ÁGUAS BELAS NO SESQUICENTENÁRIO DE SUA EMANCIPAÇÃO

Cidade das mais antigas do interior pernambucano, Águas Belas se conduz para celebrar seu Sesquicentenário, 150 anos de sua emancipação.

Distintas foram as tribos que já habitavam os vales e serras quando surgiu o branco estrangeiro, fruto das missões católicas da época. E o primeiro que se tem noticias nos aponta a um frade do hábito de são Francisco de Assis, um capuchinho francês de prenome José. Foi frei José de Bluerme - ancorando-se no relato de Pereira da Costa - o primeiro estrangeiro que veio viver entre os indígenas das tribos então existentes na terra que mais tarde se convencionaria chamar de Águas Belas, antes, porém, Lagoa do Panema.

Pertencemos ao termo de Santo Antonio de Garanhuns, depois à Vila-Nova de Buíque ou Campos de Buíque e nos emancipamos deste em 1871 no mês junino, aos treze dias.

Tivemos antes a ereção canônica da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, advinda ainda no XVIII sendo tal freguesia regida pelo primeiro vigário José Lopes da Cunha e uma das mais antigas da então diocese de Olinda no interior do Estado e a primeira da diocese de Garanhuns.

Infelizmente o solo águas-belense ‘acolheu’ muitos negros escravizados, açoitados pelos coronéis e seus lacaios, posições ainda presentes travestidas de outras formas congêneres ao trabalho escravo hodiernamente em nosso meio.

Sociologicamente há vários grupos que formam atualmente a sociedade local, destacando-se a nação fulni-ô, da descendência de outros povos indígenas que por aqui passaram em tempos do capuchinho francês supracitado, os quilombolas espalhados em várias localidades da área rural, os ribeirinhos, residentes às margens do Rio Ipanema e os assentados da Reforma Agrária, este grupo mais recentemente incorporado à vida da municipalidade.

Encravada ao pé da Serra do Comunaty Águas Belas sempre foi terra acolhedora e voltada ao progresso. Já nos idos de 1902 a vila de Águas Belas era iluminada pelo posteamento mantido pela Prefeitura Municipal proporcionando luz ao lugar a clarear a noite dos seus habitantes.

Os primeiros registros da chegada de automóveis à cidade são de meados da década de 1930. Talvez tenhamos perdido a linha férrea que chegaria até nós quando da inauguração do trem até Garanhuns em 1887 por pura desavença política da época, fruto da ignorância dos coronéis donos do lugar.

Apesar de a história ser contada partindo da visão de quem manda é necessário lembrar que silvícolas já existiam aqui quando da chegada do invasor João Rodrigues Cardoso, neto de portugueses e opressor dos nativos locais, a quem comandou com mão de ferro, segundo Sanelva de Vasconcelos.

Neste sesquicentenário poderemos refletir acerca de nossa verdadeira História, sem mentiras, subterfúgios, invencionices ou insistindo numa história do vencedor sobre o vencido, do senhor sobre o escravo, do branco sobre o negro, do rico explorando o pobre sem vez nem voz.

Nossa vocação é acolher a todos indistintamente e, apesar dos problemas pelos quais passamos, fruto de concepções políticas ainda arraigadas no colonialismo e fulcrada no mando dos coronéis, importante se faz lembrar que nosso Povo é altivo e forte, testado nas intempéries impostas pelo passar dos anos.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 13/06/2021
Reeditado em 14/06/2021
Código do texto: T7278085
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