A INTERPRETAÇÃO DE GRUPOS TERRORISTAS SOBRE O ISLÃ
RESUMO
Este artigo tem como objetivo buscar a compreensão mais realista do Islã e dos versículos do alcorão, contrapondo quando equivocadas, ou, confirmando se forem verdadeiras, as visões dos grupos terroristas que fazem uso do alcorão para estabelecer seus objetivos e direcionar seus atos. O objeto de análise do trabalho é tudo o que cercea o entendimento do alcorão pelos grupos terroristas religiosos islâmicos. Pensando nisso, o artigo aborda: a religião no seu total, começando com sua história e seu paradeiro na atualidade. O alcorão, livro sagrado para os muçulmanos praticantes da religião, e, cursos de suas atitudes. Os grupos terroristas e sua religiosidade. Como parte da explicação e do entendimento sobre a religião e o que está no alcorão, há uma contextualização do momento em que determinados versículos foram revelados e de que forma isso foi feito, fazendo assim, verificável se tal uso por parte dos grupos terroristas é justificado na religião ou somente uma apropriação indébita que visa usar a religião como subterfúgio. O artigo por fim, cumpre o papel de fazer o leitor entender a religião desde seu princípio, além de, interpretar conceitos religiosos, e, desmistificar tabus culturais. Em linhas gerais, o resultado de que há diferença no “islamismo” dos grupos terroristas é visível a partir da diferenciação do entendimento da religião pelos seus seguidores e praticantes, fundamentada nas práticas do alcorão, em contraponto, a visão, ao entendimento, e, as práticas dos grupos terroristas.
Palavras-chaves: Islã, grupos terroristas, religião, alcorão.
Rio Grande do Sul
2020
1.INTRODUÇÃO
O artigo presente, tem como intenção demonstrar a visão usada para interpretar os textos religiosos islâmicos do Alcorão, por parte das organizações terroristas, assim como mostrar as verdadeiras intenções passadas por esses versículos mal interpretados.
O Alcorão então, é usado como subterfúgio para organizações criminosas agirem de acordo com sua fé, e não responderem por seus atos. Esses versículos são tirados de contexto e usados como uma forma de validarem atrocidades por eles cometidas, em nome da religião. Porém, o que muitos não sabem, é que o Alcorão em si, é um guia completo para guiar a vida dos muçulmanos, tendo sim, diferenças com crenças que são mais difundidas no ocidente, porém, que também buscam a paz e a justiça de acordo com seu livro sagrado e os ensinamentos nele contidos. Sendo assim, esses pontos serão explanados ao longo do artigo, com o intuito de mostrar de onde essas organizações tiram suas motivações para praticarem seus atos, que tanto assolam a comunidade internacional, e que são de extrema preocupação para setores da segurança internacional.
2. RELIGIÃO
A palavra Islam deriva da raiz árabe “Salama” que significa paz, pureza, submissão, obediência, etc. No sentido, religioso, a palavra Islam significa: “Submissão voluntária à Vontade de Deus e Obediência à Sua Lei”. A relação entre o sentido original e o religioso da palavra é forte e evidente. Só através da submissão voluntária à Vontade de Deus e da obediência à Sua Lei pode desfrutar-se da verdadeira paz e da pureza duradoura.
2.1 ALCORÃO
O alcorão é o livro sagrado do Islã, onde contém a palavra literal de Deus trazida a Terra pelo anjo Gabriel e recitada ao Profeta Mohammed no período de 23 anos. Nele contém códigos de moralidade e ética, além de, todos os princípios religiosos do Islamismo, resumidamente, o alcorão é um guia completo para direcionar a vida terrena das pessoas.
A raíz da palavra “Quran” em árabe, deriva do verbo “Eqra” que na literatura árabe tem dois sentidos. O primeiro, se refere a juntar, uma vez que, o alcorão é um conjunto de leis e códigos que organizam a vida e as relações do muçulmano dentro da sociedade. O segundo sentido, faz referência, ao verbo “ler”, nesse contexto o primeiro versículo recebido pelo profeta Mohammed consiste em: “Le, em nome de teu senhor, que criou, Que criou o ser humano de uma aderência.” (1,2:96). Sendo assim, o alcorão, livro sagrado do islamismo, é uma narrativa sobre os antecessores e sucessores da humanidade, fazendo um papel de árbitro sobre o certo e o errado. Em síntese, o conteúdo do Alcorão representa a lei corânica, que compreende os códigos penal, civil, constitucional e militar, e, também, normas para o comportamento individual e social, além de, narrativas históricas.
