Dos tempos que voltam sempre
Dos tempos que voltam sempre
Luiz Alberto Silveira
Assim, de repente, não me sinto mais exausto de amor ausente pois a cada instante estão em mim todas as lembranças que não saem do que tem sido uma vida contente. Contente de vocês, amigos próximos, daqueles que não mais vejo, dos meus amados presentes. Assim, de repente, fez-se um momento das saudades boas dos dias de um tempo bom, que a memória busca, as paisagens surgem e o coração sente do que já foi um dia a infância e a juventude que retornam em imagens, as que hoje tenho e a emoção que me levam à gratidão. Soam como elevadas canções, os burburios da turma, da garotada animada, os encontros havidos, os entreolhares furtivos e sedosos trocados nas caminhadas pelas calçadas que levavam à escola, o balançar suave, quase parando, dos enamorados de rostos colados, nos bailes de outrora, nas belas tardes de domingo, da praça, das noites enluaradas , das serenatas ao luar que ainda brindam os meus ouvidos. Nos jestos, jeitos e trejeitos residem o meu pensar romântico de tanto e quanto foram felizes os dias. Os meus dias, os teus dias, os nossos dias de um tempo que volta sempre e nos quer fazer contente, que trazem lágrimas de bons sentimentos de tudo que nos fez amar. Como eu, tens tuas lembranças, tuas memórias felizes que te faço fazer lembrar.Por certo lembras do sol de nossas praias douradas, do mar que nos banhava juntos, de mãos dadas (embaixo, sob a àgua), em uma alegria sem par onde todos se conheciam, se davam, se abraçavam, se viam. Dificil esquecer do escurinho do cinema no enlevo dos filmes dos nossos tempos, do lugar guardado para o enamorado que se atrasou, das mãos que se encontravam em arrepios no fazer sentir daquelas horas que não se trocava, em toda semana aguardada. Havia ternura nas canções, doçura nos dizeres, promessas de bem querer, preocupação em encontrar, fascinação ao acariciar. Com as lembranças dos nossos tempos vivo agora os momentos e as alegrias dos encontros que conquistei, que desaguam nos meus encantos em tudo que desejei. Não há nada mais a inventar pois tudo que hoje tenho e lembro é tudo que quero amar.