Negacionismo vacinal questionado à maneira dos geômetras
"Tenho evitado cuidadosamente rir-me dos atos humanos, ou desprezá-los; o que tenho feito é tratar de compreendê-los"
Baruch Espinoza
O texto abaixo é uma tentativa de questionar o negacionismo vacinal através de enunciados lógicos e probabilísticos. Não é uma tentativa de esgotar este tipo de análise.
> Enunciados:
A confiança da ciência nem sempre coincide com a confiança da população ou parte dela, como já exposto.
A confiança da ciência se baseia nos métodos e na comunidade científica.
A confiança na ciência depende de fatores diversos como ideologias, política, educação, etc.
Demonstrações:
*O cidadão comum, a maioria, não tem como ter as mesmas "evidências" que um cientista tem sobre a eficácia de uma vacina.
*Cientistas correspondem a uma comunidade, a maioria internacional, de práticas, metodologias e teorias que permitem a chamada verificação entre pares. A possibilidade de expor uma pesquisa produzida aqui ao escrutínio de outros especialistas pelo mundo, fora a responsabilidade governamental, social e política dão a pesquisa científica um alto grau de probabilidade.
*A eficiência de métodos científicos, nos possibilitando tecnologias em diversas áreas, é uma demonstração indutiva, mas de grande alcance.
* A eficiência da vacina, no caso, na redução dos casos graves de Covid é factual, porem antes que isto fosse possível houve necessidade da população confiar nas pesquisas e autoridades científicas.
Esta confiança também depende do papel exercido pelas lideranças políticas e outras esferas da sociedade civil. Esta confiança da população não se baseia na confiança nos métodos científicos, já que poucos os conhecem, mas em fatores políticos e culturais.
> Enunciados "a base do negacionismo vacinal":
a) Conspiração da indústria farmacêutica para vender vacinas caras aos invés de remédios baratos e já conhecidos.
b) A vacina ser experimental, logo o direito a recusa de se fazer parte de um experimento.
c) tomar a vacina como decisão pessoal.
Análises:
Afirmação "a":
* Os remédios baratos e conhecidos não tiveram sua eficácia comprovada pela comunidade científica. No caso, posso decidir entre uma maioria renomada que afirma a eficácia ou confiar em alguns cientistas que afirmam o contrário. No caso, a probabilidade de que os remédios conhecidos sejam eficazes( PRE) é menor que sejam ineficazes (PRI):
Probabilidade de que os remédios sejam eficazes(PRE) < probabilidade de que eles sejam ineficazes (PRI), de forma que:
PRE < PRI
Reforçando a equação acima, temos a probabilidade de que a maioria da comunidade científica tenha sido comprada ou coagida de alguma forma para negar a eficácia do remédio "n".
Probabilidade da comunidade científica esconder a ineficácia e outros malefícios da vacina em escala global por associação com indústria farmacêutica ou algum governo: "m".
Número de vezes em que a comunidade internacional em sua maioria omitiu ou alterou dados e metodologias de forma a beneficiar um governo ou empresa (em escala global): y
Teorema:
m+n = y
- Não sabemos os valores de “m” e “n”, mas se y for igual 0, o resultado será igual a “0”.
- Para y ser maior que zero, será preciso que “m” e “n” tenham valores diferentes de zero. Basta que deixem de ser dados especulativos, para se tornarem dados reais para que y (dados reais)
assuma outros valores.
Sendo y = 0, de fato ele é, os valores de m e n só podem ser especulativos.
Serem especulativos, não significa necessariamente que eles existam em alguma escala.
Afirmação “b”:
- As vacinas passaram pela fase de teste. Se conhecimentos posteriores poderão mostrar o contrário, ainda não o temos, a não ser em termos de probabilidade com base no passado. A questão é se os cientistas mentiram sobre as fases de teste, com o intuito de forçar a aquisição da vacina, assim como mentiram sobre a eficácia de remédios já existentes. Novamente, temos:
Probabilidade de Remédios serem eficazes (PRE) mais a probabilidade dos cientistas esconderem que não testaram adequadamente (PCE).
PRE+ PCE
No caso de cada uma é preciso levantar a quantidade de vezes em que isto ocorreu em nível global em contraponto a totalidade de pesquisas que ocorreram.
Pesquisas Embasadas (PE) + Pesquisas Negligentes (PN) = Total das pesquisas(TP) ( de mesma alcance e natureza)
Probabilidade de fazer parte de tal experimento: PN /TP
Afirmação “c”
Digamos que decisão pessoal se defina como aquela que caiba a própria pessoa, independente de terceiros ( seja eles estado, comunidade, família, etc.). Este “independente” significa que por não afetar nem colocar em risco ou ameaçar direitos de terceiros, não cabe a outra pessoa interferir.
Seria decisão pessoal: orientação sexual, crenças religiosas e convicções políticas e filosóficas, desde que não implique em prejuízos a terceiros. Exemplo: forçar os demais a adotar sua religião, orientação sexual, etc.
Vacinar seria uma decisão pessoal? Para que isto seja afirmado, é preciso pensar:
Não se vacinar contra o Covid coloca em risco outras pessoas? A probabilidade é que sim, já que pessoas não vacinadas fazem com que o vírus circule por mais tempo e assim aumentando a chance dele se reproduzir, contaminar mais pessoas e gerar outras variantes mais graves.
A ciência esta mentindo em relação a isto? Ela estaria afirmando para que a indústria farmacêutica venda mais vacinas? Vender mais vacinas significa necessariamente que a indústria esteja manipulando e fraudando dados científicos? Qual a probabilidade disto ocorrer em nível global. Voltamos ao mesmo raciocínio anterior.
Conclusão
Para que as bases do negacionismo vacinal sejam concretas, é necessário que a probabilidade da comunidade científica esteja mentindo em relação a eficácia de remédios existentes e de vacinas em nível global será necessário contabilizar a quantidade total de pesquisas desta natureza e quantas delas foram manipuladas ou deturpadas para servirem a interesses farmacêuticos ( isto, não esquecendo, em nível global).