2.2 CONCEITO DE PAZ
Para se apreciar a maneira como o Islã aborda o problema da paz, bastará serem tomados em consideração só alguns fatos elementares relacionados com o Islã. “Paz” e “Islam” são duas palavras derivadas da mesma raiz e podem ser consideradas sinônimas. Um dos nomes de Deus é Paz. As palavras de conclusão das orações diárias de cada muçulmano são palavras de paz. A saudação do muçulmano ao dirigir-se a Deus é paz. As saudações diárias entre muçulmanos são expressões de paz. O adjetivo “muçulmano” (muslim) significa em certo sentido, pacífico. Tudo isso revela a importância fundamental e o predomínio do tema da paz no Islã.
O indivíduo que se aproxima de Deus através do Islã não pode deixar de conviver em paz com Deus, consigo próprio e com os seus semelhantes. Levando em consideração todos estes valores no seu conjunto, colocando o homem no devido lugar que ocupa no universo, e seguindo a vida na perspectiva islâmica, os homens de boa vontade e de bons princípios não podem deixar de fazer deste mundo um mundo melhor, de recuperar a dignidade do Homem, instaurar a igualdade, desfrutar a fraternidade universal e construir uma paz duradoura.
2.3 VIDA POLÍTICA
Cada ação individual do muçulmano ou de um grupo de muçulmanos deve inspirar-se e guiar-se pela Lei de Deus, o Alcorão, que é a constituição que Deus escolheu para os Seus verdadeiros servos.
No Estado Islâmico, a soberania não pertence ao chefe, e nem sequer às próprias pessoas; pertence a Deus, e o povo, no seu todo, exerce-a por autorização d’Ele para impor a Sua Lei e cumprir a Sua vontade. O chefe, seja ele quem for, não é mais do que um executante que o povo elegeu para servi-lo, conforme a Lei de Deus. Eis os alicerces do Estado Islâmico, em coerência com a concepção geral do Islã sobre o Universo, cujo Criador e único Soberano é Deus.
A finalidade do Estado Islâmico é garantir justiça, segurança e proteção a todos os cidadãos, sem distinção de cor, raça ou crença, de acordo com os mandamentos de Deus expressos na Sua Constituição, que é o Alcorão. O problema das minorias religiosas ou raciais não se levanta desde que estas respeitem as leis e os respectivos cidadãos sejam pacíficos.
O devido respeito pelos interesses de outros povos, assim como o seu direito à existência, honra e propriedade, desde que esses não desrespeitem os direitos dos muçulmanos. Isso porque a usurpação, transgressão, injustiça e opressão de qualquer natureza são severamente proibidas.
A paz, como base indispensável das relações, a troca de missões de boa vontade e esforços mutuamente honestos em prol da humanidade em que cada um participa em pé de igualdade.
Se alguém tentar violar os direitos do Estado Islâmico, perturbar-lhe a paz, pôr-lhe em perigo a segurança, explorar a sua política pacífica, o Estado deverá erguer-se em legítima defesa, para neutralizar os desígnios do país beligerante. Só neste caso e nestas circunstâncias, o Islã justifica a guerra. Mas mesmo assim, existem princípios morais destinados a limitar o mais possível o alcance da guerra. No Islã, a lei da guerra e da paz é altamente moral e única na sua compreensão e sensatez.
Cabe, no entanto, referir que o Islã não justifica uma guerra de agressão, nem considera como objetivo da guerra a destruição das colheitas, animais ou lares. Tão pouco permite serem mortos os homens idosos, as crianças e as mulheres que não lutam, assim como não tolera a tortura dos prisioneiros de guerra e a imposição da crença do vencedor ao vencido. É só uma medida defensiva, justificada pelos princípios práticos do Islã, enquanto o mal, a injustiça e a agressão não deixarem de existir no mundo.
3. TERRORISMO E GRUPOS FUNDAMENTALISTAS
Para começar, temos de explicar brevemente os conceitos de terrorismo e o que seria o fundamentalismo.
Terrorismo é um termo que surgiu durante a Revolução Francesa, o ato é praticado por uma pessoa, ou um grupo delas, que normalmente compartilham a mesma crença e mesmos objetivos (BORGES 2018). A partir disso, usam de atos violentos para disseminar ódio e terror contra aqueles que não acreditam em suas visões, ataques que podem variar de atentados em público, torturas físicas ou psicológicas.
