Tristão de Athayde

Tristão de Athayde

Um amigo familiar de muitas lembranças do escritor Alceu Amoroso de Lima. Suas mãos falavam mais que LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, que gesticulava suas palavras como faz o Maestro regendo sua orquestra. Seus dedos movimentando como marola do oceano, da calmaria à arrebentação das ondas em alto-mar, conforme a emoção do seu discurso. Empunhando sua caneta escrevia artigos para o Jornal do Brasil, seu periódico carioca assíduo ou seus discursos acadêmicos para seus pupilos. Como advogado escrevia suas laudas, teses e aulas ministradas na PUC.

Nos encontrávamos no parlatório da Abadia de Santa Maria por ocasiões de suas visitas a sua filha Lia, noviça que adotou o onomástico de Maria Tereza, prenome de sua mãe por ocasião de sua profissão. Seu noviciado se deu através da orientação da Madre Madalena, minha tia que veio a ser Prioresa da Abadia. Abdicou da vacância de Abadessa em detrimento da sua noviça Madre Maria Tereza. Infelizmente não foi assistida pelos seus pais na consagração abacial da Madre superiora, mãe espiritual de suas confreiras.

Dr. Alceu tinha um automóvel sedan Dodge 1955 que o dirigia do Rio de Janeiro a São Paulo por ocasião de suas visitas a sua filha. Meu pai tinha um perua Dodge 1951, e nossas conversas giravam em torno do assunto automobilístico, sempre esclarecedora pela gesticulação de suas mãos. Mãos postas oravam, quando acobertadas em seu rosto avergonhava da política. Quando acenadas despedia de nossos encontros ocasionais.

Suas mãos foram objeto de uma seleção de fotos colecionados pela sua filha que fora sua secretária na vida profana. Um álbum de flagrante momentos públicos, dignos de divulgação por ocasião da inauguração da biblioteca pela Secretaria da Cultura do Município de São Paulo em seu nome no bairro de Pinheiros aqui em São Paulo.

Benditas mãos que tocaram grandes figuras públicas e eclesiásticas, inclusive dos Papas João XXIII e João Paulo II. Mãos que cumprimentaram seus lentes, amigos e políticos. Que abençoaram sua prole, desde seus filhos, netos e bisnetos. Mãos que tive o privilégio de tocá-las em cumprimento e de afaga-las festivamente.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 24/10/2021
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