ARTIGO - O Brasil pelo avesso XI - 18.05.2021 (PRL)
ARTIGO – O Brasil pelo avesso XI – 18.05.2021 (PRL)
Um vício que carrego desde rapazinho é ir dormir ouvindo o velho rádio, utensílio que jamais deixou de fazer parte dos meus bens pessoais, porquanto de real utilidade na vida do dia a dia. A presença das emissoras é imediata em qualquer ato/movimentação da sociedade, de modo geral, diferentemente de outros meios de comunicação; muito embora os avanços nesse setor, quer me parecer que o rádio continuará imbatível. É bem verdade que o “celular” tem sido um instrumento de grande valia nos últimos tempos, mercê da qualidade e potência cada vez maiores dos aparelhos, bem assim os recursos da internet, que aos poucos vão cobrindo quase todo o território nacional.
Pois bem, na madrugada de hoje, a estação que eu estava ouvindo, em face da fraqueza do sinal, ficou fora do ar, fato que me levou a tatear o dial e a verdade é que fui cair noutra emissora também local, em AM, que reproduzia um programa já tradicional sobre política, que fora apresentado na manhã de ontem, ao vivo.
Era um bate-papo bastante animado com pessoas da sociedade, comandado por jornalista tradicional de muita competência. Falavam sobre o Presidente da República, da queda de sua popularidade; das próximas eleições de 2022 e anos anteriores; da CPI da COVID-19; de pesquisas; de inflação, economia, enfim material para todos os gostos. Pareceu-me que participavam quatro entrevistados, sendo impressionante a facilidade que têm de criticar o governo e, ao mesmo tempo, levantar o moral dos opositores para o próximo pleito ao Planalto. Pelo que disseram, segundo entendi, a eleição que se avizinha já estaria perdida por parte do governo... fácil assim e no primeiro turno!
Todavia, um dos entrevistados, em aparte rápido, falara que não era bem assim; que a depender do desempenho da economia e da evolução dos índices de vacinação o jogo ainda não estava perdido, até porque já havia constatado em várias eleições quedas e recuperação da popularidade de candidatos, inclusive do Partido dos Trabalhadores, que continua sendo uma força gigantesca no cenário político nacional.
Considerei pertinente essa intervenção. Vejam bem, essa história de chegar de repente e mostrar o adversário da situação à frente nas pesquisas é possibilidade antiga e bastante conhecida; do mesmo jeito, a de manusear dados de pesquisas em favor desse ou daquele concorrente que vem atrás, e aqui nada estou afirmando, mas o que já ouvi dizer, até porque não sou especialista nessa matéria, não faço opinião pública, assim como nunca fui contatado por instituto algum de pesquisas e nem quero sê-lo.
Na minha opinião sincera, independentemente de quem seja adversário do presidente, porquanto tem tudo às mãos e não vem usando da situação inteiramente favorável a medidas governamentais de rápido e longo alcance. Por exemplo, o auxílio emergencial, que fora reinstituído para os meses de abril/julho deste ano, vem sendo pago com valores pouco significantes para os beneficiários, levando-se em conta os preços das cestas-básicas ditados pelo comércio; depois, fica dando discursos falando mal dos adversários, isso que é faca de dois gumes, eis que satisfaz a alguns, mas desagrada a muitos, mesmo porque estamos ainda longe do pleito; essa coisa de discutir com ministro do STF sobre voto auditável também não é de boa política, pois a Câmara dos Deputados está examinando o pertinente projeto de emenda constitucional; continuar falando em medicamentos ainda não aprovados já cansou, e quando se comprovar a sua eficácia o noticiário cobrirá o mundo todo de informações.
Se me fosse dado o poder a primeira coisa que faria era elevar o auxílio emergencial para R$ 600,00, no mínimo, com efeito retroativo a partir de janeiro/2021, com vigência até dezembro e/ou até quando a pandemia estivesse presente entre nós, fazendo-se o competente acerto da diferença entre o que se está pagando, de sorte que a ajuda pudesse ser mais justa e compatível com as necessidades do povo brasileiro (isso com o apoio do Congresso Nacional); empenhar-me no sentido de conseguir mais vacinas seja aonde for, a fim de imunizar a nossa população, obtendo, inclusive, o compromisso dos países fabricantes no sentido de que as quantidades importadas tenham a mesma boa qualidade das aplicadas em outras nações; envidar esforços – com a ajuda de todos os ministros -- no sentido de pacificar a imprensa, pois “o mal por si se destrói”, além do que poderá estar havendo muitos interesses em jogo (aqui no Recife, por exemplo, quase todas as emissoras de rádio e TV são terminantemente contrárias ao governo atual, e a audiência é muito grande, atingindo os quatro cantos da região nordestina, inclusive, pois, os pequenos agropecuaristas); estudar uma maneira de dar um freio nos aumentos de preços de produtos de primeira necessidade, inclusive de medicamentos, que estão aos olhos da cara, não congelando, mas pugnando por alterar as leis que regem o pagamento de tributos, porquanto nosso país não poderia ter essa variação infernal nos impostos em cada unidade da Federação, até porque na hora do aperto quem fornece o socorro são os cofres federais.
Donde tirar o dinheiro para arcar com essas despesas não se torna necessário dizer que na hora da necessidade sempre aparece a solução ou o remendo adequado.
Há de guardar energias para a época oportuna, e não jogar pesado com tanta antecedência. Um time de futebol, por exemplo, de vez em quando se poupa para pegar o adversário de surpresa, e geralmente essa tática vem dando certo, pois numa competição existem várias etapas, cada qual com os seus fundamentos e propósitos.
Um abraço.
SilvaGusmão
Foto: Inteernet/GOOGLE