A REALIZAÇÃO DO SI-MESMO
A REALIZAÇÃO DO SI-MESMO
"Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão".
Carl G. Jung A Prática da Psicoterapia.
Essa é uma frase de impacto, sem dúvidas! Com base no pensamento do psicólogo de Zurique e tecendo as minhas reflexões, abordarei sobre a bravura requerida para a realização do si mesmo.
Pois, muitas vezes, enfrentar a nossa própria alma (com o objetivo de atingir uma ampliação da consciência e favorecer o processo da individuação) significa encarar a nossa sombra, o lado mais encoberto de nosso ser que não temos muita coragem de partilhar com ninguém; como também, envolve a descoberta de nosso potencial para fazermos a diferença no mundo em que vivemos.
Falar de iluminação interior nessa perspectiva significa desenvolver gradativamente uma estrutura psíquica para o autoconhecimento, que não deixa de ser uma condição indispensável para o processo de individuação.
Ora, esse processo nada mais é do que a própria realização do si-mesmo, ou seja, o encontro com a nossa totalidade e com a divindade que ilumina o nosso ser. Com base nessa atiutde, somos mais capazes de compreender os aspectos inconscientes de nossa personalidade, até porque estamos mais próximos de desenvolver a nossa integridade pessoal, sem falar de uma melhora em nossa capacidade de lidar melhor com os conflitos da alma.
Esse é, portanto, um trabalho que demanda uma certa coragem e uma honestidade implacável consigo mesmo; e não é à toa que os grandes homens, que foram identificados como heróis, tinham como característica o fato de terem atingido uma maior compreensão de sua alma, do divino como guia do seu destino (identificado por Jung como imago dei) e do sentido da própria existência.
Certamente, tais homens, como Jesus, Buda, Moisés, Paulo de Tarso, José do Egito, Ghandi, entre outros seres notáveis na história da humanidade, fizeram a longa travessia da jornada da alma, atingindo uma certa autoconsciência, mais conhecido como iluminação interior; e, também, adquirindo aquela firmeza de espírito para adentrarem no processo árduo e, ao mesmo tempo, frutuoso da individuação, uma empreitada de diferenciação que os tornaram seres tão distintos, singulares e destacados da maior parte da humanidade.