A Ceuta, pérola do norte, da "usurpação espanhola" à liberdade e independência

O início do século passado, o Marrocos cobiçado e objeto do interesse ocidental, a Espanha controla o norte e sul, e a França o centro, depois de uma luta em prol da integridade territorial, considerando o saber e o conhecimento principais meios rumo a integridade física e mental; a própria a história, testemunha “com as ciências sociais”, fundamentando a bandeira das conquistas, da existência e do desenvolvimento humano.

Assim o Reino do Marrocos,

De vez em quando, os apelos levantados chamando para a reabertura do processo rumo a liberação das duas cidades marroquinas, continuando sob a ocupação espanhola: tais cidades, Ceuta e Melilla, objeto das manipulações estrangeiras e cobiças, levando os Estados Unidos da América, principal poder internacional reconhecendo a marroquindade do saara ocidental.

No norte, outras vozes levantadas em defesa destas cidades espanholas. São opiniões conflitantes, objeto da história que aprofunda explicações dos fatos.

A professora Margarita Robles vê no ataque à fronteira espanhola de fato, um dos episódios da conclusão da integridade territorial do Reino de Marrocos.

A tocha do fato histórico

Trata-se no texto a seguir, resumir os fatos históricos mais importantes objeto do livro “Ceuta, como e por que foi violada e invadida pela Espanha?”, cujo autor falecido, Mohamed Ben Azzouz Hakim, reitor de Historiadores marroquinos; tratando de fatos que o vizinho do norte tentou durante muitos anos ocultar. Lembrando da vida deste homem que vale recordar. Ele conseguiu recolher os documentos históricos e manuscritos raros e secretos, mantidos na biblioteca da sua própria casa, iluminando os corredores da história que Espanha, o estado colonial, tentou mantê-los ocultos e desconhecidos por parte dos marroquinos e não marroquinos.

Talvez o primeiro objetivo da escrita de Mohamed Ben Azzouz al-Hakim no livro "Ceuta, quando e como foi usurpada pela Espanha?" Refutando as diferentes falácias e desinformações que a outra parte (Espanha) consagra sempre.

A escolha do escritor da palavra "usurpada" em vez da palavra “colonização”, explica o sentido da tese defendida no livro: não foi colonizada a Ceuta pela Espanha somente.

Sim, podem alguns marroquinos pensar que a presença da Espanha na cidade de Ceuta “remonta aos tempos antigos”. De fato, a Espanha não colonizou somente a cidade de Ceuta, mas sim tomada depois que um dos reis descumpriu o pacto que tinha cumprido. A Interrogação é como aconteceu a usurpação, suas etapas e resultados?

Defesa espanhola e julgamento

Enquanto a Espanha pretende ser a vítima, alegando a sua presença em Ceuta, por mais de cinco séculos e meio, de fato, ela não “usurpou” a cidade de Ceuta a não a partir do ano 1641, tal presença não ultrapassou 380 anos; anterior, a esta presença espanhola tem precedido a sua contraparte britânica em Gibraltar “, por mais de sessenta e três anos”.

Entre as outras imprecisões da vizinha do norte que se propaga, ela tem se apoderado da cidade de Ceuta numa época em que o estado de Marrocos ainda não tinha sido fundado.

Na realidade, Moulay Idris I fundou o Reino de Marrocos no ano 788. Ou seja, mais de 700 anos antes que a própria Espanha se tornasse um estado reconhecido; interrogando se a Espanha esqueceu que não se tornou um estado independente a não ser em 1492? Ela não foi sob o governo dos almorávidas, almóadas e marinadas entre os anos 788 e 1492?

Então com tudo isso, a Espanha pretende que Ceuta, localizada no solo marroquino, no outro lado, parte integrante de seu solo, como pode protestar contra a colonização britânica de Gibraltar, localizado no território espanhol?

Interrogando se o mesmo princípio não pode reagir aos dois processos? Estando diante do mesmo princípio, princípio da extensão geográfica? indagando, se não é “a própria extensão geográfica, entre as terras de Espanha e Gibraltar, em outras palavras seja a mesma extensão geográfica entre as terras de Marrocos, Ceuta e Melilha”?

As duas cidades levantam a mesma identidade. Os marroquinos fundaram a cidade de Gibraltar (denominada em homenagem ao líder marroquino Tariq ibn Ziyad, o conquistador da Andaluzia) “por uma ordem emitida pelo sultão de Marrocos, o califa almóada Abd al-Moumen ibn Ali al-Koumi no ano 1160.”

A cidade foi conhecida como Jabal Al-Fath. Enquanto a cidade de Ceuta, considerada uma das primeiras cidades conquistadas pelo Islã. Sendo que de Ceuta se iniciou a conquista da Andaluzia, culminando com a vitória de Tariq bin Ziyad na Batalha da Trincheira sobre o Rei Gótico Dom Rodrigo no ano 711.

