O fantasma do Kit Gay
Recentemente, aos 27 de abril, a Carta Capital, em matéria intitulada “Acuado pela CPI, Bolsonaro evoca o ‘kit gay’ e diz que ‘zerou a sexualização nas escolas’”, afirma que houve “omissão do governo de Jair Bolsonaro na pandemia”, ainda alega que o presidente está compelido pelos trabalhos da CPI da Covid-19 e que resgata antigos inimigos, tal como Paulo Freire. O veículo comunista ainda diz que o líder do executivo “lançou mão de uma velha informação falsa” ao referir-se ao Kit Gay.
A prática de impor opiniões como fato e criar narrativas que distorcem a realidade é comum aos adeptos dos ensinamentos marxistas e gramscistas. Gerar espantalhos, ou atacar a honra de opositores quando as ideias que deveriam ser discutidas, é atitude comumente exercida pela mídia no Brasil. Entretanto, diante dessas ilações da velha mídia, apontadas desde o título da matéria, encontramos uma declaração que se constitui em um grande equívoco do presidente Jair Bolsonaro: presidente, infelizmente, a doutrinação e o objetivo de sexualizar as crianças não estão paralisados em nossas escolas.
Antes de tratarmos dos avanços da ideologia de gênero nas escolas, comprovemos que o Kit Gay não é efeito de nenhuma substância alucinógena dada por algum psolista ao presidente (tudo indica que o presidente não aprecia nenhuma das drogas citadas). Não se trata de uma Fake News, como diz a grande mídia ao construir narrativas opostas à realidade. O Kit Gay existiu, foi confeccionado pelo Governo Federal sob a liderança de Dilma Rousseff e com Fernando Haddad no Ministério da Educação. Todavia, ele decorre de um projeto anterior, criado ainda no ano de 2004, no Governo do ex-bandido e ex-presidiário Lula, promovido pelo Ministério da Saúde. O projeto era Brasil sem Homofobia (http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/brasil-sem-homofobia). Segundo documento oficial distribuído na época, seu objetivo era “promover a cidadania de gays, lésbicas, travestis, transgêneros e bissexuais, a partir da equiparação de direitos e do combate à violência e à discriminação homofóbicas”.
As ações do Brasil sem Homofobia, segundo o site Nova Escola, “enfatizaria a formação de educadores para tratar questões relacionadas ao gênero e à sexualidade”. Surge, em decorrência, o Escola sem Homofobia, popularmente conhecida como Kit Gay. Embora explicite os objetivos de combater a homofobia, o projeto era eivado pela ideologia de gênero, cujos teóricos abarcam a tese de que os comportamentos e papéis masculinos e femininos não são inatos, biológicos, mas sim, imposições sociais. Na página 26 do Escola sem Homofobia, no tópico que trata sobre identidade de gênero, o documento afirma que “não é pelo simples fato de possuirmos genitais de um ou de outro sexo que automaticamente nos identificamos como pertencentes a este ou àquele. Somos seres sociais, de modo que vivemos imersos numa cultura que nos guia por meio de linguagens, regras, costumes, valores e sentimentos aprendidos”. Entretanto, os únicos valores que eles consideram são os que militam em suas defesas, haja vista, o fato de o documento atacar a moral e a concepção social e religiosa da maioria dos brasileiros.
Continua, “As identidades de gênero são, portanto, as maneiras – sempre diversas entre si – que o indivíduo tem de se sentir e de se apresentar para si e para os demais na condição de mulher ou de homem ou, em muitos casos, como uma mescla de ambos, sem que se possa inferir desse processo uma conexão direta e inescapável com o sexo biológico”. E como se ainda não concebesse claramente, profere: “Se permanecermos presos a uma visão que insiste na ideia de dois sexos mutuamente exclusivos e incomunicáveis, sem criticá-la, não há como fugir do raciocínio de que toda pessoa que nasceu com um pênis ou com uma vagina se comportará como homem ou como mulher, respectivamente.” Uma ação estapafúrdia e completamente homofóbica é indicada a quem discorde minimamente dessas anedotas.
Além de acessar esse documento aqui (https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/bGjtqbyAxV88KSj5FGExAhHNjzPvYs2V8ZuQd3TMGj2hHeySJ6cuAr5ggvfw/escola-sem-homofobia-mec.pdf), é possível comprovar que sua existência não apenas foi real, mas também provocou indignação de bancadas importantes no Congresso, a ponto de a presidente Dilma vetá-lo. Em Matéria do Estadão, de 25 de maio de 2011, podemos ler que “os deputados Anthony Garotinho (PR-RJ), Ronaldo Fonseca (PR-DF), e o líder do PR na Câmara, Lincon Portela (MG) consideraram que o material se tratava de uma “apologia ao homossexualismo”. Disseram que “trazia cenas e desenhos de sexo anal e oral”, com “uma didática muito agressiva” e se mostraram “preocupados com a maneira virulenta com que esse material está sendo apresentado”.
