O casamento entre a Ciência e a Religião
(Tânia Meneses)
Não é possível compreender qual seria o temor de tanta gente em participar da cerimônia de casamento entre a Ciência e a Religião. Seria por preconceito vez que as duas palavras são do gênero feminino?
Ciência é conhecimento, saber. Religião é conhecimento espiritual. Então, parece que uma complementaria a outra e isto faria um casamento ideal. E por que há tantos que são contra esse matrimônio?
A Ciência é uma mulher especulativa, questionadora e que aprecia as provas. A Religião é uma mulher que está convencida de que não precisa se dar a esse tipo de investigação, pois ela é o sacrário da Fé. É como aquela esposa que acredita no marido e ponto final. Isto significa dizer que o casal tem independência, liberdade, o que também é uma maravilha.
A Religião sabe e diz que o Senhor é o dono de toda a Sabedoria, sim, Ele é! A Ciência é aquela que duvida, quer a prova e não aceita imposições, o campo dela é outro. O problema maior reside nos religiosos, que gostam que todos tenham a mesma e inabalável Fé! Esses fazem da relação entre Ciência e Religião um problema que não existe.
Um religioso tem a Fé, mas também vai a uma consulta médica, exatamente porque o Pai Eterno deu aos médicos o dom da cura, ou não? Não há mal algum em que um sujeito fervoroso precise de um médico, ou de um professor para que o alfabetize, pois, só assim ele conseguirá ler as páginas sagradas.
A Fé e a Investigação não brigam, mas, se completam. E têm filhos fervorosos e, também, estudiosos.
A Ciência, por exemplo, quer saber porque há religiosos que fazem questão de repetir a frase em que Jesus teria se dirigido à Maria chamando-a de Mulher. Ora, a Professora Dita Souza, Teóloga, biblista e autora da obra Histórias de Maria que a Bíblia não conta nos esclarece que: “Existem termos na língua e na cultura de um povo que parecem comuns para seus membros, até um elogio, mas, para outros, uma falta de respeito de delicadeza; é o caso da palavra ”mulher”, pela qual Nossa senhora, em algumas situações, foi chamada por seu filho Jesus”, e acrescenta que: “Assim, podemos perceber, conforme São João, amigo, discípulo e agora eleito por ele como irmão de Jesus, que o termo “mulher”, longe de ser uma referência pejorativa à Sua mãe, possui um significado bem mais profundo e teológico, simbolizando-a como mãe da Igreja, da comunidade dos cristãos, os quais têm em Maria o seu modelo materno”. A Professora Dita Souza une em seu texto a Ciência e a Religião e deu tudo mais que certo.
A gente só pode, então, pensar que a recusa em discutir unindo as duas e delas tirando o melhor só pode ser falta de fundamento ou uma atitude cômoda que se escora na Fé.
Enfim, e para fechar esta reflexão que daria muitos panos pras mangas, ler, entender e interpretar a Palavra Sagrada não é apenas uma questão de inspiração ou de opinião, mas de uma atitude de investigação e um estado de espírito fervoroso, que se combinam.