ESFINGE
Branca como marfim, olhos finos, penetrantes, verdes e rasgados, num rosto tranquilo; nariz elegante, boca nacarada, cabelos bastos, longos e negros; corpo delgado, de flexões graciosas; pés rapidos quando quer e, por isso mesmo, quase sempre de um passo vagaroso, firme e majestoso; mãos cristalinas.
Ela é assim. Anjo celeste. Presença que embevece, acalma e embala...
Seus olhos convidam, seu sorriso chama, seu corpo pede: está lançada a rede e não há quem desta à malha escape. Infeliz! Punido lhe será, em breve, o crime de amá-la e dizer que a ama: ela, que antes era todo ardor e fogo - divina tentação, cobre-se, depois, de um frio glacial - estátua humana - seguindo seu caminho, deixando-o para trás, arrastando-se, suplicante, em louca tentativa de alcançá-la.
Ela é assim. Criatura infernal. Dêmonio que fere e, à ferida, brasa atira.
Ela é assim. Mulher: anjo e dêmonio em harmonia!
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Dêmonio? Nunca!
Sua alma é pura, ingênua e doce!... Dêmonios são os que assim a fizeram parecer! Aqueles que a rodearam desde a infância e dela não cuidaram, nem a tentaram compreender e até dela, de sua inocência, se aproveitaram.
Dêmonios, sim e, como tais amaldiçoados sejam para todo o sempre!...