A semelhança de tantos veículos de comunicação o grupo UOL também noticiou:
Além do documento direcionado aos “gestoras/es, professoras/es e demais profissionais da educação” o kit apresentava textos, vídeos, dinâmicas e atividades para os estudantes. O material não se tratava meramente de conscientizar com a finalidade de reduzir a violência contra os grupos LGBTQ (rstuvwxyz+ ao infinito e além), mas de enfaticamente implantar as transloucadas teses da ideologia de gênero. Alguns vídeos que compõem o Kit podem ser acessados aqui (https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/02/11/vetado-por-bancada-religiosa-escola-sem-homofobia-e-disponibilizado-na-rede/). Eles abordam situações como a insinuação de relações sexuais entre dois meninos, fala sobre o troca-troca comum entre dois meninos que desejam conhecer o próprio corpo e o do outro e as maiores probabilidades de ser “feliz” para quem é bissexual. Atenção ao fato de que esse material poderia ser exibido a partir de ensino Fundamental (6ª a 9ª), bem como para os alunos do Ensino Médio.
André Lázaro, secretário executivo do Ministério da Educação, à época, fez declarações esdrúxulas que chocou o país (https://recordtv.r7.com/jornal-da-record/videos/comentario-de-ex-secretario-do-mec-sobre-kit-gay-causa-indignacao-06102018), “Vale a pena contar a seguinte história: uma dificuldade que tivemos diz respeito a um dos materiais didáticos, um filme, que trazia um beijo na boca [...] Um beijo lésbico na boca. Ficamos três meses discutindo até onde entrava a língua. (Risos.)”. Certamente essa discussão era-lhes superior ao estudo para desenvolver estratégias a fim de reduzir o analfabetismo e o analfabetismo funcional no país, afinal, conversar sobre um beijo lésbico deve-lhes ser mais prazeroso.
Após a pressão das bancadas e da indignação da população brasileira a respeito do Kit Gay, restou ao governo vetá-lo para evitar maiores desgastes. Aguardava-se que seu veto contivesse o avanço dessas teses nas escolas do país. Todavia, não foi bem isso que ocorreu. Apesar de o Brasil ter excluído essas teses de seu Plano Nacional de Educação, bem como dos Planos estaduais e municipais, a implantação da ideologia de gênero segue firme em seu propósito. O fato é que para tornar-se mais palatável a ideologia de gênero carrega, à priori, a bandeira da defesa das mulheres e só após conquistar algum terreno, revela o que anseia. Berenice Bento, militante feminista brasileira diz claramente que a mulher “é um símbolo, e como todo símbolo é unitário, é impositivo, mas a gente usa esse símbolo, mulher, para construir uma agenda unificada de luta e a partir daí avançar em uma determinada agenda”. Nas palavras de Judith Butler “Rigorosamente falando, não se pode dizer que exista uma mulher” [...] “As mulheres são mulheres porque posam como se fossem”.
No livro Le Corpo Lesbien, Monique Wittig afirmar que “Gênero não se trata da defesa de mulheres ou mesmo de lésbicas, mas da quebra da hegemonia heterossexual”. A intenção é primeiramente alterar a opinião das pessoas, dar a elas um novo discurso, intimidá-las ao ponto de não se sentirem à vontade para professar o que pensam e se envergonharem de ser quem são. Afinal, você pode ser quem quiser ser, desde que seja o que eles querem que você seja. Mas se acaso sua “identidade de gênero” coincidir com seu sexo biológico, e, sua orientação sexual corresponder à heterossexualidade, estará provado que você está subjulgado às construções e imposições sociais e ainda não encontrou sua verdadeira identidade. Na realidade, tudo indica que suas mentes são terrenos férteis para o crescimento de substâncias alucinógenas e as produzem em grande escala.
O kit Gay não foi amplamente distribuído por todo o país, mas os companheiros aguerridos constituíram um forte exército que tem criado livros, filmes, novelas, músicas, novos ídolos artísticos, livros didáticos, conselhos LGBTs, banheiros unissex, promovido formações para professores, núcleos de gêneros dentro das escolas, dinâmicas, destruição da língua com a implantação da “linguagem neutra”, entre tantos outros meios pelos quais alunos e a população em geral têm tido acesso às teorias de gênero. Não por acaso, até mesmo algumas igrejas cristãs já utilizam de forma redundante o todos e todas e irmãos e irmães, introdução para o todes e irmês.
Essa insanidade não recuou, mas encontrou novas estratégias, inclusive a de negar sua existência para a população. Dizer que as crianças estão protegidas porque o Governo Federal não impõe políticas de gênero como antes é um erro grave. Dizer que não há mais sexualização nas escolas auxilia o avanço dessa pauta e reforça o discurso deles de negarem que nossos filhos estão em perigo, pois estão. Os livros didáticos abordam sutilmente novos perfis familiares, apresentam majoritariamente artistas e pesquisadores de viés de esquerda, impõe divisões de classes, apresentam o feminismo com ares belos e as políticas raciais repletas de engodos. Há muito que fazer e realmente não é fácil, porém, dentre as muitas medidas para mitigar a IG está as alterações no Plano Nacional de Direitos Humanos 3, aprovação de lei específica que proíba a ideologia de gênero nas escolas, inclusive do Escola Sem Partido, mudanças na grade curricular, sobretudo no Ensino Superior, bem como no Exame Nacional do Ensino Médio e valorização de nosso idioma e da alta cultura.