Você conhece suas limitações e virtudes?
É interessante notar como nos embaralhamos com questões simples, como, por exemplo, identificar algumas de nossas limitações ou falar sobre algumas de nossas virtudes.
Grande parte dessa dificuldade é cultural, fruto do aprendemos no contato com a sociedade e transferimos sem raciocinar à nossa forma de lidar com o mundo. Por isso pendemos para os dois lados: muitas dificuldades em conhecer limitações, grandes dramas de consciência em conhecer virtudes.
Conhecer limitações: temos receio de falar de nossas fragilidades porque queremos nos sentir sempre fortes. Aprendemos isso desde tenra idade. “Homem não chora”. “A vida não premia os fracos”. “Vivemos numa selva de pedras”. A sociedade prega a competição predatória e o individualismo, então vamos nesse embalo e consideramos os outros nossos concorrentes, por isso não falamos de nossas fragilidades, dores e dificuldades. Preferimos guardar a sete chaves e esconder nossos receios e limitações até de nós mesmos. E isso ocorre porque não nos estudamos, conseqüentemente, nos desconhecemos. Transitamos de mãos dadas com nossas limitações por não sabermos identificá-las.
Conhecer virtudes: E por outro lado fomos ensinados a cultivar uma humildade de fachada, uma humildade apática, onde é “PECADO” conhecer virtudes que possuímos. Temos medo de que o outro nos ache arrogante, por isso, não raro, nos desvalorizamos. Aliás, a cultura da desvalorização provoca a baixo auto estima e abarrota consultórios de terapeutas, psicólogos e psiquiatras. Isso para não falar que fomenta a tresloucada idéia do suicídio, porquanto o suicida é aquele que não reconhece seus valores, seus talentos e habilidades, julga-se um peso para o mundo, afunda-se em seus dilemas, e então, vê no suicídio a porta para sua salvação. Isso também ocorre porque não nos estudamos, e, portanto, nos desconhecemos.
É necessário romper os cadeados do preconceito para que possamos nos estudar com eficácia. Saber em que nível de evolução moral e intelectual estamos, o que já conquistamos e o que falta conquistar. Quais são nossas imperfeições morais, onde temos maiores dificuldades e como fazer para superar essas fragilidades. Essas são questões que podemos propor a nós mesmos, a fim de que identifiquemos o estágio evolutivo que nos encontramos.
Importante lembrar: reconhecer fragilidades não é sinal de inferioridade, ao contrário, alguém para reconhecer uma limitação e falar naturalmente dela é alguém já amadurecido para tanto. A mesma regra vale para a questão que envolve o conhecimento de nossas habilidades e virtudes. Reconhecer em nós alguma virtude, ou algo que sabemos fazer bem feito, não quer dizer falta de humildade ou arrogância. A prepotência não está em sabermos de nosso valor, mas sim se usamos esses valores conquistados para subjugar, humilhar e desdenhar do outro. Desde que não nos infectemos pelo vírus da auto suficiência e não nos consideremos superiores a ninguém, não há porque deixarmos de reconhecer nossas habilidades.
Será o estudo sobre nós mesmos e a reflexão em torno de nossas limitações e virtudes que nos estenderão o tapete vermelho para o auto conhecimento, que nos proporcionará um caminhar mais sereno pelos palcos da existência.
Pensemos nisso.