O jornalista, este vendedor
Logo que se decidiu pelas "Comunicações Humanas", fez vestibular para Publicidade e Propaganda. Um ano depois decidiu pular para Jornalismo. Achou que não seria um bom vendedor de idéias. Hoje, depois de 20 anos de profissão pensa que o jornalista , mais que tudo, é um grande vendedor. Afinal, tudo começa na escolha da matéria. A partir do momento que é decidido retratar este ou aquele fato e não outro, está focando atenção em um ponto e assim "vendendo" esta informação. Sem contar com os inúmeros desdobramentos que podem advir disto. Por exemplo: se uma determinada matéria é feita sobre trincas em uma ponte. A partir de constatada a veracidade, o governo local pode direcionar equipes, maquinaria, materiais para restaurar a avaria. Isto também implica em movimentação monetária, pois nada é feito sem verbas. Pode ainda gerar um vistoria em várias outras pontes e resultar na produção de mais matéria-prima para realizar os trabalhos. O mesmo pode acontecer sobre uma notícia a respeito de violência. Quanto mais o fato é destacado, aumenta a insegurança da população que passa a consumir artigos e serviços para se sentirem mais seguras. Se uma matéria diz que fazer yoga é bom para emagrecer, dinheiro será deslocado para essa área.
O dificil mesmo foi ver que a ética jornalista muitas vezes não está presente e diante deste poder não direciona seus tiros para o que realmente precisa ser vendido e comprado, para o que pode melhorar a qualidade de vida das pessoas, seu discernimento e suas escolhas.