ARTIGO – O Brasil pelo avesso – XVIII – 24.12.2021 (PRL)
ARTIGO – O Brasil pelo avesso – XVIII – 24.12.2021 (PRL)
A recente decisão de conceder aumento de vencimentos aos policiais federais com recursos oriundos do Ministério da Economia, vem causando verdadeiro rebuliço nas categorias dos funcionários públicos da Receita Federal, que não aceitam essa discriminação, em face de que os preceitos constitucionais indicam que esses servidores sejam tratados de modo isonômico. É aquele tal “mexeu com um mexeu com todos”.
Já existem ameaças de paralisação das atividades desenvolvidas, sendo discutidas em vários estados da federação, tudo indicando que haverá reflexos em todo o país, o que não deixa de ser altamente prejudicial à recuperação de nossa economia. Técnicos da Receita Federal, por exemplo, estão colocando suas chefias à disposição do governo, mas somente na parte comissionada, porque pedir demissão do emprego isso não acontecerá, porquanto essa categoria é bem remunerada, e não é à toa que muita gente espera para fazer o pertinente concurso público. Até agora são mais de seiscentos os que pediram afastamento.
Sempre fui contrário ao clima de greve, apesar de ser um instrumento legal, mas quem recebe altos salários não deveria partir para esse revide, até porque os tempos estão difíceis, com muita gente desempregada, e a pandemia da Covid-19 ainda não foi erradicada totalmente, sendo que o momento é precário, em face dessa gripe que está assolando em vários estados do Centro-Sul. Vale lembrar que o governo pode convidar técnicos aposentados, da mesma ou de outras áreas, para substituir, temporariamente, esses que por acaso não derem valor ao seu emprego.
O que se pode depreender disso é que se têm condição de entregar os cargos em comissão (valor que se agrega aos salários), claro que representam uma casta privilegiada da população brasileira. Mas acima de tudo há um componente político, que não deixa de sinalizar apoio desses servidores à chapa oposicionista, talvez saudosos dos escândalos que assoberbaram o país, como nos casos do “Mensalão” e da “Lava-jato”, sendo que este terminou mesmo em pizza, porquanto os que foram recolhidos presos estão livres e desimpedidos para qualquer atividade, inclusive de serem candidatos a cargos eletivos já nas eleições de 2022. Decisão soberana do majestoso STF – Supremo Tribunal Federal.
Não resta dúvida de que são duas categorias de servidores altamente importantes para a nação. Os técnicos, por um lado, tentando combater o crime através das declarações de impostos/fiscalizações, mas sem arriscar tanto as suas vidas; os policiais, por seu turno, enfrentam esse perigo a partir do momento e que saem de suas casas, quando possa fazê-lo.
A minha impressão é que, mais uma vez, o governo joga contra si próprio, até porque isso não é hora de mexer com esse imbróglio, pois com teto ou sem teto de gasto, quando se deseja dar aumento sempre se arranja uma maneira, em sintonia com o Congresso Nacional. E com a casa de moribundo desarrumada, fácil é perceber que a moda pegará e quem sabe venha a ocorrer uma greve geral do funcionalismo público federal. Nunca tive conhecimento de que no Ministério da Economia houvesse verba de sobra para socorrer o governo.
Pude ver no GOOGLE que grandes chefes da Receita Federal percebem cerca de 27 mil reais por mês.
Mudando de assunto, a conquista do Campeonato Brasileiro e da Taça Brasil pelo Clube Atlético Mineiro, comandado pelo técnico nacional Cuca, nos mostra, claramente, que o endeusamento do treinador português Jorge Jesus, pelo Clube de Regatas do Flamengo, em detrimento do nosso conhecido Renato, que teve boa passagem nesse clube e no Grêmio de Porto Alegre, não tem sentido, eis que no país contamos com gente de gabarito profissional suficiente para comandar o clube da Gávea.
Mas a campanha conquistada pelo Cuca não garante, de forma alguma, que não venha a ser desprestigiado na hipótese de tropeços no ano que se avizinha, na famosa roleta dos técnicos praticada pelo Brasil.
Fico por aqui.
SilvaGusmão
Foto: Google