ALIMENTOS ORGÂNICOS?
ALIMENTOS ORGÂNICOS?
Acadêmico Pedro Antônio Corrêa
Embora eu não seja muito certinho nas minhas atitudes nem no meu falar, reprovo certas expressões errôneas, por todos acatadas sem contestação, como é o caso de “alimentos orgânicos”, que se lê em plaquinhas junto a frutas e verduras nos mercados.
Quando professor de Ciências Naturais – com registro no MEC –, eu ensinava aos meus alunos, que, exceto o sal e a água, todos os demais alimentos são orgânicos e, para poderem ser absorvidos por nosso organismo – ou de qualquer animal –, precisam ser metabolizados, isto é, ser decompostos no interior das células, para a liberação dos nutrientes e a produção de calor e manutenção da temperatura do nosso corpo.
A carne, o ovo, o leite, a banha, o azeite, as frutas, os cereais, os legumes etc. são orgânicos, por terem sido organismos vivos ou por estes produzidos.
“Ah, mas dizer que tal alimento é orgânico não tem a mínima importância; é só uma questão de linguagem, um modo de falar que em nada afeta os alimentos”, muitos poderão dizer.
Concordo que chamar de ‘orgânicos’ em
nada afeta a qualidade dos alimentos cultivados
sem agrotóxicos, mas está se fazendo uma substituição da causa pelo efeito; o esterco usado no cultivo do tal ‘alimento orgânico’ é que foi orgânico ou livre de agrotóxicos. Não seria mais correto e honesto dizer ou escrever a verdade por inteiro nas plaquinhas: “sem agrotóxicos”, “cultivados com esterco animal” ou ainda “produzidos com nutrientes orgânicos”?
A menos que também não se dê importância aos pleonasmos, as redundâncias no falar: ‘subir pra cima’, ‘descer pra baixo’, ‘entrar pra dentro’ etc, pois se frutas e verduras são comercializadas como alimentos, são ipso facto orgânicas, independentemente de terem agrotóxicos ou não, conforme ficou dito em linhas anteriores. Portanto, a classificação ‘alimento orgânico’ é um pleonasmo.
As autoridades sanitárias exigem que se especifiquem os ingredientes até dos alimentos caseiros destinados à comercialização. Por que não se alertam também para esta falha?
É de se estranhar, ainda, que não haja contestação alguma por parte de biólogos nem de pessoas ou empresas ligadas à confecção e oferta de alimentos, quais sejam os/as nutricionistas, os restaurantes, as indústrias alimentícias e outras, que aceitam mansamente tal classificação esdrúxula, ora contestada.