Desde então, a cidade ficou sujeita ao domínio islâmico e, mais tarde, ao domínio dos sultões de Marrocos, após que Idris I fundou o estado marroquino. Cujas duas cidades formaram um elo entre Marrocos e Andaluzia por mais de sete séculos e meio.

Cronologia da usurpação da Ceuta

A história começou quando o sultão marinida Ahmed bin Ibrahim bin Ali abandonou Gibraltar em favor do rei de Granada, Ibn al-Ahmar, em 1874. Quarenta anos depois, o rei português Juan I decidiu lançar a primeira cruzada contra o Marrocos; tratando da campanha na qual o Portugal tem utilizado uma frota “composta por 220 navios de guerra e um exército de não menos de 50.000 combatentes”, culminando com a queda da cidade de Ceuta nas mãos do Portugal.

Naquela época, o Marrocos enfrentava sérios problemas internos, guerras civis, o que facilitou a Portugal ocupar outras cidades marroquinas, os quais vão ser recuperados mais tarde, antes que D. Sebastião apoderou-se do trono de Portugal. Sendo apenas três cidades marroquinas continuam sob a posse deste estado colonial naquela época; Tânger, Ceuta e Mazagão.

O Dom Sebastião, por sua vez, lançou uma cruzada contra o Marrocos, pela qual ambicionava apoderar-se de todas as terras do reino; declarando a guerra como Rei de Portugal, com plena convicção da força do seu país e da fraqueza do adversário; contando com os estados cristãos, com apoio do Papa Gregório XIII.

Naquela época, o Marrocos conseguiu ultrapassar seus problemas internos e Mawla Abd al-Malik al-Saadi subiu ao trono no Marrocos.

Parece que Dom Sebastian entrou numa guerra sem cálculos de antemão, porque o fator decisivo nesta guerra depende da sua boa gestão e visão, uma vez que guerra aconteceu no Marrocos, conhecendo seus desdobramentos; resultado os marroquinos derrotaram o exército invasor na margem do Wadi al-Makhazin, e o Don morreu na batalha, deixando o “trono de Portugal vago”.

Assim, as ambições do rei de Castela, Felipe II, voltadas para o trono deixado pelo Rei D. Sebastião a seu sobrinho, tendo em vista estender a sua influência sobre as cidades marroquinas ocupadas por Portugal. Enviando uma mensagem aos governantes de Lisboa assegurando-lhes que faria tudo ao seu alcance para impedir que o sultão Moulay Ahmed Al Mansour recuperasse essas cidades, preservando o seu cristianismo. Na verdade, o monarca espanhol visa a apoderar-se do Portugal.

Maquinações de coincidências

Com a morte do rei de Portugal, o príncipe Gon Enrique, pretendido ao trono, morreu no 1580 . Os exércitos castelhanos cruzaram as fronteiras portuguesas por ordem do rei castelhano, após as ambições do Papa Gregório XIII e outros reis subiram ao trono português; Filipe II de Espanha, empossado como rei de Portugal no ano 1581, após ter jurado perante o Conselho de Cortes, julgando ia “preservar todas as leis, privilégios, costumes e tradições portuguesas em vigor no Reino de Portugal”, permitindo que as guarnições das cidades ultramarinas ocupadas por Portugal permaneçam sob o domínio dos portugueses, e não de outros; uma vez que o Conselho das Cortes portuguesas não concordou em prestar juramento de lealdade a Filipe II sem que ele jurasse não violar os termos da promessa acertada antes 1580.

Assim, Filipe II tornou-se rei da Espanha e de Portugal.

Os governantes portugueses das cidades marroquinas ocupadas nesta altura recusaram-se cumprir a autoridade de Filipe II, recusando –a sua fidelidade, rejeitando a realidade imposta a Portugal

A Espanha intencionou a provocação, quando os marroquinos atacam e sitiam Ceuta e Tânger para libertá-las, enviando seus batalhões a Ceuta “, cujo pretexto é de reforçar a guarnição portuguesa”; facilitando a migração de civis espanhóis da Andaluzia para Ceuta e Tânger. Tornando as duas cidades espanholas e portuguesas casernas dos soldados, com a falta de qualquer objeção por parte dos governantes dominados por Lisboa. Com a implementação da política de cravar o último prego no caixão da ocupação portuguesa de Ceuta, e em preparação para a perda da cidade da ocupação espanhola, a corte espanhola enviou o Conde de Asifestar à cidade sob o pretexto de tomar conhecimento do bem estar de seus habitantes, bem como da "suprema bondade da qual gozam junto a Sua Majestade o Rei."

Numa altura em que Portugal conseguiu recuperar a sua independência após sessenta anos de ocupação espanhola, frustrando todas as tentativas do rei espanhol Felipe IV para eliminar a manifestação e revolta de liberação, os governantes portugueses de Ceuta, Tânger e Mazagão prestaram a fidelidade e lealdade ao novo rei português Juan IV.