Fundamentalismo então, é uma espécie de vertente que pode ser encontrada em qualquer religião, grupos fundamentalistas religiosos, usam de passagens de seus livros sagrados para justificarem seus atos extremistas, tirando de contexto o conteúdo lido. Tais atos não necessariamente significam atos de violência, mas sim, a pregação de seguir a risca suas interpretações, e a partir disso, impor suas visões para as demais parcelas da sociedade, tanto por força, que seriam atos terroristas, quanto por meio de doutrinação.
3.1 INTERPRETAÇÕES DO CORÃO POR GRUPOS TERRORISTAS
Em entrevista, publicada no dia 07/01/2016 na página do UOL pela jornalista Talita Marchao, estudiosos do alcorão sagrado foram indagados a respeito de trechos retirados do livro e suas explicações foram comparadas frente a ações que grupos radicais tiveram ao usarem destes trechos.
A entrevista começa com um versículo da segunda surata do alcorão, o alcorão tem 114 suratas e A SURA DA VACA é a de número 2. Essa diz que: “E matai-os, onde quer que os acheis, e fazei-os sair de onde quer que vos façam sair. E a sedição pela idolatria é pior do que o morticínio. E não os combatais nas imediações da Mesquita Sagrada, até que eles vos combatam nela. Então, se eles vos combaterem, matai-os. Assim é a recompensa dos renegadores da Fé.” Versículo 191.
Os entrevistados, dois Xeiques que recebem esse título por serem líderes religiosos ou simplesmente por se aprofundarem em estudos da religião, deram suas explicações a respeito de tal. Xeique Rodrigues: “Quem interpreta este versículo como um incentivo à violência ignora o 190, dizendo que o muçulmano só combate quando é agredido e ele não pode ser o primeiro a agredir. Neste contexto, os idólatras, o povo de Meca, tinha expulsado o profeta Maomé e seus seguidores, mataram muitas pessoas, e foi travada uma guerra aberta com os muçulmanos. E o trecho diz: expulsaram vocês? Expulse-os. Matou vocês? Mate-os. É aí que está o problema destes movimentos que usurpam os versículos: eles usam este versículo como se fosse escrito sobre hoje. Chegam na França, onde pessoas estavam se divertindo em um bar, em um restaurante, e detona uma bomba. ‘Combato aquele povo’, dizem. Mas eles são os idólatras de Meca? Que agressão aquelas pessoas fizeram para iniciar uma guerra?”
Retirada da quinta surata do alcorão, o versículo seguinte faz parte da SURA DA MESA SERVIDA e o versículo destacado diz: “A recompensa dos que fazem guerra a Allah e a Seu Mensageiro, e se esforçam em semear a corrupção na terra, não é senão serem mortos ou serem crucificados ou terem cortadas as mãos e os pés, de lados opostos, ou serem banidos da terra. Isso lhes é ignomínia, na vida terrena, e, na Derradeira Vida, terão formidável castigo.” Versículo 33.
Xeique Rodrigues explica novamente: “O contexto histórico deste versículo retrata os que combatem a Deus e seus mensageiros, atacando os muçulmanos, tomando seus bens, os expulsando de suas terras. Fala sobre o revide quando o muçulmano é atacado. Mas um radical tira este versículo do contexto e o usa, por exemplo, no caso do jornal ‘Charlie Hebdo’. Eles acham que o jornal está fazendo charge, debochando do profeta, do Alcorão, e Deus mandou puni-los. Mas em um Estado islâmico de direito, e em qualquer outro Estado constituído efetivamente, onde existem leis, direitos e deveres para todos os cidadãos, quem decide as punições é a Justiça. Os EUA têm pena de morte, não tem? Este versículo é um dos usados também na Arábia Saudita para julgar alguns crimes, como latrocínio. E sempre quem decide quem morre é a Justiça.”
Por fim, um trecho da surata de número 47, A SURA DE MUHAMMAD: “Então, quando deparardes, em combate, os que renegam a fé, golpeai-lhes os pescoços, até quando os dizimardes, então, acorrentai-os firmemente. Depois, ou fazer- lhes mercê, ou aceitar-lhes resgate, até que a guerra deponha seus fardos. Essa é a determinação. E, se Allah quisesse, defender-Se-ia deles, mas Ele vos ordenou a guerra, para pôr-vos à prova, uns com outros. E aos que são mortos, no caminho de Allah, Ele não lhes fará sumir as boas obras”.
