EDUCAÇÃO! UM BEM MAIOR.
Quem passou dos quarenta deve ter ouvido aquela piada: Um Ministro da Fazenda brasileiro vai visitar o Japão e fica impressionado com a riqueza pessoal de seu equivalente e pergunta:
- Tanaka! Como você ficou tão rico assim?
- Oh Furano! Tá vendo aquela ponte grande lá no poente?
- Sim estou vendo, Tanaka.
- Então, 10% aqui! Disse batendo a mão no seu bolso.
E mostrou outras obras públicas reproduzindo o mesmo diálogo e gestual.
Tempos depois, Tanaka vem ao Brasil e paga a visita ao seu colega, ficando surpreso com o rápido e fulminante sucesso do Furano, e diz ao brasileiro.
- Vi que você aprendeu bem a lição, como conseguiu me superar assim tão rapidamente?
Aí Furano falou:
- Ta vendo aquela ponte grande lá no horizonte?
- Que ponte? Não estou vendo nada.
- Então, 100% aqui. Batendo a mão no seu bolso.
Respondeu Furano. Repetindo a fala e o gestual em várias direções.
Evidentemente que isto é uma piada no que se refere ao Japão, sabemos que lá o povo não permitiria isto, quanto ao nosso querido país... Fez me lembrar de outra piada: quando Deus distribuía as intempéries e desgraças pelo mundo afora, Pedro notou que um país não tinha nenhuma delas: não havia vulcões, terremotos, furações, terras cobertas por neve; pelo contrário tinha uma grande extensão de terras férteis, um litoral imenso, o maior rio do mundo e belezas naturais espalhadas de norte a sul. Aí Pedro intrigado com aquilo perguntou:
- Meu Senhor! Por que este país aqui no hemisfério sul é tão privilegiado? O Senhor não esqueceu de por algumas intempéries para ele não?
O Senhor respondeu:
- Calma Pedro! Você vai ver o povinho que eu vou por aí.
Estas piadas são da época da ditadura anos 70, 80, mas parecem atuais e cada vez mais verdadeiras. A Esperança perdeu para o desânimo. Como chacoalhar o gigante do seu berço esplêndido e pô-lo em marcha?
Penso que a saída é a educação do povo através de suas crianças, estas são as únicas que podem modificar o comportamento dos nossos adultos, vou dar um exemplo que presenciei e outro contado por um colega na televisão:
Um colega, de outra secretaria aqui em Minas, estava tentando ensinar os produtores a tirar leite em condições higiênicas satisfatórias, mas sem sucesso, pois os campônios insistiam em manter os costumes herdados. Até que um dia resolveu investir nas crianças, filhos dos produtores. Levou-as a uma escola rural e mostrou os cuidados higiênicos que deveriam ter para uma produção de qualidade. Explicou também as conseqüências da não aplicação destas técnicas, as doenças que poderiam ser transmitidas para o rebanho e para os consumidores. Sucesso total! As crianças voltaram para casa e começaram a cobrar dos pais uma mudança de atitude. Em pouco tempo a qualidade do leite da região melhorou muito.
Outra história:
Na Secretaria da Fazenda de Minas, fazemos campanha de educação fiscal, ensinando ao povo a razão dos tributos e cidadania, com pouca ressonância quando a platéia é adulta, mas vi colegas que trabalharam com crianças, fazendo teatro nas escolas e relatavam os comentários dos pais:
- Pô! Seus moços vocês ficam ensinando meus filhos a importância destes impostos, a importância de pedir a nota fiscal, agora eles não me deixam mais vender sem tirar notas fiscais.
Realmente o número de autorização para impressão de notas fiscais na região aumentava bastante.
Cristóvão Buarque para Presidente!
Fiquei fã do discurso deste senhor. É através da educação que poderemos mudar este país de piadas que se transformam em tristes realidades. De nada adianta termos grandes campos petrolíferos, as maiores riquezas de energias renováveis, a maior extensão de terras agriculturáveis, o maior volume de água doce do mundo e outras vantagens vislumbradas por S.Pedro naquela piada introdutória, se o povo reconduz ao cenário político tantos corruptos, se somos tolerantes com tantos desacertos. Com a educação a saúde melhora, a consciência de cidadania emerge, o poder reivindicatório aparece. É preciso aprender que o dinheiro arrecadado via tributação tem que retornar como benefício para todos: melhores rodovias, educação e saúde dignas, segurança, transporte coletivo. Direitos assegurados na Constituição. Como um povo ignorante de seus direitos poderá reivindicar?
Como nos encontramos no ranking internacional da educação? O jogador francês de futebol falou da extrema habilidade dos jogadores brasileiros e que está habilidade decorria do pouco tempo de estudo de nossos atletas que priorizava o jogo...A mídia nacional ficou revoltada com a franqueza do francês, poucos atletas nacionais reconheceram esta verdade. Hoje vi escolas precárias no Jornal Nacional com cobertura de sapé, ou um pé de mangas como teto, problemas locais, que se a comunidade, uma ONG, o prefeito e até o governador quiserem resolvem-se, mas o problema maior é outro.
Alunos se formando no básico sem saber fazer as quatro operações, sem entender o que soletram, e não são problemas pontuais é conjuntural.
Um povo educado é povo limpo, mais saudável, com consciência ecológica, mais exigente com seus representantes, cumpridor dos deveres e reivindicador dos seus direitos.
A pergunta que fica é: Os nossos representantes maiores que são menores querem o povo educado?
Chamo meus leitores ao debate.
Defranco.