E se a declaração de lealdade do governador português de Mazagão a Juan IV passou despercebida sobre os espanhóis, a situação na cidade de Ceuta tornou-se difícil e sangrenta. Os soldados e civis espanhóis sitiam o palácio do governante português de Ceuta (Francisco de Almaida), impondo assim a sua lealdade ao rei espanhol sobre o governante português, detendo os soldados portugueses, ajudando o governante espanhol de Gibraltar. Este último tem respondido ao seu pedido, indo a Ceuta, onde o governante foi detido e expulso junto com os soldados portugueses.

O que aconteceu em Ceuta 1640, foi um “golpe militar através da guarnição militar espanhola, encontrada ilegalmente em Ceuta”, uma flagrante violação das promessas do Felipe II, ao cobiçar o trono do seu sobrinho.

Maquinações do usurpador espanhol

Algumas fontes espanholas consideram que o rei português Juan IV tem sido preocupado com a conspiração arquitetada da Espanha nas cidades de Ceuta e Tânger, motivo do julgamento de quatro dos líderes da conspiração (são Luís de Noronha, Miguel de Meneses, Diego de Brito e Corrêa a França), condenados à morte, e executados. Confiscando os bens dos traidores portugueses, fugitivos da Espanha.

Parece que a Espanha exagera na "pretensão e manutenção” cujos residentes de Ceuta adotam regras, isentando os alimentos procedentes de Ceuta em cumprimento dos direitos aduaneiros e concedendo a Ceuta marroquina, apenas privilégios e outras isenções não concedidas “pelas Próprias cidades espanholas”.

A Espanha, por outro lado, tem dado aos traidores portugueses uma compensação “do confiscado da sua pátria”, a título do complô e do golpe que apoiaram.

Em 1656, o monarca espanhol baixou um decreto, considerando a Ceuta “como uma das cidades dentro das outras cidades da Espanha, encontrada entre as fronteiras da Espanha”. Seus residentes mantidos "como se fossem nascidas na Espanha".

O decreto constitui a melhor resposta às declarações da Espanha. Se Ceuta fosse espanhola, como afirma o vizinho do norte, o monarca espanhol da época não teria dito que a considerava como espanhol".

Dois ladrões brigam ..

A disputa pela cidade de Ceuta entre Portugal e Espanha durou vinte e oito anos, até que o rei Carlos II da Grã-Bretanha conseguiu instar Alfonso VI (rei de Portugal) e Carlos II (rei da Espanha) para concluir um tratado de paz entre os dois países (1668), concordando que a cidade de Ceuta “deve permanecer nas mãos do rei espanhol pelos motivos objeto do debate”.

Na sequência deste acordo, a Rainha Dona Maria, mãe de Carlos II, 1668, dirigiu um decreto 1668 aos habitantes de Ceuta, comunicando-lhes que foi decidido anexar a cidade à Coroa de Castela em resposta aos serviços prestados ao filho. Uma vez que ela tem recusado tal pedido que lhe foi submetido; com vista a representação no Conselho das Cortes, rejeitando tal pedido, constitui uma forte evidência da Espanha não considerar a Ceuta uma cidade espanhola e, portanto, não gozar do mesmo direito de representação no Parlamento, e em relação às outras cidades espanholas. Sendo que Carlos II tem também recusado aos sabatistas empregos exclusivos dos espanhóis, os quais “deixaram a cidade de Ceuta, permanecendo de forma definitiva no solo espanhol”.

Volta do Dono da casa.

O que diz a história e confirmam os documentos.

Trata-se que os reis de Marrocos e os marroquinos sitiaram a cidade de Ceuta por dezenas de vezes ao longo dos três séculos e meio, desde a sua usurpação, sem deixar ao usurpador a oportunidade de ficar sozinho com "o saque". Cujas negociações têm girado em torno de Ceuta (e de sua irmã Melilla).

Segundo o dito árabe: quem quiser mentir, que minta aos mortos, como a Espanha e muitos dos seus dirigentes pretendem, hoje e no passado, considerando a Ceuta como espanhola antes da fundação do Estado marroquino, antes mesmo do início da dinastia dos alauitas!

Os marroquinos, herdeiros da glória imperial, permanecem vivos, sustentando e pensando, não dormiram no passado devido à aflição, nem vão dormir agora?

Vão amadurecendo os frutos de Ceuta e da irmã Melilha .. chega a hora de colher .. pertencendo a seus donos.

A indústria alternativa, o cerco astuto, os golpes dolorosos, e o manto do professor depois de tirá-lo do aluno e respirar longo ... o que é suficiente hoje para fechar os arcos do usurpador, abrindo a porta da liberdade e do direito.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário-Rabat, Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 21/07/2021
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