Xeque Rodrigues: “É um versículo que foi revelado em uma guerra. Fala dos incrédulos na batalha, então deve-se considerar que o oponente é um idólatra, não-muçulmano em guerra contra a religião dele. E como é que estes grupos radicais fazem para justificar o uso deste trecho? Eles dizem que a pessoa deixa de ser muçulmana porque não os apoiam. Se não apoia a sua causa, o incrédulo pode ser até mesmo próprio muçulmano. A Al Qaeda usou esta argumentação, o EI usa também. Na Síria, os diferentes grupos radicais consideram seus rivais como incrédulos, mesmo que sejam todos muçulmanos. Quem não aceita o julgamento do EI se converte no incrédulo que o Alcorão mandou matar. E os muçulmanos que não aceitam esta interpretação são os primeiros a morrer. E são vítimas duas vezes: primeiro destes grupos radicais, e depois do preconceito motivado por causa das ações destes grupos.”
3.2 FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO
No Fundamentalismo islâmico, temos o distanciamento dos extremistas religiosos com o verdadeiro significado do Corão e das leis que regem as vidas de quem o segue, isso acaba por prejudicar a visão que o mundo tem sobre a religião como um todo, deixando de observar a verdade sobre os verdadeiros seguidores do livro sagrado muçulmano.
Esses fundamentalistas, profanam termos e os tornam impopulares, como o caso do “Jihad”, onde no mundo todo agora conhecemos o termo como uma guerra santa, porém, esse não é o significado correto do termo, como veremos adiante no trabalho.
Além disso, podemos observar que esses grupos fundamentalistas acabam por fundamentar (em suas próprias visões) a Sharia, que seria a única lei que rege a vida dos islâmicos, e por meio desta, buscar o enfrentamento contra não muçulmanos.
Sendo assim, com essas visões próprias em torno de termos e apropriações de versículos, instauram uma guerra santa, em busca de mais uma vez estabelecer sua religião e seu Deus como o único na terra, por meio da violência.
3.3 ORGANIZAÇÕES FUNDAMENTALISTAS ISLÂMICAS
Primeiramente podemos observar que são diversos os grupos fundamentalistas, ou terroristas islâmicos, alguns se instauram de maneiras não convencionais, e outros tentam se ligar ao próprio estado, e assim controlar a população por meio da política. Seriam alguns deles os seguintes.
Como organização terrorista mais popular, temos a Al-Qaeda, formada por Osama Bin Laden, que dizem lutar contra o ocidente e principalmente os Estados Unidos, por financiarem regimes que de certa forma oprimem muçulmanos, ou de certa forma ocupam espaços indevidos, assim considerados pelo grupo.
Outro grupo também extremamente famoso, é o Talibã, já tendo sido um auto intitulado governo de 1996 até 2001, período o qual ocupou a força diversas cidades, e destruindo locais de intelectualidade diferente de suas crenças. Após esse período, são agora considerados um grupo terrorista, após terem sido depostos por forças lideradas pelo exército norte-americano. Seu líder atualmente é Hibatullah Akhundzada, e mais recentemente, neste ano de 2020, um acordo de paz foi assinado com os Estados Unidos, determinando a retirada de tropas americanas do Afeganistão, em troca de impedirem operações da Al-Qaeda em seus territórios.
Na política, temos grupos como o Hamas, que é localizado na Palestina, tendo como significado “Movimento de Resistência Islâmica”, o partido criado por Ahmed Yassin, Mohammad Taha e Abdel Aziz al-Rantissi, busca controle político para reivindicar e recuperar territórios na Palestina, assim como frear os avanços de Israel na faixa de Gaza.
