações. Sou tão inútil quanto qualquer pensamento que possa evoluir a sociedade.
Evoluir? Evolução? Nossa evolução moral e comportamental é tão bárbara, primitiva, impulsiva e caótica.
Não quero mais sentir nada, não é um desejo budista, quero mutilar todas as minhas emoções, contudo preciso ter todos os sentimentos e emoções da humanidade reclinados em meus braços, para que eu possa dissecá-los, examiná-los, compreendê-los, a fim de usá-los em minha carne que escorre palavras e sangue.
Sinto vontade de não querer mais me levantar da cama, e manter sempre a porta e as janelas fechadas de meu quarto, e então apenas senti todo o fluxo de minha inexistência sem pensar, sem indagar.
Eu sinto tão intensamente todas as maldades, dores, aflições, gritos de desespero que já se passaram nas almas e nos corpos de todas as pessoas, e tudo isso forma um tipo de círculo de pura energia, e invade o meu ser, e é tanta dor e tantos sofrimentos que às vezes acho que não vou suportar tudo isso.
É tanta perversidade e angústias que há neste mundo, e eu sinto isso tão profundamente que acho que a Vida me usa como uma espécie de Porta-Voz de todas as desgraças as quais a Humanidade já vivenciou e ainda, atualmente, sente e vivencia e esconde. Sinto como se todo o Universo, e tudo o que reside nele, subisse em minhas costas, e meu corpo não aguenta mais suportar todo esse colossal e pavoroso peso e fardo em cima de mim, e dentro de mim.
Um vácuo infinito se expande em cada parte de minha alma. Sinto que estou me afogando numa tenebrosa escuridão da qual não sei se consigo escapar. Tudo é tão irreal, tão artificial, a existência em si é tão incoerente e absurda. Minha doença é pensar demais, é investigar e examinar as coisas demais, é ver demais, É sentir demais, e querer ver tudo decodificado... Minha doença é sentir (com todos os meus nervos e ossos e loucuras e crimes e ideias) demais tudo o que há na Existência e neste Universo.
Estou tão triste comigo mesmo, com a vida, com a humanidade, com tudo, pois procurei, e ainda procuro, a verdade que explique todas as coisas, e quanto mais tento compreender, menos eu compreendo! Sinto-me tão só, tão abandonado, tão descartado, e esse vazio que dilacera a minha alma, e que nenhuma divindade, amor, pessoas, conhecimentos, emoções, ou qualquer tipo de coisa é capaz de preencher, de suprir; e esta maldita tortura em que me submeto, tentando equacionar as incógnitas da existência; trabalho banal e tão cansativo, tão doloroso, tão frustrante. Todos, no fundo de si mesmos, se sentem infelizes e insatisfeitos.
Como eu posso me sentir feliz quando tudo é uma Ilusão fictícia? Como poderei abrir meus olhos já abertos, e recolher os cacos de vidro com que esse mundo foi feito? O que mais torna o homem infeliz é sua ânsia persistente em querer encontrar a felicidade? A felicidade não existe, a felicidade é apenas um desejo humano verbalizado e tão ansiado para abafar suas angústias e misérias internas e externas?
Meu coração é um oceano galáctico de tristezas. Meu coração é o refúgio de todas as dores e desesperos da Humanidade; tudo está tão confuso dentro de mim, talvez porque tudo é em si confuso e insolúvel?!!
Queria existir sem saber que existo. Estarei perdido no Labirinto do Pensar e da melancolia existencial?!! Por que somos o que jamais fomos e nem seremos?
Dorme meu coração, dorme meu cérebro. Deixai a vida e as massas e os rebanhos seguir seus próprios ritmos e vicissitudes. Deixai que esses cadáveres continuem a pensar que acordam, que tomam café, que saem para trabalhar, e conversam, e leem jornais, que falem sobre assuntos quaisquer, comprem coisas, que se divirtam em seus prazeres, e voltem para seus lares abandonados no silêncio de suas vozes, névoas e ilusões.