Por fim, temos o Hezbollah, que significa “partido de Deus”, esse por sua vez, se localiza no Líbano e seu líder é Hassan Nasrallah. Combatem os avanços de Israel e buscam suprir necessidades da sociedade libanesa como um todo. Apesar disso são considerados um grupo terrorista pela comunidade internacional, devido a envolvimento em ataques planejados e assassinatos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Aqueles que são introduzidos no Alcorão apenas através da mídia, geralmente têm a impressão de que o Alcorão é um livro de jihad, jihad é para eles uma tentativa de alcançar a própria meta por meio da violência. Mas esta ideia é baseada em um mal-entendido. Quem lê o Alcorão por si mesmo facilmente percebe que a sua mensagem não tem nada a ver com violência. O Alcorão é, do começo ao fim, um livro que promulga paz e nenhuma forma de violência. É verdade que a jihad é um dos ensinamentos do Alcorão. Mas jihad, tomado em seu sentido correto, é o nome da luta pacífica e não de qualquer tipo de ação violenta. O conceito corânico da jihad é expresso no verso seguinte: “Faça jihad maior (isto é, se esforçar mais energicamente) com a ajuda deste [Alcorão]”. (25:52).
Obviamente, o Alcorão não é uma arma, mas um livro que nos dá uma introdução à ideologia divina da luta pacífica. O método de tal luta, de acordo com o Alcorão, é “fala-lhes uma palavra para chegar à suas próprias almas”. (4:63).
Assim, a abordagem desejada, de acordo com o Alcorão, é o que move o coração e a mente do homem. Ou seja, na abordagem da mente das pessoas, os satisfaz, os convence da veracidade do Alcorão e, em suma, traz uma revolução intelectual dentro deles. Esta é a missão do Alcorão. E esta missão só pode ser executada por meio de argumentos racionais. Este objetivo não pode ser alcançado por meio de violência ou ação armada.
É verdade que há certos versos do Alcorão, que transmitem liminares semelhantes à seguinte: “Mate-os onde quer que você os encontre”. (2:191).
Referindo-se a esses versos, há alguns que tentam dar a impressão de que o Islã é uma religião de guerra e violência. Isso é totalmente falso. Tais versos referem-se, em sentido restrito, para aqueles que unilateralmente atacam os muçulmanos. O versículo acima não transmite o comando geral do Islã.
A verdade da questão é que o Alcorão não foi revelado de forma completa em que ela existe hoje. Foi revelado ao longo do tempo, de acordo com as circunstâncias, ao longo de um intervalo de tempo de 23 anos. Se este tempo for dividido em anos de guerra e paz, o período de paz equivale a 20 anos, enquanto que a de guerra foi de apenas 3 anos. As revelações durante estes 20 anos pacíficos foram os ensinamentos pacíficos do Islã como são transmitidas nos versos sobre a realização de Deus, adoração, moralidade, justiça, etc.
Esta divisão de comandos em diferentes categorias é natural e é encontrado em todos os livros religiosos. Por exemplo, o Gita, o livro sagrado dos hindus, refere-se a sabedoria e os valores morais. No entanto, juntamente com isso é a exortação de Krishna para Arjuna, encorajando-o a lutar (Bhagavad Gita, 3:30). Isso não significa que os crentes no Gita devem travar guerras o tempo todo. Mahatma Gandhi, também, derivou sua filosofia de não-violência a partir do mesmo Gita. A exortação para fazer a guerra no Gita se aplica apenas a casos excepcionais quando as circunstâncias não deixam escolha. Mas para geral existência quotidiana dá os mesmos comandos pacíficos como dele deduzidas por Mahatma Gandhi.
Da mesma forma, Jesus Cristo disse: “Não penseis que vim trazer paz à Terra. Eu não vim trazer paz, mas espada.” (Mateus, 10:34).
Não seria correto concluir que a religião pregada por Cristo foi um de guerra e violência, pois tais declarações se referem exclusivamente para ocasiões específicas. Até agora, como a vida em geral está em causa, Cristo ensinou valores pacíficos, tais como a construção de um bom caráter, amar uns aos outros, ajudando os pobres e necessitados, etc.
O mesmo acontece com o Alcorão. Quando o Profeta Muhammad emigrou de Meca para Medina, as tribos idólatras foram agressivos em relação a ele. Porém, o Profeta sempre evitou seus ataques pelo exercício de paciência e estratégia de evasão. No entanto, em certas ocasiões há outras opções existentes, salvo que de defesa. Por isso, ele tinha que fazer a batalha em certas ocasiões. Foi nestas circunstâncias que ocasionaram essas revelações relativas à guerra. Estes comandos, sendo específico para determinadas circunstâncias, não tinha alcance geral. Eles não foram feitos para ser válida para todos os tempos vindouros. É por isso que; o status permanente do Profeta tem sido chamado de “misericórdia para toda a humanidade.” (21: 107)
Islã é uma religião de paz no sentido mais completo da palavra. O Alcorão chama seu caminho “os caminhos da paz” (5:16). Ele descreve a reconciliação como a melhor política (4: 128), e afirma que Deus abomina qualquer perturbação da paz (2: 205). Podemos dizer que não é exagero dizer que o Islã e a violência são contraditórias entre si.
5. CONCLUSÃO
De modo a finalizar a pesquisa e encontrar um ponto de vista coerente sobre a religião e seu objetivo para com quem a pratica, é fundamental selecionar palavras de Deus escritas no alcorão que remetem claramente a postura de um muçulmano frente aos demais.
‘‘Entre completamente em paz e não siga os passos de Satanás. [2: 208]’’
“se eles se inclinam para a paz, inclinem-se também e confiem em Deus. [8: 60]’’
‘‘E combata-os até que não haja mais tumulto ou opressão, e prevaleçam a justiça e a fé em Deus; Mas se eles cessarem com a agressão, não haja mais hostilidade senão àqueles que exercem a opressão. [2: 193]’’
Constantemente no decorrer dos anos, versículos foram revelados incitando a paz, até que, houveram tempos de guerra, e, para esses momentos Deus justificou o uso da força, porém, passados esses momentos de conflito os versículos reforçam sempre que o uso da força é somente em caso dos muçulmanos serem atacados, expulsos de suas casa e terras, injustiçados, etc. Mas, nunca em forma de pregar sua religião, para que um muçulmano faça seu Jihad em prol da religião, isso deve ser feito a partir da transmissão das palavras de Deus em seu livro sagrado.
“Deus nada vos proíbe quanto àqueles que não vos combateram por conta da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que trateis com eles com bondade e equidade. Deus ama os justos”. (60:8)
“A sanção é dada àqueles que lutam porque foram injustiçados; e Deus é de fato capaz de dar-lhes a vitória”. (22:39)
Baseado então no próprio alcorão, livro que rege a religião muçulmana na Terra, o trabalho explicou as intenções da religião muçulmana em aspectos como, a vida política, a relação da paz com o islam, as transgressões falsas da religião, etc. Por fim, parece pertinente afirmar baseado nas fontes de pesquisa e no próprio alcorão que os objetivos da religião nada estão ligados ou sequer passam por atitudes terroristas ou o uso da força, não só isso como proíbem totalmente essas atitudes.
"Quem matar uma pessoa, sem que esta tenha cometido homicídio, será considerado como se tivesse assassinado toda a humanidade".
"Quem salvar uma vida, será como se tivesse salvado toda a humanidade".
Portanto, aqueles que usam o terrorismo como um método jamais podem ser considerados muçulmanos. Seja qual for o propósito, matar inocentes é homicídio, assassinato. Segundo o Alcorão, matar um inocente é igual a matar toda a humanidade.
ABSTRACT
This article attempts to explore a more realistic perception of Islam and the verses of the Koran, contrasting when they're mistaken or validating if proven right, the views of terrorist groups that use the Koran to establish their goals and direct their actions. The object of analysis of the article is everything that surrounds the understanding of the Koran by Islamic religious terrorist groups. With that in mind, the article addresses the religion, starting with its history and current whereabouts. The Koran, a holy book for Muslims who practice its religion and teach their attitudes. Terrorist groups and their religiosity. As a part of the explanation and the knowledge about the religion and what is in the Koran, there is a context of when some holy versicles were revealed and how this was done, making it verifiable whether the use by terrorist groups is justified or not in the religion concepts, or merely a misappropriation, that aims to use religion as a subterfuge. Finally, the article fulfills the purpose of making the reader comprehend the religion from the beginning, and to start clarifying Islam concepts and also demystifying cultural taboos. As a part of the explanation and the knowledge about the religion and what is in the Koran, there is a context of when some holy versicles were revealed and how this was done, making it verifiable whether its use by terrorist groups is justified or not in the religion or merely a misappropriation, that aims to use religion as a subterfuge. Finally, the article fulfills the purpose of making the reader comprehend the religion from the beginning, and to start clarifying Islam concepts and also demystifying cultural taboos. In general terms, there is a difference in the "vision" of terrorist groups about the Koran and their concept is distinct from the conception of the religion by its followers and practitioners, based on the practices of the Koran, in contrast of the vision, understanding and actions of terrorist groups.
Key words: Islam, terrorist groups, religion, Koran.
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Reeleito por Pr EL MOUTAQI Lahcen